Cultura: Museu Casa de Portinari exibe obra inédita do artista

A mostra Portinari: Um Toque de Arte na Moda Brasileira fica em exposição até o dia 28

sex, 10/02/2006 - 9h55 | Do Portal do Governo

O Museu Casa de Portinari exibe, até 28 de fevereiro, a Gravata Portinari, com o Galo, obra até então inédita do artista. O museu fica na cidade natal do artista Candido Portinari, Brodowski, na região de Ribeirão Preto, distante 339 km da Capital Paulista, pela Rodovia Anhangüera.

Quem visitar a exposição terá a oportunidade de conhecer a temática portinariana da Gravata Portinari, com o Galo, conhecida, até então, apenas por alguns familiares e especialistas. “A imagem do Galo está ligada às lembranças de infância do artista, dos quintais, dos terreiros dos cafezais, em que observava os trabalhadores heróicos e dignos das cenas rurais”, destaca a diretora do Museu e curadora da exposição Portinari: Um Toque de Arte na Moda Brasileira,  Angelica Fabbri.

A obra foi encaminhada ao museu pela equipe técnica do Departamento de Museus e Arquivos do Estado de São Paulo (Dema), da Secretaria de Estado da Cultura, depois de confirmada sua autenticidade e realizados os tramites legais da doação. De acordo com a diretora do Dema, Silvia Antibas, “lançar à visitação pública uma obra inédita de Portinari em sua cidade natal é dar continuidade a uma das principais metas da Secretaria de Estado da Cultura, que é a interiorização da cultura”.

Sobre a famosa gravata, o crítico em arte Jacob Klintowitz revela que “o nome do motivo na Gravata não é o galo pintado, mas a Alvorada, pois não é o galo que interessa ao artista, mas seu canto, o qual anuncia o futuro, o nascer do dia”.

Águas-fortes

Outras novidades da exposição são duas Águas-Fortes, de 1942, com a figura de galos, encomendadas para as suítes do anexo do Copacabana Palace Hotel. Um dos quadros foi emprestado pelo colecionador Ralph Camargo, proprietário da obra há 22 anos. Camargo conta que Portinari foi convidado pelo proprietário do hotel, Octávio Guinle, a desenvolver temas representando a fauna brasileira. “Em um ano ele entregou 15 exemplares de gravuras de diversos bichos”, explica o Camargo, que apresenta dez desses temas, entre eles o Tucano, a Cotia e a Lebre.

O visitante tem muito mais para ver: as obras de temática sacra do artista, seus objetos pessoais, documentos e, principalmente, as obras em Pintura Mural nas técnicas de afresco e têmpera. Durante a visita, é possível fazer uma viagem ao tempo e descobrir várias facetas do pintor como poeta, político e desenhista. “Para Portinari os elementos diversos e díspares da vida eram igualmente interessantes”, diz o crítico em arte Jacob Klintowitz. 

Klintowitz destaca ainda outras importantes realizações de Portinari, como os afrescos do edifício do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, realizados entre 1936 e 1944; o painel A Primeira Missa no Brasil, pintado em 1948; além de seu painel mais famoso medindo 18×3 metros: Tiradentes, de 1949, em exposição permanente no Salão de Atos Tiradentes, no Memorial da América Latina, em São Paulo. 

Tiradentes valeu a meu pai a mais alta condecoração humanística. A Medalha Internacional da Paz foi entregue em Varsóvia naquele mesmo ano pelo cientista Joliot Curie a Jorge Amado, que representou meu pai, impedido de viajar”, conta o filho do artista João Candido Portinari, diretor-geral do Projeto Portinari.

Ainda no Museu da Casa de Portinari o visitante tem a oportunidade de conhecer um pouco mais do artista ao passear pelos jardins, onde se encontra a Capela da Nonna, feita por Portinari para as rezas de sua avó Pelegrina. João Candido conta que sua bisavó quebrou o fêmur e, como na época os recursos da medicina eram mais precários, ela ficou acamada, sem poder andar. “Profundamente religiosa, caiu em depressão por não poder mais ir à Igreja assistir à Missa, mas meu pai disse-lhe: Não fica assim não, Nona. Vou fazer uma capelinha aqui no seu quarto para você rezar. Disse e fez muito mais que isso. Os modelos dos santos, santas e o Menino Jesus foram toda a família”, diz emocionado. “Assim, a Noninha pôde voltar a ter alegria, em companhia destes santos que eram todos seus parentes”, recorda João Candido.

A diretora do Museu, Angelica Fabbri revela que o Menino Jesus, nos braços de Santo Antonio, é o próprio João Candido, quando criança. “Na capela estão pintados os santos prediletos de Dona Noninha, com especial atenção para as fisionomias dos santos os quais a família era devota”.

Portinari: Um Toque de Arte

na Moda Brasileira

Até 28/02

De terça a domingo, das 9 às 12h e das 13 às 17h. Grátis

Praça Cândido Portinari, 298 – Brodowski.

Tel: (16) 3664-4284

www.casadeportinari.com.br

Assessoria de imprensa da Secretaria da Cultura

J.C.