Cultura: Olho treinado foi o critério adotado por Chateaubriand para selecionar obras

Cedido em comodato ao MAM-Rio em 1993, patrimônio tornou-se acessível ao público e vem sendo mostrado regularmente Coleção apresenta

sex, 14/07/2006 - 13h33 | Do Portal do Governo

O critério adotado por Chateaubriand na seleção de trabalhos é o olho treinado para reconhecer um bom artista, laços de amizade com os autores e obras com características específicas da arte local. A coleção apresenta peças capazes de revelar a trajetória de muitos dos mais destacados nomes das artes plásticas do Brasil, e de novos talentos.

Cedido em comodato ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) a partir de 1993, esse patrimônio tornou-se acessível ao público e vem sendo mostrado regularmente, não só no MAM-Rio como em outras instituições do Brasil e do exterior. Quando a coleção deixar São Paulo, seguirá para o Rio, Curitiba e Salvador.

Um mecenas 

Aos 80 anos, Gilberto Chateaubriand continua a colecionar obras de arte. Compra por mês quase 300 exemplares da produção contemporânea brasileira. Filho do jornalista e magnata das comunicações Assis Chateaubrind, fundador da rede de jornais Diários Associados e do Museu de Arte de São Paulo (Masp), contou com a ajuda de Pancetti e de Carlos Scliar na formação de sua coleção, que exibe quase um século da história da arte nacional.

Nasceu em Paris em 1925, mas vive desde criança no Rio de Janeiro. Como diplomata, residiu na Europa. Atualmente divide seu tempo entre a casa no Leblon e a fazenda de plantação de laranjas em Porto Ferreira, interior de São Paulo. Chateaubriand ocupa o cargo de vice-presidente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e é membro do conselho do MoMA de Nova York e da Fundação Cartier de Paris.

Panorâmica da coleção

A exposição Coleção Gilberto Chateaubriand: um Século de Arte Brasileira é montada a partir de núcleos históricos que respeitam a sucessão temporal da produção artística, mas não é estritamente cronológica. O núcleo O Modernismo e seus Desdobramentos mostra principalmente a arte brasileira comprometida com a vontade de atualizar a produção nacional em relação ao modernismo europeu.

O marco inicial dessa fase são as exposições de Anita Malfatti e de Lasar Segall, em 1917, e a Semana de Arte Moderna, em 1922. Incluem a questão nacional dos anos 20, a emergência dos regionalismos na década de 30 e o realismo social dos anos 40 e 50.

Nesse segmento estão obras de artistas como Anita Malfatti, Brecheret, Cândido Portinari, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Djanira, Flávio de Carvalho, Goeldi, Guignard, Ismael Nery, Lasar Segall, Pancetti, Tarsila do Amaral e Vicente do Rêgo Monteiro.

Do abstrato ao experimentalismo

 A seção Construtivismo e Abstracionismo mostra o surgimento e a consolidação das tendências não-figurativas no País, entre 1948 e 1962, com obras de Abraham Palatnik, Aluísio Carvão, Antônio Bandeira, Fayga Ostrower, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mary Vieira, Milton Dacosta e Samson Flexor, entre outros.

A Imagem Contemporânea reúne dois momentos cronologicamente diversos da arte do final do século 20 e que têm em comum um foco figurativo: as produções das décadas de 60 e de 80. Baseada na fotografia, na publicidade e nas artes gráficas, essa nova imagem revogou modelos naturais da arte do passado. Entre os representantes desse segmento estão Antônio Dias, Barrão, Beatriz Milhazes, Cláudio Tozzi, Leda Catunda, Luiz Zerbini e Nelson Leirner.

Parte conclusiva da exposição, O Experimentalismo e seus Desdobramentos recobre o experimentalismo dos anos 70 e sua retomada nos anos 90 até a atualidade. Aqui impera a idéia, o conceito e o uso generalizado de suportes e meios não-convencionais da arte (novas mídias, instalações, performances). Exemplos dessa fase são os trabalhos dos artistas Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Cildo Meireles, Helio Oiticica, Jac Leirner, Waltércio Caldas e Vik Muniz.

SERVIÇO

Pinacoteca do Estado:

Praça da Luz, 2 – centro – Tel. (11) 3229-9844

Aberta de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas

Ingresso: R$ 4 e R$ 2 (meia). Grátis aos sábados

Claudeci Martins – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)