Convênio de cooperação tecnológica une Esalq e Universidade de Illinois

Parceria existe desde 1891, quando Luiz de Queiroz contratou o primeiro professor norte-americano

qua, 25/07/2007 - 11h19 | Do Portal do Governo

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP-Esalq) terá, dentro do câmpus de Piracicaba, um escritório de atividades da Universidade de Illinois. A representação faz parte do convênio de cooperação internacional. Trata-se da University of Illinois at Urban Champain (UIUC), por meio do College of Agricultural, Consumer and Environmental Sciences (ACES), estrategicamente localizada no cinturão agrícola norte-americano, uma das faculdades de agronomia mais conceituadas dos Estados Unidos. A Esalq mantém, ainda, parceria com outra instituição estrangeira, a Wageningen University and Research Center, da Holanda.

“A parceria entre a Esalq e Illinois é antiga, data de 1891. Naquele ano, Eugène Davenport, professor e diretor da Universidade de Agricultura de Michigan, foi contratrado por Luiz de Queiroz, para lecionar na Escola de Agricultura. O contrato terminou após um ano, porque Queiroz não tinha mais condições de manter o professor na instituição. O pagamento era em dólar e Queiroz chegou a vender sua usina de algodão para o pagamento dos professores e para manter a escola”, segundo informa o professor João Martinez, da Esalq.

A partir da década de 1980, as duas instituições retomaram a parceria e passaram a realizar intercâmbios de professores e alunos. Passados 115 anos, as duas universidades formalizaram, efetivamente, o convênio, no dia 24 de junho passado. Estiveram presentes na assinatura o diretor da Esalq, Antônio Roque Dechen, a presidente da Comissão de Cooperação Internacional da USP, Marisa Aparecida Bismara Regitano d´Arce, o presidente da UICC, Richard Herman, o pró-reitor de assuntos internacionais da ACES, William Brustein, o diretor do College ACES, Robert A. Easter, e o professor do Department of Agricultural and Consumer Economics, Peter Goldsmith.

Soja de alta latitude

As áreas de cooperação contemplarão três linhas de atuação: complexo de soja – toda a cadeia será estudada: produção, ambiental e econômica. Martinez destacou a importância da parceria, pois a Universidade de Illinois possui o maior banco de germoplasma de soja das Américas, com 20 mil variedades catalogadas, e já tem formalizado com o Brasil um intercâmbio para que a Esalq também participe.

“Os norte-americanos”, lembra Martinez, “plantam a soja de alta latitude (paralelo 40) nos Estados de Ohio, Indiana, Illinois, Dakota do Norte e Dakota do Sul, Kansas e Minnessota”.

Essa variedade de soja não pode ser plantada em países africanos e asiáticos (particularmente a Índia e a China). Esses países só conseguem produzir soja de baixa latitude (paralelo 15) que é plantada no Brasil (Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). O convênio será para a produção dessa variedade e desenvolvimento de novas tecnologias. A Fundação Mato Grosso (FMT), localizada em Rondonópolis é, há dez anos, parceira da Esalq no desenvolvimento de pesquisas sobre essa variedade de soja.

A segunda linha de atuação está relacionada à bioenergia – produção de etanol de milho, de cana-de-açúcar e de biodiesel. Os Estados Unidos são líderes na produção de etanol de milho. “Apesar de termos o milho como segunda cultura”, diz Martinez, “com produções no Estado do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e oeste da Bahia, não temos a tecnologia para o desenvolvimento desse produto. A região de Piracicaba é líder na produção de etanol de cana-de-açúcar. Dessa forma haverá uma somatória de competências entre as duas universidades para o desenvolvimento de uma Usina Flex que produzirá etanol à base de soja e de milho”. 

Milho e cana-de-açúcar

O professor explicou que, dessa maneira, as usinas que produzem etanol à base de cana-de-açúcar poderão produzir etanol à base de milho, na época de entressafra (dezembro a abril).

Martinez informa ainda que a parceria visa, também, ao desenvolvimento de uma tecnologia para produzir etanol a partir de celulose ou de biomassa alternativa. Pesquisadores da Universidade de Illinois já trabalham com projetos nessa área.

A terceira linha de atuação é a acadêmica. Haverá intercâmbio entre docentes e estudantes, esforços conjuntos de pesquisa, participação em seminários e reuniões acadêmicas, intercâmbio de materiais permanentes e outras informações, programas acadêmicos de curto prazo, como cursos de especialização em agronegócios e de inserção entre as duas instituições.

Os estudantes brasileiros Renato Ramunsen e Amanda Diavan partem em agosto para a Universidade de Illinois. Eles são os primeiros contemplados no intercâmbio entre as duas instituições. Amanda recebe bolsa da Fundação Mato Grosso, enquanto Renato foi apadrinhado por uma família norte-americana e terá todas as suas despesas pagas por ela. Já a Esalq receberá o estudante norte-americano William Bowser, que permanecerá no Brasil durante seis meses.

O ACES Center at Esalq será inaugurado sexta-feira (26), e entre as atividades programadas haverá um painel de biocombustíveis, com os pesquisadores Heloisa Lee Burnquist, Weber Antônio Neves do Amaral e Miguel Daddoub e uma visita à Caterpillar e à Usina Cosan.

Maria Lúcia Zanelli

Da Agência Imprensa Oficial