Delegado de Paulínia descobre como atua a máfia do combustível

A Polícia Civil de Paulínia apreendeu 160 mil litros de produto ilegal, em apenas duas semanas

qui, 26/04/2007 - 19h20 | Do Portal do Governo

Em 1993, o precursor da máfia dos combustíveis – um grupo que adultera o produto ou o vende com notas frias – foi preso antes de finalizar a construção de uma das maiores distribuidoras de petróleo do Brasil, a Petroforte Brasileiro Petróleo. O responsável pela incriminação do poderoso Ari Natalino da Silva foi o delegado titular da Delegacia de Paulínia (126 km a noroeste da capital), Tadeu Brito de Almeida. “O problema é que ele foi liberado cinco dias depois”, lembra o delegado.

Quatorze anos se passaram, o grupo Petroforte, do auge foi para a falência, mas a máfia não parou de crescer. Enquanto isso, Brito continua seu ofício no maior centro de distribuição de combustível do País, convicto das posições que tem assumido. Exemplo desse trabalho é a apreensão de 160 mil litros de gasolina e álcool ilegal durante as duas últimas semanas em Paulínia.

Novo modus operandi

“Hoje, os donos das refinarias, os revendedores e os distribuidores não dão mais golpes paralelos, são todos coniventes”, argumenta Tadeu Brito. Segundo ele, a máfia dos combustíveis opera unida. Caso um desses empresários descubra que o combustível recebido está adulterado, ele tem o dever de informar à Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Esse comprometimento existe desde 31 de outubro do ano 2000, quando entrou em vigor a Portaria nº 248 da ANP. Ela obriga os donos de postos a sempre coletarem uma amostra do combustível recebido para analisá-lo. Se qualquer irregularidade for encontrada, é necessário que o comerciante recuse o produto, devendo comunicar à ANP em até 48 horas. “Não tem como o esquema da máfia ter sucesso se não houver um acordo com o revendedor”, diz Brito.

A repressão também pode ser feita em equipe

A experiência de 14 anos leva o delegado Tadeu Brito a rodar pelo Brasil como palestrante em eventos promovidos pela Polícia, Ministério Público, empresários e muitos outros órgãos interessados na repressão ao crime organizado. Toda a experiência do delegado no combate à máfia em Paulínia faz com que assuma uma posição determinada. Para ele, a repressão terá um sucesso maior quando Polícia, ANP e Secretaria da Fazenda trabalharem em conjunto. O delegado entende que, se durante o flagrante estiverem com a polícia um perito e um fiscal de cada uma dessas instituições, a prisão dos criminosos acontecerá muito mais rapidamente.

160 mil litros apreendidos em duas semanas

No início do mês passado, a equipe comandada por Brito concluiu uma operação que conseguiu apreender quatro carretas contendo, no total, 160 mil litros de álcool, gasolina e solvente irregulares. Além dos produtos, R$ 80 mil em notas frias chegaram ao poder da Polícia Civil de Paulínia. Segundo o delegado, constam nos documentos falsos os nomes de quatro distribuidoras e duas transportadoras da cidade. “O número de empresas operando ilegalmente é muito maior”, acredita o delegado.

Paulínia abriga a maior refinaria de petróleo do país, a Replan (Refinaria do Planalto Paulista), de onde saem dois terços de todo o combustível brasileiro. A empresa propiciou o surgimento de mais de 60 grupos de distribuição do produto. “Dentro da máfia dos combustíveis, atuam hoje até as distribuidoras regularizadas”, conta Brito.

A grande apreensão das últimas semanas não rendeu a prisão de nenhum culpado. Para o delegado, as investigações não têm fim, mas pode existir um aprimoramento. “Eu estou com mais ou menos 200 inquéritos em andamento aqui em Paulínia, mas é possível alcançar melhores resultados e diminuir esse número com o trabalho conjunto de todas as instituições envolvidas”.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança Pública

(R.A.)