Denarc prende distribuidor de “foguetinhos” para traficantes

A embalagem utilizada para exame de sangue, os eppendorfs, passou a ser usada por traficantes para embalar cocaína

seg, 23/04/2007 - 20h12 | Do Portal do Governo

Depois de uma investigação de três meses, o Denarc (Departamento de Investigação sobre Narcóticos) prendeu, na última sexta, dia 20, o maior distribuidor de “foguetinhos” (eppendorfs), a nova embalagem utilizada por traficantes de cocaína e que, originalmente, é usada em exames de sangue.

O acusado D.S.G., de 43 anos, técnico de laboratório e funcionário público da Universidade Federal de São Paulo há trinta anos, usava o número de registro do Amparo Maternal, simulando ser empregado da instituição, para comprar os eppendorfs e repassá-los ao tráfico.

“Os traficantes estão se modernizando e descobrir essas novas técnicas faz parte das investigações, porque o combate ao tráfico não está só na apreensão da droga, mas também nos meios usados para escoar essa produção”, afirma o delegado Wuppslander Ferreira Netto, do Setor de Investigações Especiais da Diap (Divisão de Inteligência do Dernac).

Mais de 200 mil unidades aos traficantes

A prisão do técnico de laboratório faz parte de um ciclo de investigações do departamento. Segundo os dados citados pelo delegado, o suspeito já vendia os tubos há seis meses e repassava, em média, 40 mil por mês, o que totaliza cerca de 240 mil unidades enviadas para os traficantes. Isso representa 200 quilos de cocaína no mercado do tráfico. Nessa linha estão doze traficantes, sendo que cinco deles já foram identificados.

Uma dessas pessoas é uma mulher encontrada com 800 pedras de crack e 200 tubos de eppendorfs já cheios de cocaína. Ela serviu de ponte para a investigação. “Fizemos a ramificação e descobrimos que entre os traficantes existia um elo que fornecia o material para a embalagem”, diz Netto.

A Polícia descobriu que D.S.G. se passava por funcionário da casa Amparo Maternal e buscava pessoalmente os eppendorfs na empresa que comercializa produtos para laboratório. Na última sexta, ele levou mais de nove mil unidades e foi preso em casa, na Cidade Ademar, Zona Sul da capital, onde as equipes do Denarc apreenderam o material. Foram 39 mil “foguetinhos”, mil deles já tinham sido repassados. Ele foi encaminhado para a sede do departamento e será indiciado por associação ao tráfico e preparação e transformação de drogas, podendo pegar de três a dez anos por cada crime.

O acusado, que recebe R$ 1.800 no cargo público federal, disse que no início dos negócios recebia dinheiro dos traficantes para comprar o produto, mas depois já garantia com dinheiro próprio. Ele afirmou que foi usuário de maconha e havia descoberto em um ponto de venda de drogas a demanda pelos “foguetinhos”.

Mais droga embalada em menos tempo

A idéia da venda surgiu, segundo D.S.G., porque tinha fácil acesso a documentos no hospital em que trabalhava e usaria os números de registro de empresas relacionadas ao hospital para fazer as compras, além de ter mercado garantido para os tubos. Segundo o delegado, nessa nova modalidade a produção da droga é controlada e o volume manuseado pelos traficantes é maior porque eles conseguem embalar cinco unidades no mesmo tempo que acondicionavam somente uma no modelo antigo.

A novidade na venda de drogas começou no interior de São Paulo, há cerca de um ano, e essa foi a primeira apreensão desse tipo de embalagem pelo Denarc. O objetivo, segundo Wuppslander Ferreira Netto, é tecer novas investigações na medida em que o departamento agora conhece uma nova fração do tráfico, tanto nas operações das quadrilhas quanto das pontes que formam o mercado de drogas.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança Pública

(R.A.)

(R.A.)