Cultura: Ampliação do Projeto Guri vai garantir mais 20 mil vagas até o fim do ano

Pólo Júlio Prestes, sede estadual do Guri e maior unidade da Região Metropolitana de São Paulo, atende cerca de 700 alunos

qui, 13/07/2006 - 14h07 | Do Portal do Governo

Até o final deste ano serão inaugurados 150 novos pólos do Guri em São Paulo. O governo do Estado, a Secretaria da Cultura, a Associação Amigos do Projeto Guri e 150 prefeituras paulistas assinaram no início do mês de junho acordo para a criação das novas unidades. Serão mais 20 mil vagas para alunos e mais 600 profissionais que se juntarão aos quase 1,3 mil colaboradores que hoje atuam no projeto.

Ao longo do tempo, a iniciativa conquistou apoio de vários setores da comunidade. Em 1997, um grupo de voluntários criou a Associação Amigos do Projeto Guri, com o objetivo de colaborar técnica e financeiramente com o projeto. Em junho de 2004 a associação foi qualificada como Organização Social na área da cultura. E em novembro do mesmo ano, a Secretaria da Cultura assinou contrato de gestão com a organização, que passou a administrar o Projeto Guri. A associação busca apoio e capta recursos junto ao setor privado, por meio de leis de incentivo, mas seu principal mantenedor continua sendo o governo do Estado de São Paulo.

No pólo Júlio Prestes, aulas coletivas de instrumentos atendem a 700 alunos

O pólo Júlio Prestes, sede estadual do Guri e maior unidade da Região Metropolitana de São Paulo, atende a cerca de 700 alunos. Oferece aulas coletivas de todos os instrumentos previstos no projeto – violino, viola clássica, violoncelo, contrabaixo acústico, violão, viola caipira, cavaquinho, bandolim, percussão, saxofone (alto e tenor), clarinete, flauta transversal, trompa, trompete, trombone, bombardino e tuba – além de canto coral.

Maria Aparecida de Genaro Garcia, gerente de pólos do Guri, ressalta que os instrumentos são fornecidos pelo próprio projeto – há 20 mil disponíveis em todos os pólos – e, como só é admitido um aluno por instrumento, existem algumas limitações. “Aqui no Júlio Prestes, por exemplo, só podemos ter 14 alunos de violino por turma, já que esse é o número de violinos”, esclarece. Ela ressalta que não há obrigatoriedade de o aluno estudar em casa, visto que as aulas são elaboradas em função dos jovens que não têm o instrumento.

Normalmente, as turmas mais procuradas são as de violão e percussão, para as quais pode haver eventualmente fila de espera. A fim de contornar esse problema e não deixar esfriar o interesse quando não há vaga na modalidade pretendida, o pessoal do Júlio Prestes convida o futuro aprendiz a participar das aulas de canto coral, em que o “limite de alunos é o tamanho da sala” brinca Maria Aparecida.

Foi o que aconteceu com Mary Ellen Queiroz de Melo, de 14 anos. Quando procurou o Projeto Guri, em agosto do ano passado, estava interessada nas aulas de violão. Mas não havia vagas. Então, foi convidada a participar do grupo de canto coral. Como já integrava o coral da igreja que freqüenta, resolveu aderir às aulas de canto. As de violão começaram em fevereiro último. Hoje, ela vai ao Guri quatro vezes por semana. Ensaia com o coral às terças e quintas-feiras, e pratica violão na turma do jovem instrutor Alexandre, às quartas e sextas-feiras. Mary Ellen comparece ao Guri no período da tarde, pois de manhã cursa o 1o ano do ensino médio em uma escola estadual.

Essa é a única exigência do projeto: estar freqüentando as aulas dos ensinos fundamental ou médio. Na ficha de inscrição do projeto, o futuro aluno tem de indicar a escola em que estuda. E, periodicamente, precisa levar seu boletim à administração do Guri para comprovar a freqüência, sob pena de ser obrigado a deixar o projeto. “Se necessário, entramos em contato com o estabelecimento de ensino para fazer essa verificação”, observa a gerente de pólos. “O programa cobra a presença do aluno na escola, mas não seu desempenho nas aulas de música. Também não aplicamos testes”, comenta Maria Aparecida. “Isso poderia causar constrangimento, e nosso objetivo é a inclusão social.”

Aprovação dos colegas – São os próprios alunos que avaliam quem, entre eles, tem condição de passar para as turmas intermediária ou avançada. Quem chega à avançada inicia a formação de grupos musicais, as cameratas, de cordas ou de sopro, por exemplo. Para estimular os integrantes, essas equipes sempre fazem apresentações públicas. São, no mínimo, quatro por ano dentro do próprio projeto, além dos convites feitos por parceiros e instituições diversas. Algumas dessas exibições contam com a participação de grandes nomes da música brasileira, como Toquinho, Moraes Moreira e Arthur Moreira Lima. O Guri tem nove orquestras completas e outros 159 grupos musicais, entre orquestras de sopros e cameratas de violões e de cordas, além de 150 corais.

Um evento que motiva bastante os alunos da iniciativa é o Festival de Inverno de Campos do Jordão. Há dez anos esses jovens músicos se apresentam na cidade durante o festival. Para o instrutor de violão Marcelo Brazil, completar o círculo musical (começar com as aulas e fechar na apresentação) é realmente estimulante. “A maioria fica comovida por mostrar seu talento e valor ao público.”

Premiação – Embora não tenha a pretensão de formar músicos, o projeto consegue revelar talentos, que, talvez, permanecessem ignorados sem essa iniciativa. Os coordenadores do Guri estimam que pelo menos 30 ex-alunos toquem hoje em grandes orquestras, mas pode haver mais músicos profissionais. Eles estão providenciando levantamento desses dados.

Além disso, há outros casos como o de Alexandre. Atualmente, 45 ex-alunos trabalham no projeto. Outra prova disso são alguns dos prêmios que o Guri recebeu, como o Multicultural Estadão, em junho de 2000, e a Comenda da Ordem do Cavaleiro, em 2003, além de e apresentações que fez em vários países, como Itália, Suíça e Estados Unidos.

Sirlaine Aiala – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)