Caminhos abertos pela música

Orquestra Sinfônica do Projeto Guri estreia no Masp, sob a regência do maestro George Stelluto, residente da Juilliard School de Nova York

sex, 20/07/2012 - 9h38 | Do Portal do Governo

Quase 400 pessoas prestigiaram o concerto de estreia da Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil do Guri na noite da última quarta-feira, no grande auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A apresentação teve participação especial de George Stelluto, maestro residente da Juilliard School, renomado conservatório musical de Nova York. No repertório, Finlândia, de Jean Sibelius, Suíte Arlesiana nº 2, de Georges Bizet, e Sinfonia nº 1, de Ludwig van Beethoven. Formada em 2011, a Orquestra Sinfônica do Guri é composta por crianças e adolescentes de 13 a 18 anos, selecionados entre os alunos de diversos polos, e constitui um dos sete grupos infantis e juvenis do projeto.

Durante duas semanas, Stelluto conduziu de forma intensiva os ensaios com os 60 integrantes da orquestra para o concerto de estreia. Reconhecido pela crítica internacional, o maestro,  que também é diretor musical da Peoria Symphony Orchestra, esteve à frente de orquestras e grupos de câmara em diversos países, como Alemanha, Romênia, Ucrânia, Equador, entre outros. Graduado em violino pela Universidade de West Virginia, é mestre no mesmo instrumento e em regência pela Escola de Música de Yale. Teve aulas com os maestros Otto-Werner Mueller e Eleazar de Carvalho. 

Para Stelluto, o desafio de trabalhar com músicos muito jovens, com pouca experiência, e que nunca tocaram em uma orquestra foi compensado pela grande vontade de aprender revelada pelos alunos. “Tudo ficou mais fácil quando percebi que esses garotos têm mente aberta e gostam de trabalhar duro”, afirmou Stelluto, que compara uma orquestra a uma pequena sociedade: “Cada um aprende um pouco sobre si mesmo e também sobre a importância dos outros. Cada trabalho é importante, e juntos todos fazem essa sociedade funcionar”.

Dois idiomas, uma referência

Durante todos os ensaios, maestro e alunos contaram com a ajuda de um intérprete que traduziu os ensinamentos do mestre e as dúvidas dos alunos. Mas para Stelluto, a diferença da linguagem nem teve grande importância. “Nossa comunicação fluiu bem, pois eles e eu temos em comum um ponto de referência: a música”.

Mais do que o aprendizado, o convívio com Stelluto despertou nos jovens a vontade de crescer cada vez mais e expandir os horizontes da música. Nervoso, minutos antes da apresentação, o trombonista Caio Bonfim, 15 anos, afirma que a experiência foi muito enriquecedora, e que o mestre não descansava enquanto não chegasse à perfeição. “Ele nos pedia umas coisas um pouco difíceis, que achávamos que nunca iríamos conseguir fazer. Repetia um mesmo trecho inúmeras vezes, até que acertássemos. Foi muito paciente conosco e transmitiu uma positividade imensa”, ressalta o aluno do Polo Jambeiro. Valcimara Inácio Monteiro, 16 anos, do Polo Cidade Tiradentes, confirma: “Nestas duas semanas, aprendemos um conteúdo que talvez só conseguiríamos assimilar em três meses. Ele nos trouxe muito conhecimento”. Aline Fraga, 16 anos, do Polo Cidade Dutra, alimenta um sonho recente: viajar muito, estudar com professores de outros países e tocar em uma orquestra internacional.

Parceria de sucesso

A participação de Stelluto nas atividades da orquestra do Guri integra parceria que já dura três anos entre a Juilliard Schooll e a Santa Marcelina Cultura, organização social responsável pela gestão do Guri nos polos da capital e Grande São Paulo.

O diretor artístico-pedagógico da Santa Marcelina Cultura, Paulo Zuben, ressalta a importância de intercâmbio entre culturas para a formação do músico. “A Juilliard é uma escola de referência no mundo, com nível de formação artística muito alto. E isso para nós é um grande exemplo, uma meta a ser perseguida no futuro. O que queremos é oferecer aos alunos, desde o início, o melhor ensino de música possível, razão pela qual fomos procurar as principais instituições do Brasil e do exterior.

Em três anos, a parceria com a renomada escola de música de Nova York rendeu, além de treinamento para os integrantes da orquestra, capacitações para os professores do Guri e aulas para os alunos da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp Tom Jobim), centro de formação musical avançado que recebe, por meio de processo seletivo, alunos que tocam instrumentos e que tenham nível de conhecimento mais elevado.

Com esses alunos, os profissionais da Juilliard trabalharam de forma mais individualizada, preparando aqueles que desejam estudar em uma universidade ou mesmo seguir profissionalmente a carreira musical. “Esses profissionais nos trazem experiên cia de ensino e gestão educacional muito grande. Procuramos trazer esses profissionais, muitos considerados referência no mundo da música erudita e mesmo do jazz, para conviver com nossa equipe, conhecer a nossa realidade e as dificuldades com as quais trabalhamos”, afirma Zuben.

O próximo passo, de acordo com ele, é ampliar a parceria para que, no futuro, seja possível criar mecanismos de auxilio para a preparação dos alunos que queiram participar de audições em instituições musicais do exterior. É um processo longo, mas o importante é dar um ponto de referência aos jovens e mostrar-lhes um caminho”, declara. 

Da Agência Imprensa Oficial