Cultura: Roger Chartier destaca êxito das editoras universitárias na Bienal

Historiador francês ressalta o potencial intelectual das universidades brasileiras

dom, 27/05/2001 - 12h01 | Do Portal do Governo

O Estande das Editoras Universitárias foi um grande êxito e a principal novidade da X Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O historiador francês Roger Chartier, especialista na história do livro, por exemplo, observou que, diferente dos outros espaços, que ofereceram principalmente obras de ficção, as editoras universitárias estão divulgando a pesquisa e a investigação científicas de forma abrangente.

Isto, na opinião dele, seria um reflexo do potencial intelectual das universidades brasileiras. Chartier notou a variedade de títulos oferecidos e sua exposição democrática ao público, destacando o trabalho das editoras da Universidade Federal do Pará,do Rio Grande do Sul, de Juiz de Fora, do Rio deJaneiro e, principalmente, de São Paulo.

No ano passado, a Editora da Unesp e a Imprensa Oficial de São Paulo publicaram o livro de Chartier ‘A aventura do livro – do leitor ao navegador’. Localizado na entrada do Pavilhão Verde, o Estande das Editoras Universitárias é o maior da Bienal. Tem 800 metros quadrados de área e abriga 54 editoras, entre públicas e privadas, de todo o País.

Este é o segundo ano que elas se apresentam unidas. Na 16ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no ano passado, elas também foram a maior atração. O espaço das universidades, desde então, vem sendo coordenado pela Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu) e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, cuja meta editorial para este ano inclui 120 co-edições de um total de 420 títulos a serem publicados.

O professor Plínio Martins Filho, presidente da Editora da USP (Edusp), não tem dúvidas de que o estande é o mais interessante de toda a Bienal,sobretudo, porque concentra toda a produção acadêmica, facilitando o acesso às obras. Até então, geralmente por problemas de distribuição, elas não conseguiam sair dos campi universitários.

Para as tais editoras, mais importante até que volume de vendas, são as possibilidades de negócios abertas pela Feira. Segundo Alexandre Lima, diretor de Editora da UnB, a apresentação coletiva das editoras universitárias é uma idéia que já deu certo em SãoPaulo e no Rio, mas precisa ser aperfeiçoada para que elas se tornem cada vez mais fortes e rompam o isolamento a que estiveram submetidas nos últimos anos.

A coordenadora de vendas da UnB, Léia Mattioletti, informou que até sexta-feira (25), quando havia 20% de desconto em geral e 30%para professores, as vendas tinham sido boas e deveriam melhorar ainda mais com a ampliação do desconto para 30% para todos os clientes.

O balanço da Bienal, segundo a supervisora de vendasda Editora da UFPR, Rejane Aparecida Cadore, é bom, não pelo volume de vendas, ou pela divulgação, que também foi positivo, mas por causa do contato com distribuidores e livreiros, que podem gerar contratosfuturos.

A Editora da UFMG deve fechar a Bienal comemorando 15%a mais nas vendas em relação à Bienal de São Paulo,apesar dos problemas com linhas telefônicas, que impossibilitaram a venda por meio de cartão de crédito nos primeiros três dias, o que também aconteceu com outras editoras.

André Froldi, da Unicamp, também gostou dos resultados obtidos até agora, mas faz ressalvas aos horários de visitação escolar, que, acredita, deveriam ser repensados.