Crítico de arte Mário Pedrosa é tema de encontro no Memorial da América Latina

Evento é promovido pela Secretaria da Cultura do Estado

ter, 11/04/2000 - 14h54 | Do Portal do Governo

Uma das figuras mais significativas da vida cultural e política do Brasil, o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), será tema de uma mesa-redonda que acontece no Memorial da América Latina, na terça-feira, dia 25 de abril, às 20 horas.

O evento, que tem entrada franca, terá a participação de Aracy Amaral, Ferreira Gullar, Lélia Abramo, José Castilho Marques Neto, Otília Arantes e Daisy V. M. Peccinini de Alvarado.

Na ocasião, será lançado o livro “Modernidade cá e lá”, organizado por Otília Arantes, da EDUSP. Neste último volume da série de Textos Escolhidos de Mário Pedrosa, a autora apresenta uma coletânea de alguns dos ensaios críticos de Pedrosa, em geral inéditos: a série sobre Calder; a sobre Cézanne; os textos escritos no Japão (daí o nome do livro — traçando um paralelo entre “os gestos cá e lá”); a seqüência sobre os artistas italianos; além dos últimos dois grandes ensaios, redigidos e publicados em Paris, sobre as exposições de Calder e Miró.
Para Otília, “Mário Pedrosa foi uma figura excepcional na história da nossa vida cultural: sem abandonar sua incansável militância socialista, foi também um dos nossos maiores críticos de arte e em grande parte o responsável pela modernização das artes plásticas em nossos meios e sua projeção no exterior. Moderno por excelência, Mário Pedrosa nunca dissociou revolução política e arte a mais avançada, em cujo poder emancipatório apostou até o fim da vida. Mário Pedrosa se dizia um utopista incorrigível! Sua crítica esteve sempre imantada pelo momento utópico em que mundo vivido e forma artística passariam um no outro.”

Paralelamente, a Biblioteca do Memorial apresenta, até o dia 29 de abril, a exposição “Mário Pedrosa – 100 anos”, com cerca de 80 fotos, documentos e cartas reproduzidos de material pertencente ao acervo do Centro de Documentação e Memória da UNESP – CEDEM e pelo Instituto de Estudos Brasileiros – IEB/USP, além de livros cedidos por colecionadores.

SERVIÇO:
Terça-feira, dia 25 de abril de 2000
Horário: 20 horas
·Mesa Redonda
Participantes: Aracy Amaral, Ferreira Gullar, Lélia Abramo, José Castilho Marques Neto, Otília Arantes e Daisy V. M. Peccinini de Alvarado.
·Lançamento de livro
“Modernidade cá e lá” – série Mário Pedrosa, organizado por Otília Arantes, da EDUSP.

Local: Biblioteca Latino-Americana Victor Civita
Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda

Um pouco sobre Mário Pedrosa

Mário Pedrosa (1900/1981) transcendeu a função de crítico de arte e foi um pensador da cultura, como outros autores de sua geração. Iniciou seu itinerário coerente na vida pública, nos anos 20, como ativista político. Militante comunista filiado ao PCB, foi um dos fundadores da IV Internacional. A estréia como crítico de artes plásticas se deu em 1933, com uma conferência sobre a gravurista Käte Kollwitz, texto que se tornou clássico. Durante décadas exerceu incansavelmente a atividade crítica, publicando regularmente em periódicos brasileiros e revistas estrangeiras. Além de crítico profissional, foi professor de História, Estética e História da Arte no Rio de Janeiro e em Santiago do Chile. Como promotor cultural, dirigiu o MAM de São Paulo, nos anos 60, e a Bienal de Artes Plásticas no mesmo período. Integrou a direção da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA) e presidiu a filial brasileira da mesma instituição (ABCA). Atravessou o doloroso processo de exílio político em duas ocasiões: entre 1937 e 1945, perseguido pelo Estado Novo; e de 1970 a 1977, fugindo ao regime militar. Durante seu exílio no Chile, quando foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, participou da criação do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IEL) e do Museu da Solidariedade. Em suas prolongadas viagens à Europa e aos Estados Unidos, manteve contato com os nomes mais importantes das artes contemporâneas, entre eles Pèret, Calder, Miró e Breton, escrevendo ensaios de grande significação para a história da crítica brasileira e internacional, especialmente sobre o surrealismo. Enfrentou acirradas polêmicas ideológicas ao assumir a defesa das vanguardas artísticas, atitude pioneira e corajosa que pautou sua atuação até o fim da vida. Entre 1946 e 1966, viaja a vários países, organizando museus e exposições. A militância política e a reflexão sobre as artes sempre caminharam juntas na vida e na obra de Mário Pedrosa. No início, na preocupação com os aspectos sociais da arte. Com o tempo, as questões estéticas se tornaram predominantes, e o enfoque se volta para a relação entre vanguarda e revolução social. Em essência, sempre esteve presente o questionamento do complexo convívio entre arte e sociedade, preocupação que norteou a trajetória de outros pensadores da cultura brasileira, como Sérgio Buarque de Holanda e Antonio Candido. Entre os livros de política e crítica de sua autoria, destacam-se: A opção imperialista; A opção brasileira; A crise mundial do imperialismo e Rosa de Luxemburgo; Mundo, homem, arte em crise e Arte, forma e personalidade.