Cultura: Capela do Palácio da Boa Vista é palco de apresentações do Festival de Música

Projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, é uma das atrações no Festival Internacional de Música de Campos do Jordão

sáb, 08/07/2006 - 10h49 | Do Portal do Governo

A Capela de São Pedro, Apóstolo, no Palácio da Boa Vista, é uma estrutura íntegra de concreto armado, com as paredes de vidro, permitindo que o público visualize a paisagem da região. Nos vidros, os reflexos do céu, do próprio público e das apresentações confundem quem está dentro (e fora) da capela. Não é possível saber o que é real e o que é imagem refletida. Toda a nave reflete sobre um espelho d´água onde está o batistério, aumentando ainda mais a ilusão. “A capela é mágica”, resume o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que idealizou a construção.

A capelafoi sagrada em 21 de julho de 1989 pelo cardeal Agnelo Rossi. Na primeira celebração, foi executada a Sinfonia de Sagração da Capela São Pedro, Apóstolo, de autoria do maestro Júlio Medaglia. Paulo Mendes lembra que a primeira celebração foi emocionante: “Muitos amigos estavam presentes. Foi uma festa”.

Sobre um só pilar estão a nave, o coro e o teto. “Que apareça transparente para as cumieiras da serra, sólida e cristalina; organizada estruturalmente, enquanto construção votiva por excelência, sobre um único pilar”, explicava o arquiteto, no projeto encaminhado ao governador em outubro de 1987.

Paulo Mendes conta que a idéia de um grande pilar sustentando a capela surgiu quando visitava a Catedral de Milão. “A Catedral de Milão é aquela coisa enorme, gigantesca. Pouco a pouco, quando você se aproxima dos pilares, percebe que eles têm quatro metros de diâmetro. Perto deles, a catedral parece pequena”.

Depois de escolher o local onde seria construída a capela, Paulo convidou o amigo calculista Siguero Mitsutani para garantir a viabilidade do projeto. Ao subir a rampa de acesso do Palácio, o visitante começa a perceber a existência da capela aos poucos, como se a construção tivesse vida.

A capela é interligada, por meio de um corredor, ao Palácio da Boa Vista. Todos os detalhes foram pensados, orgulha-se o arquiteto. A parede desse túnel, chamado de “Corredor da Memória” não toca o solo. Uma pequena fresta no chão traz a luz que é refletida na água dentro da capela, produzindo um efeito encantador.

Inúmeras peças do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo foram remanejadas para a sacristia da capela compondo um acervo religioso com obras selecionadas dos séculos 17 ao 20. Anjos tocheiros, oratório de viagem e outros fragmentos de várias épocas formam um conjunto precioso de arte sacra.

Sob a laje de concreto do coro da capela, sobre uma armação de aço, está pintado um painel de 10 metros, que reflete na água. Durante a noite, com a iluminação instalada no local, a imagem pode ser vista na lateral de vidro.“Tirei partido das dimensões alongadas do painel, pintei duas imagens do Santo Padroeiro, lembrando dois momentos marcantes da vida de Pedro”, explicou o pintor Glauco Pinto de Moraes.

Destaque, também, para a pia batismal de granito natural e as esculturas produzidas especialmente para o projeto: São Pedro, Apóstolo do Mestre Dezinho, e São Pedro, de Elvio Becheroni, que, de braços abertos, recebe todos os visitantes na entrada da capela.

Regina Amábile – Da Agência Imprensa Oficial