Crianças são as maiores vítimas de abuso sexual

De 2.330 vítimas atendidas em 2008 pelo Pérola Byington, 1.103 eram menores de 12 anos

seg, 09/03/2009 - 12h38 | Do Portal do Governo

Levantamento realizado pelo Programa Bem-Me-Quer, do Pérola Byington, mostrou que das 2.330 vítimas atendidas no ano passado, 1.103 eram menores de 12 anos. O número representa 47,3% de todas as pessoas que passaram pelo hospital no local. Desse total, crianças e adolescentes de até 17 anos somam 1.771.

Em todo o ano de 2007, foram atendidas 846 crianças até 11 anos e outras 517 com idade entre 12 e 17 anos. “As pessoas estão discutindo mais o assunto e, consequentemente, estão mais atentas ao que pode estar acontecendo com as crianças. Desta forma, a família se sente mais segura para procurar ajuda”, afirma Jeferson Drezzet, coordenador do Programa Bem-Me-Quer.

As queixas de abuso sexual contra homens cresceram 30,8% se comparados a 2007 e 2008. No ano passado, 306 procuraram o serviço do Bem-Me-Quer do Hospital Pérola Byington, contra 234 em 2007.

“Nossos dados são referentes ao número de casos atendidos no Pérola Byigton, mas é importante ressaltar que o número de vítimas pode ser ainda maior, pois muitas vítimas deixam de procurar o serviço.”, afirma Drezzet.Em casa

“Os culpados, geralmente, têm acesso livre à casa e a rotina das vítimas. Os agressores estão muito mais próximos do que a gente imagina”, afirma o Dr. Jéferson Drezett, Coordenador do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington.

Os pais têm papel importante na prevenção e identificação dos casos de abuso e violência. É preciso estar atento às mudanças comportamentais da criança e não desconfiar do que elas contam.

É preciso ter uma relação de confiança entre pais e filhos, e criar um espaço em que eles sintam-se confortáveis em falar, sem medo de punição. Pois esse tipo de abuso não costuma deixar sinais físicos.

“Acreditem naquilo que seus filhos dizem. Verbalizar uma situação de abuso já é bastante complicado para um adulto, imagine para uma criança ou um jovem. O fato do agressor ser alguém em quem aquela família confia torna tudo ainda mais difícil. A vítima passa por cima do medo e da vergonha e merece ser acolhida por isso, não punida por ‘dizer coisas absurdas’ sobre alguém que está acima de qualquer suspeita”, diz Drezett.

Assim que a suspeita de abuso for identificada, a criança deve ser encaminhada a um profissional de saúde mental para receber o tratamento necessário. Se o caso for confirmado,  profissional ou família devem notificar o Conselho Tutelar para que medidas de proteção sejam tomadas.

“O mais importante é ficar atento a mudanças bruscas no comportamento e buscar ajuda assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir, realmente, o que está acontecendo, além de resguardar uma possível vítima de abuso e ajudá-la a lidar com a situação”, explica o médico.

Bem-Me-Quer 

O Projeto Bem-Me-Quer faz parte do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington e é uma parceria entre as secretarias estaduais de Saúde e Segurança Pública. Nele, as vítimas de abuso contam com uma equipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica e realizar o exame de corpo de delito, simplificando o processo de notificação às autoridades e expondo menos os pacientes.

Pais devem ficar atentos a:

  • Alterações no sono; 
  • Queda brusca no rendimento escolar; 
  • A criança volta a fazer xixi na cama ou nas calças; 
  • Medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico; 
  • Brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais.

Da Secretaria da Saúde