Cultura entrega Prêmio São Paulo de Literatura

Prêmio SP de Literatura tem 146 romances de 55 editoras e 19 autores independentes inscritos

seg, 01/12/2008 - 10h59 | Do Portal do Governo

Nesta segunda-feira, 1, às 20h, serão anunciados os dois vencedores agraciados com prêmios no valor de 200 mil reais cada. As categorias são: Melhor Livro do Ano e Melhor Livro do Ano – Autor Estreante. O objetivo do Prêmio São Paulo de Literatura é estimular a prática da leitura e a produção literária no Brasil. A cerimônia será no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz.

Criado em 2008 pela Secretaria da Cultura, o Prêmio São Paulo de Literatura chega ao final de sua primeira edição. Foram inscritos 146 romances de 55 editoras e 19 autores independentes. Dos quais 10 títulos foram selecionados para a fase final:

Finalistas do Prêmio São Paulo de Melhor Livro do Ano:

“Antonio”, de Beatriz Bracher (Editora 34)
“O sol se põe em São Paulo”, de Bernardo Carvalho (Editora Companhia das Letras)
“O filho eterno”, de Cristovão Tezza  (Editora Record)
“A muralha de Adriano”, de Menalton Braff (Editora Bertrand Brasil)
“A copista de Kafka”, de Wilson Bueno (Editora Planeta)

Finalistas do Prêmio São Paulo de Melhor Livro – Autor Estreante:

“Lugares que não conheço pessoas que nunca vi”, de Cecilia Giannetti (Editora Agir)
“Desamores”, de Eduardo Baszczyn, ( Editora 7 Letras)
“A chave da casa”, de Tatiana Salem Levy (Editora Record)
“Estado vegetativo”, de Tiago Novaes (Editora Callis)
“Casa entre vértebras”, de Wesley Peres (Editora Record)

O Prêmio São Paulo de Literatura foi composto por um Conselho Curador, Júri Inicial e Júri Final. A Curadoria indicou o Júri, composto por professores, críticos literários, escritores e livreiros que elegeram os dez livros finalistas, cinco em cada categoria. Ao Júri Final compete eleger os dois vencedores.

Conheça os escritores finalistas

Melhor Livro do Ano

Beatriz Bracher
Antonio
Editora: Editora 34

Antonio é um livro instigante em que a autora constrói personagens ao mesmo tempo únicos e claramente identificáveis em seu contexto social. Cada capítulo dá voz a um dos três narradores-personagens. A estrutura narrativa é engenhosa e reconstitui uma pequena epopéia familiar. O escritor Rodrigo Lacerda observa que “Antonio” é uma obra que coloca protagonista e leitores curiosamente, na mesma condição – a de ouvintes emocionados. Personagem principal, na iminência de ser pai, descobre segredo familiar e decide saber dos envolvidos como foi que tudo aconteceu.

Beatriz Bracher, escritora, nasceu em São Paulo. É co-fundadora da Editora 34, onde trabalhou entre 1992 e 2000. Escreveu os livros “Azul e dura” (7 Letras, 2002), “Não falei” (Editora 34, 2004). “Antonio” (Editora 34, 2007) é o seu terceiro romance.

Bernardo Carvalho
O sol se põe em São Paulo
Editora: Companhia das Letras

Romance instigante. Tempos e espaços se entrelaçam numa verdadeira dança de morte. Obra substanciosa sem fronteiras unindo a cidade de Osaka de antigamente a São Paulo de hoje, e esta à Tóquio do século XXI. Triângulo amoroso cuja trama se complica e se desdobra em outras mais. Publicitário com veleidades de escritor aceita desafios de octogenária japonesa viajando até o Japão para esclarecer pormenores obscuros de uma história.

Bernardo Carvalho, 48 anos, escritor e jornalista, nasceu no Rio de Janeiro. É autor de nove livros, entre eles “Teatro” (Cia das Letras, 1998), “Nove noites” (Cia das Letras, 2002) – vencedor do Prêmio Portugal Telecom – e “Mongólia” (Cia das Letras, 2003). Já foi traduzido em mais de 15 países.

Cristovão Tezza
O filho eterno
Editora: Record
Texto desconcertante de um pai-narrador cujo filho nasceu com a Síndrome de Dawn. Romance todo ele provido de momentos verdadeiramente sóbrios, sinceros, sem comportar ilusões. Ao criar o narrador do livro e fazendo do pai personagem, o autor, ele mesmo pai de filho excepcional, conquista uma independência ímpar. “Talvez ele, como algumas mulheres no choque do parto, não queira o filho que tem, mas a idéia é apenas uma sombra”. O filho eterno é uma reflexão sobre a paternidade. “Comecei a projetar mentalmente esse livro como ensaio, mas bastou escrever a primeira página para sentir que seria impossível. Tinha de ser uma ficção”, diz Cristovão Tezza.

Cristovão Tezza, 56 anos, escritor e professor, nasceu em Lages (PR). É autor de 13 livros, entre romances e contos. Recebeu pelo livro “O fotógrafo” (Rocco, 2004), o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, em 2005. “O filho eterno” (Record, 2007) venceu este ano os prêmios Jabuti (Melhor Romance), APCA, Portugal Telecom e Bravo!.

Menalton Braff
A muralha de Adriano
Editora: Bertrand Brasil

Este instigante romance é uma alegoria de todas as muralhas que o homem constrói para isolar e isolar-se. “O romance é a expressão do mundo globalizado, quando se constróem muralhas mais do que em qualquer outra época”, diz Menalton Braff. O casal de protagonistas precisa ultrapassar imensas muralhas de preconceito se quiser juntar-se. Este romance sinaliza que o homem moderno não somente se protege do outro, mas também passou a se defender de si e de seus familiares.

Menalton Braff, 70 anos, escritor e professor, nasceu em Taquara (RS). Vencedor do Prêmio Jabuti 2000, com o livro “À sombra do cipreste” (Palavra Mágica, 1999), é autor de 13 livros, entre os quais “A coleira no pescoço” (Bertrand Brasil, 2006) e “Castelos de papel” (Nova Fronteira, 2002). Atualmente, leciona em Serrana, interior de São Paulo.

Wilson Bueno
A copista de Kafka
Editora: Planeta
Misturando fato e ficção, Wilson Bueno cria com imaginação uma história composta de pequenos textos trazendo à tona personagens dentro de uma atmosfera ficcional intrinsecamente kafkiana. “É um mergulho nos fantasmas do século XX e nos proporciona um texto envolvente cuja leitura se tem pena de interromper”, diz Boris Schnaider. Felice Bauer narra sua relação com Franz Kafka e seu trabalho profissional como copista do autor tcheco. Esta obra é – segundo o próprio autor – um romance diário-epistolar, onde toda a história é construída a partir de depoimentos existentes nos diários dela. Trecho a trecho, o livro vai sendo arquitetado, de modo a transmitir uma trajetória existencial, com requintes de detalhes, factuais, da vida do escritor tcheco.

Wilson Bueno, 37 anos, escritor e jornalista, nasceu em Jaguapitã (PR). Foi criador e editor do suplemento de idéias Nicolau, em Curitiba. É autor de 13 livros, entre eles os romances “Amar-te a ti mesmo nem sei se com carícias” (Planeta, 2004), “Jardim zoológico” (Iluminuras, 1999) e “Mar Paraguayo” (Iluminuras, 1992).

Autor Estreante

Cecília Giannetti
Lugares que não conheço, pessoas que nunca vi
Editora: Agir
Este livro é um exercício de vanguarda, incomum, ácido e entrecortado. “A autora – diz Alessandro Buzo – encaminha o leitor a um emaranhado de ficção e realidade.” Pessoas, fatos, lugares são revelados numa escrita fragmentada. A cada página lida, se tem a sensação de desconstrução das coisas que estão ao redor. Aqui temos um Rio de Janeiro pintado com tintas expressionistas. Repórter de TV presencia cena de violência extrema, entra em vertigem alucinatória vendo o mundo ao seu redor como se o desconhecesse.

Cecília Giannetti, 32 anos, jornalista e escritora, nasceu no Rio de Janeiro. Antes do seu primeiro romance, “Lugares que não conheço, pessoas que nunca vi”, participou de diversas antologias, publicadas pelas editoras Record, Ediouro e Casa da Palavra. É editora do Portal Literal.

Eduardo Baszczyn
Desamores
Editora: 7 Letras

Autor constrói com simplicidade calculada, inteligente, três dimensões de um amor. “Daqui de cima, posso ver quase toda a cidade. São Paulo se acende aos poucos. Primeiro, os faróis dos carros, as luzes de mercúrio das ruas, os letreiros coloridos. Depois, apartamento por apartamento, casa por casa, bem devagar.” Eis o começo de um romance que, segundo Fabricio Carpinejar, é uma história de amor assombrada por letras da banda “The Smiths”, por uma São Paulo chuvosa e pela sensação abrupta de que o relacionamento deveria ser mais terno do que eterno. Sem rebuscamentos lingüísticos, o autor exprime-se com objetividade e precisão.

Eduardo Baszczyn, 28 anos, jornalista e escritor, nasceu em São Paulo. É um dos autores da revista literária “Puçanga”. “Desamores” (7 Letras, 2007) foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura, em 2004, antes de ser editado.

Tatiana Salem Levy
A chave de casa
Editora: Record

Competência narrativa, apelo sensorial, alto sentido de humanidade. Autora entretece todas essas qualidades para criar histórias que se complementam num tom de densa estranheza. “Salem Levy concebeu um painel que sintetiza na voz da narradora e nas vozes que ela cria e torna suas, confundindo-se com ela: um recurso hábil, que lhe permite lidar de modo desenvolto com as diferentes personagens e camadas de espaço e tempo”, diz o poeta Moacir Amâncio.

Tatiana Salem Levy, 29 anos, escritora, nasceu em Lisboa, Portugal. “A chave de casa” (Record, 2007), inaugurou a Coleção Sabiá dos Livros Cotovia, editora Portuguesa, para divulgação de autores brasileiros da contemporaneidade.

Tiago Novaes
Estado vegetativo
Editora: Callis

Detetive particular em coma recapitula fatos que o confinaram nessa paisagem interior na qual narra o romance. “A pior condenação não é estar destinado a sempre olhar no espelho, todas as manhãs, a mesma fisionomia. A azeda sina de todo homem é que ele está sempre, por mais que evite ou minta, falando de si mesmo”. Tiago Novaes faz o leitor perceber claramente que o narrador tem uma densidade que o iguala aos escritores cujas mortes investiga. “Falo sobre a nossa incapacidade em elaborar a morte. Sobre a banalização da violência e sua estilização. O detetive se assemelha ao próprio escritor que, desencantado, anti-quixotesco, embarca num mundo estilizado”, afirma Novaes.

Tiago Novaes, 28 anos, psicanalista, escritor e tradutor. Autor do livro de contos “Subitamente: agora” (7 Letras, 2004), Idealizou e organizou o evento “Tertúlia 2005: o curso da literatura”.

Wesley Peres
Casa entre vértebras
Editora: Record

“Casa entre vértebras” é um romance-mosaico cujo narrador anda a procura de alguma forma de salvação. “Estou entre pessoas e desconheço o que isso seja. Ontem, sonhei um provérbio húngaro: morrer é a residência mais segura. Vivo também desses sonhos.” Texto inquietante construído à base de uma prosa poética vigorosa. “Penso que o livro é uma história de amor narrada por um homem que tenta se enviar para Ana em palavras, a fim de suspender a atmosfera ao mesmo tempo claustrofóbica e agorafóbica, e narcísica, e paranóica – enfim, atmosfera adjetivada por tudo que há de mais perturbador nessa coisa chamada homem” , diz Wesley Peres.     

Wesley Peres, 31 anos, escritor e psicanalista, nasceu em Goiânia. É autor dos livros “Palimpsestos” (Editora da UFG, 2007), “Rio revoando” (USP/COM-ARTE, 2003) e “Água Anônima”. Seu romance “Casa entre vértebras” (Record) venceu, em 2007, o Prêmio Sesc de Literatura.

Da Secretaria da Cultura