A cidade de São Paulo ganhará um presente especial em comemoração aos seus 452 anos. O Memorial da América Latina apresentará, no dia 25, concerto e projeção do filme São Paulo, a Symphonia da Metrópole, de Adalberto Kemeny e Rudolph Lustig. Uma orquestra de 16 músicos, do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, tocará ao mesmo tempo em que a película será exibida no fundo do palco.
O filme, produzido em 1929, se parece com outros realizados na mesma época em cidades como Berlim, Paris e Nova York. É considerado um hino ao progresso e, apesar de certa ingenuidade no olhar, expõe de maneira crua o projeto da modernidade no século 20. A produção apresenta um dia na vida da grande cidade, do amanhecer ao anoitecer. Os vários elementos que compõem a metrópole são apresentados: atarefados homens de negócios, fábricas e seus trabalhadores, grandes avenidas e distantes bairros operários. O filme e a música constroem poema sonoro e visual dedicado à maior cidade do Brasil.
Produzido por dois imigrantes húngaros, Rudolph Lustig e Adalberto Kemeny, foi concebido como filme sonoro, mas a trilha sonora original foi perdida. A película teve como base de inspiração o filme alemão Berlim, Sinfonia de uma Grande Cidade (1927), de Walter Ruttman.
Os realizadores desses filmes foram influenciados pelo movimento cultural denominado Futurismo. Lançado pelo poeta italiano Filippo Tomaso Marinetti (1876-1944), em 1909, suas premissas alcançaram grande repercussão e influência nas primeiras décadas do século passado. Marinetti exaltava o dinamismo da vida moderna e a velocidade.
Nova trilha – Em 1997, os músicos Lívio Tratgtenberg e Wilson Sukorski foram convidados a compor nova trilha sonora para a película. Para a apresentação do dia 25, os compositores fizeram versão inédita. Tratgtenberg explica que, para criar a trilha sonora, foram utilizados elementos da história musical cinematográfica, dos pianeiros (filmes mudos) aos temas dos filmes clássicos do cinema norte-americano. O objetivo, afirma, foi “conjugar o olhar de 1929 com a sonoridade atual e, com isso, mostrar a contemporaneidade da metrópole paulistana”.
A criação da obra de Tratgtenberg e Sukorski demandou quatro meses. Nesta segunda versão (2005), o concerto contará com o próprio Tratgtenberg à frente de seus alunos do curso Música de Cinema, oferecido pelo Centro de Estudos Musicais Tom Jobim.
Projeções no exterior – O filme São Paulo, a Symphonia da Metrópole foi apresentado em diversos países. No ano passado, participou do Festival d’Automme. Em outubro foi exibido no Museu do Louvre durante três dias. De acordo com Tratgtenberg, “o público francês ficou impressionado ao saber que existe um filme sobre São Paulo feito naquela época sem ser algo passadista, de museu”. Em março foi apresentado no Festival Mervmusik, na Alemanha. As próximas exibições no exterior ocorrerão em Portugal, Finlândia, Alemanha e Itália.
A apresentação do dia 25 no Memorial da América Latina terá uma segunda tela, paralela à primeira, na qual será apresentado pequeno documentário contemporâneo constituído por seqüências filmadas nas mesmas locações do primeiro filme. O espectador poderá comparar os lugares de ontem e de hoje. O filme que fará o contraponto entre o passado e o presente da cidade é uma produção do coletivo Sonoroscópio, do qual participaram Celso Massola, Joana Cancio, Lucas Gervilla e Renato Hirsch, além de Lívio Tragtenberg.
SERVIÇO
São Paulo, a Symphonia da Metrópole
– Concerto e projeção de filme
– Dia 25 de janeiro (quarta-feira). Sessões às 17 e 20 horas.
– Memorial da América Latina – Auditório Simón Bolívar
– Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 (ao lado do Metrô Barra Funda)
– Portões 12, 14 e 15 (estacionamento)
– Entrada Franca
Maria Lúcia Zanelli – Agência Imprensa Oficial
