Conselho da USP aprova incentivo aos cursos noturnos

Disciplinas ministradas no período noturno terão acréscimo de 50% nas verbas

sex, 03/12/2010 - 13h00 | Do Portal do Governo

A partir de 2011, as disciplinas ministradas nos cursos noturnos da USP terão acréscimo de 50% em suas verbas em relação àquelas dos cursos diurnos. A Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) propôs e o Conselho Universitário (Co) aprovou que essas disciplinas tivessem peso maior no orçamento das unidades. O porcentual era anteriormente de 35%.

“Isso é um avanço, porque permite a ampliação dos cursos noturnos mantendo a mesma qualidade dos diurnos”, considera o presidente da COP, professor Joaquim José de Camargo Engler. No cálculo de dotação orçamentária das unidades, o principal fator é o ensino, cabendo 60% à graduação e 40% à pós-graduação. O cálculo leva em conta o número de matrículas e de créditos-aula, explica Engler. As diretrizes orçamentárias aprovadas pelo Co definem que “as atividades de ensino de graduação serão mensuradas pelo número de matrículas por disciplina de graduação ministrado pela unidade, considerando-se o crédito-aula (referente às aulas teóricas e práticas) e o crédito-trabalho. As matrículas em disciplinas ministradas em cursos noturnos serão computadas com um acréscimo de 50%”.

Aprovadas as diretrizes no Co, agora os cálculos por unidade estão sendo feitos pela Coordenadoria de Administração Geral (Codage) e devem ser apreciados na reunião do Co no dia 14 de dezembro. “A unidade utiliza os recursos na graduação a seu critério”, diz Engler.

Uma vez que os custos administrativos das atividades à noite são maiores, a destinação pode ser para itens como pessoal, material ou infraestrutura. O orçamento previsto para a USP em 2011 é de R$ 3,598 bilhões, contra R$ 2,979 bilhões da previsão inicial de 2010.

A Constituição Paulista de 1989 prevê que as universidades públicas estaduais devem ofertar no período noturno uma quantidade de vagas equivalente a pelo menos um terço do total. Na USP, o próximo vestibular coloca em disputa 10.652 vagas, sendo 3.642 em cursos noturnos (34,2% do total). A nova carreira oferecida – Educomunicação, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) – terá todas as suas 30 vagas no período da noite.

Infraestrutura
A discussão sobre os cursos noturnos integra o debate mais amplo deflagrado pela Reitoria sobre a graduação na Universidade. O documento “Princípios gerais para a criação de novos cursos de graduação na USP”, aprovado pelo Co no dia 14 de setembro, estabelece alguns temas para orientar as unidades. Uma das recomendações é que se dê “maior atenção aos cursos noturnos, oferecendo-lhes infraestrutura adequada para o seu funcionamento, incluindo horários de pessoal de apoio, biblioteca, serviços de alimentação e segurança”.

Para a pró-reitora de Graduação da USP, Telma Zorn, existem duas dimensões envolvidas no maior investimento nos cursos noturnos – cujo principal objetivo, além de valorizá-los e favorecer sua ampliação, é diminuir a evasão. Uma delas é melhorar a infraestrutura, provendo, por exemplo, salas mais confortáveis e mais iluminação e segurança no entorno dos prédios, além de ampliar o atendimento do apoio administrativo, dos serviços acadêmicos e de assistência estudantil.

O segundo aspecto envolve as questões pedagógicas. “O professor do noturno é mais sacrificado, e o aluno também. Como médica, posso dizer que nosso ciclo circadiano é completamente diferente à noite”, diz. Esses fatores, de acordo com a pró-reitora, devem levar a mudanças nos meios de ensino. Incentivar e ampliar o uso das novas ferramentas tecnológicas é uma das sugestões de Telma Zorn.

Como fruto de sua experiência ao lecionar para alunos de Odontologia à noite, a pró-reitora considera também que o perfil dos ingressantes está mudando. Anteriormente a maioria dos alunos do período noturno precisava trabalhar durante o dia ou cursava uma segunda graduação. Atualmente, acredita, mesmo alunos mais jovens, de primeira graduação e que não necessariamente trabalham, optam por estudar à noite. Para Telma Zorn, esse é mais um tema que merece estudo e reflexão por parte da Universidade.

Da USP