Um Barbeiro de Sevilha inédito

Composta 34 anos antes da obra homônima de Rossini, a ópera de Giovanni Paisiello terá seis apresentações em São Paulo, no Theatro São Pedro

qui, 20/09/2012 - 10h21 | Do Portal do Governo

A ópera O Barbeiro de Sevilha (Il barbiere di Siviglia), de Giovanni Paisiello (1740-1816), estreia nesta sexta-feira, no Theatro São Pedro. Inédita no Brasil, a obra foi escrita em 1782 – 34 anos antes da ópera homônima, de Gioacchino Rossini, que veio a se tornar a mais conhecida em todo o mundo. Baseada na peça teatral do dramaturgo francês Pierre Beaumarchais, a montagem de Paisiello foi composta e encenada originalmente na Rússia para a czarina Catherine II, por quem Paisiello havia sido convidado para ser mestre de capela em São Petersburgo. O compositor tornou-se então muito popular em seu tempo, sendo considerado um dos mais famosos do período clássico, autor de mais de 80 óperas.

A estreia brasileira contará com o brilho da direção de dois artistas italianos consagrados: Enzo Dara, um dos mais talentosos baixos-bufo do nosso tempo, com mais de cinquenta anos de carreira como cantor e diretor de cena; e o maestro Sergio Monterisi, que faz a direção musical e já se apresentou em mais de 150 concertos como solista de piano, fundador do Festival de Ópera de Bitonto e regente assistente na Ópera de Nice, na França.

Entendendo Paisiello
Juntamente com os cantores Manuel Alvarez, Artemisa Repa, Luciano Botelho, Alessio Potestio e Carlos Eduardo Marcos, os dois diretores prometem ao público do São Pedro toda a qualidade que caracteriza a música de Paisiello. Durante as apresentações, será possível desfrutar de uma ópera vibrante, de comicidade irresistível e delicadeza impressionante, com elegância, leveza e muita graça.

Um dos grandes diferenciais da montagem de Paisiello para O Barbeiro de Sevilha é que, tendo ele composto a ópera para a corte russa (onde muitos não entendiam o italiano), ele soube tornar sua música tão expressiva, que qualquer dificuldade no entendimento do livreto acabou compensada. Para tanto, o compositor reforçou a caracterização, coloriu ricamente a orquestra e inventou melodias extremamente expressivas.

“Essa montagem é algo muito interessante. É uma ópera bela, refinada, original e com uma música belíssima. Uma bufa extraordinária, com base na comédia de Beuamarchais, e que, de certa forma, foi morta pela montagem posterior de Rossini. Paisiello não merecia isso”, ressalta o diretor Enzo Dara.

Outro espírito
Dara ensina que para apreciar bem a ópera de Paisiello é preciso romper quaisquer vínculos com a obra de Rossini. “Rossini e Wagner foram gênios musicais dos anos 1800. A ópera de Paisiello é de 1700 e guarda inspirações de Mozart e Domenico Cimarosa. Tem que esquecer Rossini!”, reafirma.

Dara acrescenta que deixar de lado completamente ‘o outro Barbeiro’ é justamente seu grande desafio como diretor cênico. “Embora a história seja baseada na mesma comédia, o espírito é outro, e bem diferente”.

Se na noite de estreia no Teatro Imperial de São Petersburgo a ópera foi um grande sucesso, e depois acolhida triunfalmente em cada teatro por onde passou, de Viena a New Orleans, é de se esperar que o Theatro São Pedro, onde o público frequentador cresce a cada dia, estará com todos os seus lugares ocupados. “É uma grande honra que o diretor do Theatro de São Pedro tenha escolhido a montagem dessa ópera, uma verdadeira homenagem a Paisiello”, finaliza Dara.

Da Agência Imprensa Oficial