Conferência de Produção mais Limpa debate questões do setor sucroalcooleiro

Evento promoveu mesas-redondas com especialistas nas áreas ambiental, econômica e social

sex, 23/05/2008 - 16h04 | Do Portal do Governo

A 7ª Conferência Municipal de Produção mais Limpa, realizada na quarta-feira, 21, abordou o tema “O etanol e a cidade de São Paulo: suas perspectivas e oportunidades”, com três mesas-redondas, que debateram as vertentes ambiental, econômica e social do tema, concluindo o tripé da sustentabilidade. Antes dos debates, Jonas Ericsson, gerente de Projetos de Meio Ambiente, Saúde e Transporte Limpo da cidade de Estocolmo, na Suécia, apresentou o caso dos ônibus coletivos da cidade, que em parte já são abastecidos com etanol, e a previsão é que até 2025, 100% da frota use o combustível renovável. “Com este projeto, já economizamos 17 milhões de litros de diesel por ano com 400 ônibus movidos a etanol”, declarou Jonas.

A primeira mesa-redonda, que debateu as questões ambientais ligadas à produção e o uso do etanol, contou com a participação de Flávio de Miranda Ribeiro, gerente da Divisão de Tecnologias Limpas e Qualidade Laboratorial da CETESB, Paulo Saldiva, do Departamento de Patologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Alfred Szwarc, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar – UNICA.

Segundo Flávio Ribeiro, o setor sucroalcooleiro apresenta diversas oportunidades de melhoria de desempenho ambiental. “Em todo o ciclo de vida do etanol, é possível aplicar a produção mais limpa, desde a colheita da cana até a distribuição do produto, como a eliminação da lavagem de cana, sendo a limpeza feita a seco, o retorno de águas de resfriamento, a geração de energia com o bagaço e o uso da vinhaça como ferti-irrigação”, exemplificou.

Paulo Saldiva apresentou diversos gráficos resultantes dos experimentos realizados em sua sala na Faculdade de Saúde Pública, no bairro de Pinheiros. Segundo o patologista, os veículos que trafegam na avenida Dr. Arnaldo, onde está localizada a faculdade, são responsáveis por 52% das emissões de material particulado concentrados no local. “Já constatamos que 8% dos casos de câncer de pulmão em pacientes residentes na cidade de São Paulo são causados pela poluição atmosférica”, alertou.

Para Alfred Szwarc, o uso do etanol é uma das soluções para combater a poluição em geral. “Estudos realizados pela UNICA em parceria com a Universidade de Campinas – UNICAMP indicam que o dióxido de carbono emitido com a queima da palha da cana é totalmente absorvido pela gramínea em sua fase de crescimento. Além disso, o setor sucroalcooleiro é um dos que menos usa agrotóxicos, pois faz o controle biológico de pestes”, esclareceu. O consultor também mostrou o interesse do setor nas questões ambientais, exemplificando com a assinatura do Protocolo Agroambiental, no qual as usinas e os fornecedores de cana se comprometeram a acabar com a queima da palha da cana em 2014 e recuperar as matas ciliares existentes nas áreas de plantio.

Segundo o prefeito Gilberto Kassab, presente na abertura do evento, a municipalidade tem conseguido avançar com facilidade nas questões ambientais por cota da consciência da sociedade paulistana. “A cidade ganhou confiança para avançar no combate à poluição, um exemplo disso é o programa “Cidade Limpa”.

O vereador Gilberto Natalini, organizador do evento, enfatizou a importância do tema abordado na 7ª Conferência para a qualidade de vida dos cidadãos paulistanos.”Queremos debater profundamente a questão dos biocombustíveis e propor aos gestores municipais, estaduais e federais que adotem novas políticas de sustentabilidade para a cidade”, afirmou.

O secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, afirmou que as políticas públicas de saúde e meio ambiente estão cada vez mais interligadas e que o principal problema ambiental que interfere diretamente nessas agendas é a poluição veicular. “A Secretaria (SVMA) procura com lanterna engenheiros e arquitetos que entendam de ciclovia para que a gente acabe com esse paradigma de que não dá pra usar bicicleta em São Paulo. Em Paris e Londres, é possível, mas aqui não?”, questiona.

Os participantes do evento também tiveram a oportunidade de conhecer diversas ações sociais de sustentabilidade, como os projetos de uso de bagaço de cana para a confecção de luminárias e o reaproveitamento de latas de alimentos e condimentos como porta-lápis, ambos produzidos por moradores de rua. A Conferência também contou com a participação de José Ignácio Siqueira de Almeida, diretor presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo – EMTU, Silvia Velazquez, coordenadora técnica do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP – CENBIO, Wagner Palma Moreira, economista do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros de São Paulo, Alcides Lopes Leão, consultor de Gestão Ambiental do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo – SEBRAE, Carlos Eduardo Fredo, pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria de Agricultura e Abastecimentos, e Maria Luiza Barbosa, coordenadora de Responsabilidade Social Corporativa da UNICA.

Da Secretaria de Meio Ambiente

(I.P.)