Curativo com alto poder cicatrizante é feito da proteína do abacaxi

Na forma de emplasto ou gel, produto potencializa cicatrização de ferimentos, queimaduras e até de feridas ulcerativas

qui, 12/07/2018 - 21h24 | Do Portal do Governo

Um curativo à base de abacaxi faz parte de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Sorocaba (Uniso) e da Unicamp. Os efeitos anti-inflamatórios encontrados em uma proteína da fruta podem ser utilizados para a cicatrização de ferimentos, queimaduras e até feridas ulcerativas.

Na forma de emplasto ou gel, o produto é resultado de uma série de testes feitos em laboratórios que submergiram membranas de nanocelulose bacteriana por 24h em solução de bromelina, a proteína do abacaxi. O resultado foi um aumento de nove vezes na atividade antimicrobiana da substância.

“Quem tem ferimentos graves sabe muito bem a diferença que faz um bom curativo. Ele precisa criar uma barreira contra microrganismos, evitando contaminações, e também ser capaz de propiciar atividade antioxidante para diminuir o processo inflamatório de células mortas e pus”, comenta Angela Faustino Jozala, coordenadora do Laboratório de Microbiologia Industrial e Processos Fermentativos (LaMInFe) da Uniso e uma das autoras do artigo.

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o trabalho também descobriu que os testes com a bromelina apresentam um aumento de antioxidantes e da vascularização.

“Uma pele não íntegra tem como maior problema a contaminação. O paciente fica suscetível a ter uma infecção seja em casos de queimaduras, ferimentos ou feridas ulcerativas. A bromelina cria essa barreira tão importante”, explica Jozala.

Atualmente, a proteína do abacaxi é usada como amaciante de carne e sua propriedade de quebra de proteínas é objeto de interesse da indústria farmacêutica. Com a nanocelulose bacteriana, o curativo auxilia no tratamento de lesões ulcerativas, pois alivia a dor, protege contra infecções bacterianas e contribui no processo de regeneração do tecido.

Tanto a produção de bromelina como de nanocelulose bacteriana – e a parte de purificação das substâncias – tiveram o custo barateado pelo fato de utilizarem resíduos e sobras da indústria alimentícia, como cascas de abacaxi de empresas que produzem polpa de fruta. Agora os pesquisadores buscam criar parcerias e despertar o interesse de empresas para a produção em larga escala do novo curativo.