De forma poética, artistas produzem xilogravuras sobre as linhas da CPTM

Observação atenta e “estudo poético” do cotidiano e da história das seis linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) renderam às artistas plásticas Cleiri Cardoso e Yili Rojas material […]

sex, 22/06/2007 - 11h09 | Do Portal do Governo

Observação atenta e “estudo poético” do cotidiano e da história das seis linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) renderam às artistas plásticas Cleiri Cardoso e Yili Rojas material suficiente para produzir xilogravuras, poesias e contos sobre as ferrovias paulistas. O projeto, chamado Cidade Expandida, teve apoio financeiro (R$ 30 mil) do Programa de Ação Cultural (PAC) da Secretaria de Estado da Cultura.

A pesquisa sobre a ferrovia começou em janeiro e se estendeu até junho. A dupla viajou pelos 253,2 quilômetros das linhas dos trens fotografando, anotando e desenhando o que via. O roteiro incluiu consultas em sites, informativos da CPTM, mapas e cartografias da rede, conversas informais com usuários, além de visitas a pátios e áreas internas da ferrovia, espaços desconhecidos dos usuários.

As artistas chamam essa investigação de “imersão”, pois o estudo é “poético” e não segue regras. “Não somos jornalistas. A pesquisa sem foco histórico enriquece nossa produção artística”, informa a paranaense Cleiri. Da “imersão”, resultaram imagens de pessoas, trilhos, recortes da arquitetura de estações e outros desenhos transformados em xilogravuras – técnica para fazer gravuras em relevo sobre madeira.

As xilogravuras de grandes formatos (algumas chegam a 10 metros de comprimento) estão expostas em quatro estações da CPTM: Luz, Lapa A, Guaianases e Amador Bueno.

Poesia e contos – Cleiri disse que escolheu o tema ferrovia para a arte porque a rede mostra as faces da cidade e diferenças entre a região central e a periferia: “Em uma hora de viagem, o espaço físico e o entorno se modificam completamente. A cidade de São Paulo que imaginamos é diferente da que vemos quando viajamos nos trens da rede”.

Já a colombiana Yili, além de produzir as xilogravuras com a parceira, escreve poemas e contos sobre o repertório do trem. Amostras do trabalho da dupla foram compiladas em pequeno fôlder, distribuído aos usuários durante a afixação da xilogravura nas estações da rede.

A Casa do Eletricista, na Lapa, zona oeste, cede espaço para o ateliê das artistas. Desde 1986, o prédio, sob a coordenação do Núcleo Cultural Casa das Caldeiras, é tombado pelo patrimônio histórico.

Na manhã de 18 de junho, as artistas coloriam as paredes da estação Guaianases, em que circulam 40 mil passageiros por dia. Colaram a xilogravura de 7 metros de comprimento por um de altura, que retrata a ferrovia inglesa São Paulo Railway.

Preocupadas em não danificar a parede da estação, usam cola à base de metilcelulose, que facilita a remoção da colagem e a limpeza do espaço.

A pequena Cecília, de 4 anos, filha de Cleiri Cardoso, também ajudava. Sem inibição, abordava quem passava no espaço para entregar fôlderes.

“Não conhecia a xilogravura. É algo novo para nós que moramos no extremo da cidade. Sugiro que nos tragam outras novidades”, comenta a funcionária pública Maria Rosita Borges Rego, 40 anos, moradora de Guaianases.

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Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial