Conheça o perfil do atendente do Poupatempo

Esse servidor é um misto de atendente e confidente

ter, 13/11/2007 - 10h00 | Do Portal do Governo

Funcionário do Poupatempo precisa ter uma virtude especial: paciência. Não deve perder a compostura nos momentos de irritação do cidadão contrariado. O empregado é também um bom ouvido para lamentações, dramas e situações curiosas provocadas por quem mora em São Paulo, cidade grande e sem condições de tratar seus inquilinos com carinho. Esse servidor é um misto de atendente e confidente.

A gerente do Posto Sé, Cândida Rocha Schwenck, lembra que certa feita apareceu uma mulher para tirar o RG de seu filho menor. Quando os funcionários viram que a criança estava despida, trataram de fazer uma “vaquinha” para comprar roupa. Há ainda situações em que os atendentes do posto indicam albergues ao necessitado.

Wagner Ramos Garcia Santos, um dos 25 orientadores do posto Sé, conta ficar comovido em certas situações. Há poucas semanas atendeu a uma senhora que usava bengala, andava a passos curtos. Ela havia perdido parte dos movimentos do corpo num acidente, quando trabalhava como voluntária num hospital. Após a fatalidade seu casamento acabou e sua vida ruiu.

Mesmo assim, recorda Wagner, a senhora ainda transmitia otimismo nos olhos. Depois de ter tirado o documento que queria, foi auxiliada por Wagner a chegar até a porta do Metrô. Tal procedimento é vedado aos empregados, mas a administração permitiu a boa ação.

Wagner atendeu também a um morador de rua que teve os documentos roubados. O homem havia ganho passagem para voltar à sua terra, Bahia, e precisava imediatamente de algum papel que comprovasse ser ele mesmo, para não perder o ônibus. O baiano saiu do Poupatempo com uma declaração de comparecimento, que se sequer é documento, mas que deve ter servido para ele chegar ao seu destino.

Enquanto arruma seu lenço vermelho no pescoço, o que a identifica como orientadora do Poupatempo (os homens usam gravata da mesma cor), Kelly Cristina Vieira da Silva relata que há muitas pessoas que nem sabem o que querem. “Contam histórias até chegar ao ponto de a gente entender o que desejam”, diz Kelly. A moça observa também aqueles que entram no prédio apenas para ter com quem conversar, provavelmente, atraídos pela multidão que passa pelo local diariamente.

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial