Corpo de Bombeiros treina para salvar vidas em UTIs hospitalares

Simulação de incêndio ensina soldados a remover paciente medicado por sonda ou que respira com equipamento de ventilação artificial

qui, 26/11/2009 - 20h00 | Do Portal do Governo

Manequins e modernos robôs pesando entre 60 e 80 quilos imitam pacientes graves internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Coração (HCor), na zona sul da capital. Fumaça atóxica produzida de glicerina, sons estridentes de sirenes e gritos completam o clima apavorante. O cenário perfeito foi montado para treinar 150 soldados do Corpo de Bombeiros de São Paulo sobre os procedimentos apropriados para remover pacientes da UTI numa situação de incêndio hospitalar. 

Integrantes da Polícia Militar (PM) receberam de médicos e enfermeiros do HCor ensinamentos sobre os procedimentos corretos para remover esses doentes, que normalmente são medicados por bombas de infusão e soro ou respiram com equipamentos de ventilação artificial. “O aprendizado dessas técnicas é essencial para evitar a parada cardíaca e outras ocorrências pelo desconhecimento da conduta correta”, informa o chefe da seção de regaste do Corpo de Bombeiros, capitão Humberto Cesar Leão. 

“Acredito que esta é a primeira vez, no Brasil, que soldados participam de curso prático de incêndio envolvendo área de UTI hospitalar”, diz o capitão Humberto Leão, na corporação há 17 anos. Os homens selecionados para participar da simulação atuam em incêndios de grandes proporções.

Segurança 

As aulas práticas e teóricas ocorreram no Centro de Ensino, Treinamento e Simulação do HCor (Cetes-HCor). Foram explicados conceitos sobre UTI, características desses pacientes, gases medicinais utilizados no setor, equipamentos elétricos suscetíveis ou não a explosão, localização dos cateteres e sondas no doente e condutas diante de incêndio.

Num ambiente escuro, infestado de fumaça, os soldados simularam salvamento num incêndio. Tatearam o corpo da vítima, reconheceram os equipamentos de ventilação, os condutores de medicamentos e agiram de acordo com as orientações dos profissionais de saúde. “O resultado foi positivo. A mensagem básica foi passada e assimilada. A maioria dos bombeiros relatou que antes do treinamento não sabia exatamente o que fazer com os equipamentos, agora sabe o que precisa levar na hora da remoção do doente”, conta o enfermeiro Antônio Cláudio de Oliveira, responsável pelo curso.

“Quando houve um incêndio no HC, em 2007, além do apoio dos médicos, atuamos na raça. Se fosse hoje, nosso trabalho seria bem mais fácil. Sentimo-nos mais seguros com o conhecimento adquirido”, avalia o capitão Humberto Leão, ao relembrar a atuação do Corpo de Bombeiros no incêndio que atingiu o Prédio dos Ambulatórios do HC da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Rota de fuga

Da integração do serviço público com o hospital particular surgem outras ideias de pesquisa e treinamento. A primeira delas é a possibilidade de curso de reciclagem, em 2010, para 40 motoqueiros do Corpo de Bombeiros da Grande São Paulo, responsáveis pelo primeiro atendimento no local de incêndio ou resgate.

O procedimento padronizado de remoção técnica de pacientes em UTI será oferecido para 9 mil bombeiros do Estado, garante o capitão Leão. Em 2010, grande parte do efetivo deverá receber treinamento de atualização em técnicas de salvamento nos grupamentos da capital e interior, principalmente na Escola Superior de Bombeiros, em Franco da Rocha, Grande São Paulo.

O capitão Leão informa que a meta da corporação é que todos os hospitais públicos e privados do Estado de São Paulo tenham planos de emergência em caso de incêndio. Para isso, a corporação pretende visitar as unidades de saúde para reconhecimento da UTI, hidrantes, rotas de fuga, geradores e outras informações, que serão documentadas e disseminadas no Corpo de Bombeiros local.

O plano particular de intervenção ajudará na remoção dos pacientes no caso de incêndio e salvamento das vítimas. O Corpo de Bombeiros está formulando instrução técnica sobre segurança contra incêndio em hospitais, que deverá ser publicada em 2010.

Treinar para salvar

O Centro de Ensino, Treinamento e Simulação do Hospital do Coração (Cetes-HCor) é a primeira instituição brasileira de educação na área da saúde afiliada à Society for Simulation in Healthcare (SSH), sociedade mundial que agrega 148 dos mais conceituados centros de simulação em todo o mundo. Está credenciado na American Heart Association (AHA), que o habilita a ministrar cursos de suporte básico e avançado de vida seguindo os rígidos padrões de qualidade estabelecidos por esta sociedade.

O enfermeiro Oliveira, do Cetes-HCor, diz que o ensino simulado é uma nova vertente na qualificação de profissionais de saúde e está entre as mais eficazes maneiras de melhoria no atendimento assistencial. A formatação de todos os cursos conta com o respaldo do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor.

No Centro de Ensino são oferecidos cursos para o público sem formação na área da saúde interessado em aprender técnicas de primeiros socorros. Há o curso Salva Corações, que ensina manobras de reanimação cardíaca e utilização de desfibrilador automático, além do curso de primeiros socorros que aborda manobras básicas de imobilização, estancamento de sangramento, entre outras ações.

Da Agência Imprensa Oficial