Computador em excesso faz jovem perder o sono

Constatação está em dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp

ter, 10/04/2007 - 17h33 | Do Portal do Governo

Adolescentes que permanecem muito tempo em frente ao computador à noite apresentam má qualidade do sono e sonolência diurna, sendo mais suscetíveis a alterações no humor, entre outras conseqüências. As constatações estão na pesquisa de mestrado da psicóloga Gema Galgani de Mesquita Duarte, recém-apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

Para fundamentar seu trabalho, a pesquisadora ouviu 160 adolescentes entre 15 e 18 anos. O estudo, primeiro do gênero no Brasil, traz à tona a discussão de um problema enfrentado por grande parte das famílias: o uso noturno do computador pelos adolescentes. “A experiência doméstica me levou a querer entender as conseqüências desta prática que já se tornou freqüente entre os jovens”, salienta a psicóloga.

Pelo estudo, 66,25% dos adolescentes foram classificados como “maus dormidores”, e o horário de maior freqüência em frente à máquina ocorre no período entre 17 horas e 3 horas da madrugada, durante a semana. Nos finais de semana, a situação fica ainda mais grave – a maioria fica entre as 18 horas e 6 horas da manhã. Na opinião da psicóloga, os pais deveriam ter mais controle em relação ao problema, antes que o hábito se torne algo incontrolável.

“Muitos pais acreditam que, pelo fato de o filho estar em casa, em seu quarto, não há problemas maiores em passar a noite acordado se relacionando com ‘amigos’”, opina. Entretanto, Gema Duarte adverte que o excesso de horas no computador, no período noturno, pode provocar distúrbios do sono e efeitos semelhantes aos registrados em trabalhadores que exercem suas atividades de madrugada. Ademais, a luz emitida pelo monitor afeta diretamente a produção de melatomina, hormônio responsável pelo sono, levando à latência ou ao acesso tardio do sono.

Uma noite bem-dormida é fundamental para a faixa etária pesquisada, embora não seja considerado pelos adolescentes, que a considera “perda de tempo”. Segundo Gema Duarte, trata-se de uma fase de transição, marcada por conflitos e adaptação a novos papéis. “O equilíbrio psíquico e emocional é importante neste estágio. Dependendo do horário em que o sono é interrompido, é reduzido justamente o sono de ondas lentas, responsável pelo hormônio do crescimento”, explica. Também está comprovado, por estudos científicos, que até mesmo o ato de sonhar faz parte da qualidade do sono. “Quem não sonha, tem mais chances de desenvolver transtornos psiquiátricos”, esclarece.

A pesquisa, orientada pelo professor Rubens Reimão, um dos maiores especialistas na área do país, também relacionou a qualidade do sono ao nível de estresse entre os adolescentes e ao aproveitamento escolar. Observou-se uma redução drástica no período de sono e, conseqüentemente, maior freqüência de cochilo e elevado índice de estresse em alunos que estudam no período matutino. O ideal é que os adolescentes tenham de nove a dez horas de sono diário.

Do Jornal da Unicamp

(R.A.)