Coralusp coleciona arte e história em seus 40 anos

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seg, 29/10/2007 - 10h10 | Do Portal do Governo

Um dia, no cada vez mais longínquo ano de 1967, um grupo de estudantes da Escola Politécnica (Poli) da USP teve a idéia de montar um coral. Eles tinham disposição, interesse e alguns até possuíam vocação artística; mas a composição de suas turmas na Poli dificultava a formação do grupo. O curso de engenharia era – e ainda é – composto, majoritariamente, por homens. E um coral precisa ter seu grupo de integrantes dividido harmonicamente entre os sexos.

Os futuros engenheiros então recorreram a uma unidade da USP em que ocorre justamente o oposto: a Escola de Enfermagem (EE). E assim, dessa junção entre politécnicos e enfermeiras, foi dado o primeiro passo para a constituição do Coral da USP, o Coralusp, que comemora seus 40 anos em 2007 com uma série de realizações e feitos que superaram os ideais de seus fundadores.

Hoje, o Coralusp tem 13 grupos de cantores, que têm em média 30 integrantes cada. Nove regentes, sob a direção do maestro Benito Juarez e coordenados por Alberto Cunha, são os responsáveis por preparar as vozes dos interessados e fazer do Coralusp um dos mais destacados expoentes de difusão cultural da Universidade.

Profissionalização –  Os cantores do Coralusp não são remunerados para exercerem suas atividades. O que não impede a presença de profissionais entre suas fileiras. “Temos no grupo alguns profissionais, mas que aqui atuam como voluntários. A presença deles é importante porque eles repassam experiência e técnicas aos mais novos”, explica o coordenador Alberto Cunha, que também é um dos regentes do Coral. Em fevereiro do próximo ano será aberto um processo seletivo para a entrada de novos cantores.

Cunha diz que o perfil dos cantores do Coralusp é dos mais heterogêneos. Os extremos da idade estão bem representados: há os cantores mais jovens, com pouco mais de 18 anos, e também os da terceira idade – o integrante mais “experiente” do Coralusp já passou dos 70. A diversificação também se faz no perfil econômico e social dos cantores. O Coralusp, ao contrário do que é pensado por muitos, não é restrito apenas a pessoas com vínculos com a USP. “Por questões até naturais, é mais comum que estudantes e funcionários da Universidade estejam em grande número. Mas há uma quantidade significativa de cantores que não trabalha nem estuda na USP, e se juntou ao coral pela vontade de cantar”, diz o coordenador.

Lucy Sayeg é uma delas. Ela canta no Coral há três anos e considera sua participação no grupo uma “terapia”. Que também aplica com finalidades profissionais – ela é arterapeuta, e enfatiza os benefícios que a música traz para a saúde. Roberto Yokoya, arquiteto, divide suas atividades profissionais com as do Coral. Há 21 anos. Desde que era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “O convívio social daqui é ótimo. O Coralusp é uma verdadeira família”, comemora.

Yokoya frisa que sua experiência como cantor não interfere no cotidiano profissional. “Eu separo bem as coisas”, enfatiza. Mas a trajetória de Alberto Cunha, o coordenador do Coralusp, vai na mão contrária. Ele, sim, “misturou as coisas”: conheceu o Coralusp enquanto se graduava em física na USP e depois enveredou pelo ramo artístico, formando-se mestre em canto coral pela Escola de Comunicações e Artes (ECA). Mas sem esquecer a física: Cunha é pesquisador na área de acústica musical, participando de grupos de discussão na área.

Méritos artísticos – Variado também é o repertório do Coralusp. Como explica Alberto Cunha, a existência de diferentes grupos dá ao coral a liberdade de trabalhar com diversas concepções musicais. “Trabalhamos com base em projetos. Por exemplo, acreditamos ser interessante que um grupo se dedique à música popular, enquanto outro tenha um enfoque mais erudito”, diz o músico. Para Cunha, essa maleabilidade aumenta o reconhecimento do Coralusp, já que há a possibilidade de fazer apresentações para diferentes tipos de público.

Entre os feitos do coral, destacam-se as turnês da década de 1970, que levaram o grupo a diferentes países da África, Europa e América, e alguns grandiosos concertos, que reuniram mais de 800 integrantes, em alguns casos, e outros que contaram com a participação de músicos consagrados, como Milton Nascimento.

Mas é um singelo episódio que o Alberto Cunha cita ao falar sobre a potência do coral. “Foi quando nos apresentamos em Campos do Jordão. Fizemos uma temporada de concertos lá. Um dia, fomos procurados por duas mulheres que trabalhavam em um sanatório de tuberculosos da cidade. Elas nos contaram que haviam gravado o concerto e que o executavam no sanatório, para que os internos ouvissem a música. Foi um momento muito gratificante”, diz Alberto.

Agenda

Todos os concertos têm entrada franca.

Dia 10 de novembro (sábado), 16 horas

MASP

Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César, São Paulo

Ópera “Dido e Enéas”, de Henry Purcell

Dia 11 de novembro (domingo)

11 horas

Casa de Dona Yayá

Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo

Peças de Marenzio, Caymmi e outros.

12 horas

Centro Cultural Fiesp

Avenida Paulista, 1313, Cerqueira César, São Paulo

Programa “O sagrado e o profano”

19 horas

Igreja Santo Inácio de Loyla

Rua França Pinto, 115, Vila Mariana

Obras de Claudin de Sermisy, Luís Antônio e outros.

Da USP Online