CPTM: Conheça a origem dos nomes e curiosidades das estações

Você já se perguntou de onde vêm os nomes das estações de trem que utiliza? Explicamos algumas nesta primeira matéria

ter, 06/06/2006 - 12h31 | Do Portal do Governo

Nesta primeira matéria você vai saber quem foi Presidente Altino, conhecer um pouco da história de Júlio Prestes, matar a curiosidade sobre o Engº São Paulo e descobrir a origem de nomes inusitados como Guapituba e Perus.

Estação Presidente Altino (Linhas B e C) – Parte das extintas Estrada de Ferro Sorocabana e Fepasa, a unidade Presidente Altino, inaugurada em 1920, recebeu sua denominação em homenagem à Altino Arantes Marques, décimo presidente do Estado de São Paulo (cargo equivalente ao de governador), na gestão de 1916 a 1920. Formado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em 1895, Altino foi deputado federal por quatro mandatos (1906 a 1908), (1911-1915), (1921-1930) e constituinte em 1946. Fez parte da Academia Paulista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e assumiu a primeira presidência do Banespa.

Estação Guapituba (Linha D) – Em tupi-guarani, guapituba significa “rio onde há muito aguapé” ou “o abundante de aguapé”. O nome deu origem ao Jardim Guapituba, bairro do município de Mauá, na Grande São Paulo. A estação começou num posto telegráfico, aberto em 1907, e fazia parte da São Paulo Railway, popularmente conhecida como “Ingleza”, a primeira estrada de ferro paulista, construída entre 1862 e 1867 por investidores ingleses, que inicialmente tinham como um de seus principais acionistas o Barão de Mauá. Ligando as cidades entre Jundiaí e Santos, a ferrovia transportou durante anos café, mercadorias e passageiros do interior ao porto de Santos, cortando a cidade de São Paulo de norte a sul. Isso até a década de 30, quando a Sorocabana construiu a Mayrink-Santos. Em 1946, com o fim da concessão do governo, a estrada de ferro passou a pertencer à União, com o nome E. F. Santos-Jundiaí (EFSJ). Em 2003, a Estação de Guapituba ganhou um jardim repleto de rosas, azaléias, cravos e dálias. A iniciativa, do faxineiro José Nilton da Silva de Souza, levou flores à lateral da plataforma 1, além de bananeiras, goiabeiras, pés de feijão e mandioca à área vizinha à plataforma 2.

Estação Júlio Prestes (Linha B) – Antiga Estação São Paulo, inaugurada em 1875 juntamente com o trecho São Paulo-Sorocaba, o primeiro da Estrada de Ferro Sorocabana. A parada recebeu o nome Júlio Prestes em 1951. Nascido em Itapetininga (SP) em 1882, Júlio Prestes de Albuquerque era filho do governador (na época, Presidente do Estado) de São Paulo, o coronel Fernando Prestes de Albuquerque, e foi eleito para o mesmo cargo em 1927. Antes disso, o advogado formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, na primeira década do século 19, elegeu-se deputado estadual por São Paulo em 1909, reelegendo-se várias vezes até 1923.

Em 1929, o então presidente Washington Luís o indicou como candidato à sucessão presidencial, a ser definida em 1930. A indicação desagradou aos mineiros, que esperavam um candidato local para assegurar a política do café com leite, alternância entre os dois maiores estados no comando do governo federal. Minas Gerais articulou a Aliança Liberal, chapa de oposição liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas e pelo vice, João Pessoa. A campanha foi bastante acirrada, mas Júlio Prestes elegeu-se presidente. Durante a viagem de Prestes a Washington, Paris e Londres, oposicionistas alegaram fraudes na eleição e com um movimento revolucionário e uma junta militar afastaram o presidente Washington Luís. Vargas assumiu o poder e Júlio Prestes, perdendo o cargo recém-conquistado, pediu asilo ao consulado britânico. Vivendo no exílio até 1934, na volta ao Brasil dedicou-se ao cultivo de algodão em sua cidade natal. Em 1945, retornou à política e fundou o partido da União Democrática Nacional (UDN), do qual foi membro da comissão diretora. Morreu no ano seguinte, em São Paulo.

Para Moysés Lavander Junior, um dos autores do livro SPR: Memórias de uma Inglesa, e funcionário do Departamento de Manutenção de Via Permanente (DOFV), dar o nome de Júlio Prestes à estação foi uma homenagem justa ao responsável pela quebra do monopólio inglês de acesso ferroviário ao porto de Santos. “A Mayrink-Santos, pela qual se empenhou em construir durante seu mandato de presidente do Estado de São Paulo, tornou-se um grande orgulho à engenharia nacional”, diz Lavander.

História do prédio da Júlio Prestes

Uma das estações mais charmosas do Brasil, a Júlio Prestes ocupa atualmente a edificação construída entre 1926 e 1938, projeto do arquiteto Cristiano Stockler das Neves. A unidade foi inspirada nas confortáveis e funcionais estações ferroviárias de Nova York e da Pensilvânia. Seus escritórios já abrigaram a sede da Sorocabana, depois da Fepasa, e em 1997 tornaram-se sede da Secretaria de Estado da Cultura. Em 1999, depois de dois anos de obras, seu saguão deu lugar à Sala São Paulo, com 1.000m² e 1.509 lugares para espectadores dos espetáculos musicais, principalmente os da Orquestra Sinfônica de São Paulo, que também ocupa a edificação.

Abrigo Engenheiro São Paulo – Criada em 1920, para atender os usuários do pátio de cargas da estação do Norte, hoje Roosevelt, a pequena estação recebeu o nome do engenheiro João José de São Paulo, ajudante da 5ª divisão da Central do Brasil. Ao lado da Estação Bresser, do Metrô, o Abrigo Eng° São Paulo teve suas instalações renovadas recentemente pelos funcionários que participaram do programa 5S, seguindo os conceitos japoneses de Utilização, Ordenação, Limpeza, Higiene e Autodisciplina.

Essa unidade pertencia à Estrada de Ferro do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), construída em 1869 por fazendeiros do Vale do Paraíba para ligar o Brás à Penha. Em 1877, a E. F. do Norte encontrou-se com a E. F. Dom Pedro II, permitindo o transporte de mercadorias e passageiros entre Rio e São Paulo. Com a queda do império em 1889, a E. F. D. Pedro II ganhou o nome de E. F. Central do Brasil e no ano seguinte estava ligada definitivamente à Norte. Em 1957, a Central foi incorporada à Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).

Estação Perus (Linha A) – Inaugurada em 1914, surgia uma pequena estação em estilo britânico, construída pela SPR, mais tarde administrada pela Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O nome Parada dos Perus vem da época em que tropeiros transportavam mercadorias entre Santos e Jundiaí, nos séculos XVIII e início do XIX, e pousavam na região e no sítio de Sinhá Maria, que criava as aves. A área também servia de parada para tropas de soldados e fazendas de capitães de Guarda, que defendiam o caminho do mar. Em 1972, a unidade recebia as edificações que ocupa atualmente e que passaram por total reconstrução após o acidente de 1999, sempre seguindo o projeto original.

Estação Prefeito Saladino (Linha D) – O nome da unidade homenageia Saladino Cardoso Franco, prefeito de Santo André de 1914 a 1930. Saladino descendia de uma das famílias mais antigas do Grande ABC e perdeu seu cargo com a Revolução de 1930. A estação foi criada em 1966 para substituir uma parada simples datada de 1952 e receber os trens de subúrbio da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Nela, a fábrica da General Motors de São Caetano embarcava automóveis para exportação.

Fontes

Site: www.estacoesferroviarias.com.br

Site: pt.wikipedia.org

Livro: SPR Memória e uma Inglesa, de Moysés Lavander Jr. e Paulo Augusto Mendes

Da CPTM