Numa sala, os alunos esbanjavam criatividade e transformavam artigos de papelaria e tecidos em variadas feições de bonecos para o carnaval. Em outro espaço do Museu da Língua Portuguesa, o ritmo conduzido pelo ator Caco Mattos era para construir Jogos a partir de textos literários. A atividade empolgou muitos alunos, todos jovens.
Mattos, o ministrante do curso, denomina sua profissão como artista-orientador. Suas aulas começaram dia 21 e terminam no final do mês.
O ator escolheu textos do francês Jacques Prevert e da brasileira Clarice Lispector. “A idéia é trabalhar as diferentes possibilidades de exploração das obras para que ampliemos o sexto sentido dos alunos e a leitura se torne mais lúdica”.
Descalços, os participantes mexem o corpo de maneira desalinhada. São convidados a criar expressões corporais, gestuais, vocais e verbais que depois são chamadas de “esculturas”. Ele incentiva cada um a nomear sua própria peça. Da imaginação, saíram nomes nada convencionais: Ogro, Mona Lisa, Morte, Sofrer, Salsichão e por aí vai. As técnicas são extraídas da prática do teatro.
“Inscrevi-me para essa atividade porque ministro curso de Comunicação e quero diversificar minha palestra. Está bem legal e vejo procedimentos que desconhecia”, analisa a pedagoga de 30 anos Regiane da Costa Menezes.
Juliana Santos, 21, cursa o 3º ano de Letras e é orientadora no Museu da Língua Portuguesa. No seu ponto de vista, a aula é bem interessante porque aborda o mundo das idéias, o corpo e as inúmeras possibilidades de construção criativa a partir das palavras.
O único homem da turma, Benedito de Oliveira Santos Júnior, professor de Geografia e Sociologia, mora em Itapecerica da Serra. Diz que algumas vezes fica constrangido porque certos jogos exigem a percepção do olhar e pensamentos subliminares diante do grupo. “Mas supero bem esse obstáculo porque fiz curso de teatro”, sustenta. Ele avalia que o curso é muito bom, porque é uma oportunidade de praticar a consciência do corpo associado ao texto.
