Como a polícia recuperou os dois quadros da Pinacoteca

Roubo ocorreu no dia 12 de junho na Estação Pinacoteca

dom, 10/08/2008 - 18h06 | Do Portal do Governo

Policiais da 3ª Delegacia da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) recuperaram, na noite de quarta-feira (06), mais duas obras – ‘Mulheres na Janela’, do pintor Di Cavalcante e ‘O casal’ de Lasar Segall’ – roubadas no dia 12 de junho da Estação Pinacoteca. Os quadros foram localizados em Guaianazes, zona leste da Capital, na casa de D.C.O., um dos envolvidos no crime que ainda segue foragido. Em entrevista coletiva nesta tarde, o diretor do Deic, Youssef Abou Chain, anunciou a prisão de mais dois acusados, A.S.S., conhecido por “Ligadinho”, e E.S.N., o “Ed” – presos entre a última segunda (4) e quarta-feira (6), na mesma região. Ele disse que outros três integrantes do grupo já foram identificados. O secretário da Secretária da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e o delegado geral de Polícia Civil, Mauricio José Lemos Freire, também participaram da coletiva.

De acordo com o delegado titular da 3ª Delegacia do Patrimônio, Marcelo Teixeira Lima, a polícia chegou aos seis envolvidos no roubo: M.D.S., o “Marcelinho”, e U.E.B., o “Macarrão” (preso no dia 19 de julho, na zona leste), após o Grupo Armado de Repreensão a Roubos e Assaltos (Garra) de Guarulhos localizar a obra ‘O Pintor e seu Modelo’, de Pablo Picasso na casa dele; P.C.S., o “Paulinho”, A.S.S. (preso na última segunda, em Itaquera), E.S.N. (preso na noite de ontem em Guaianazes), e D.C.O., por meio de investigações e após a prisão do primeiro integrante.

“Depois da prisão de U.E.B., ele nos revelou detalhes do roubo e disse que o Marcelinho era o mentor do grupo. A partir das investigações, reforçadas com essas informações, conseguimos chegar até A.S.S. e E.S.N.”. Teixeira também contou que a utilização da inteligência policial foi essencial na localização das obras. “Um dos fatores que auxilou nas investigações foi a localização dos acusados pelos seus antecedentes criminais”, justificou.

O delegado assistente Adilson Marcondes informou que o acusado A.S.S. auxiliou U.E.B. na ocultação do primeiro quadro recuperado, e que E.S.N. confessou, após sua prisão, o esconderijo dos outros dois quadros achados ontem. “As obras de arte foram localizadas na casa de D.C.O. – que não estava presente no momento da apreensão –, em cima da cama dele, e não apresentaram nenhum sinal de estrago.” Marcondes ainda disse que a polícia não identificou exatamente a participação de D.C.O. no crime; somente que ele era o proprietário da casa onde foram achados os quadros.

Marcondes relatou a participação de alguns integrantes no momento do roubo. “M., que estava armado, “U”, e “P” entraram na Estação Pinacoteca e efetuaram o roubou. “E.” ficou no carro, aguardando o trio para fugir”. O delegado ainda informou que o acusado “Ed” disse que “Marcelinho” convidou os comparsas para o crime. E, um mês e meio antes do roubou, fizeram duas visitas no local. “O circuito fechado da Pinacoteca registrou a presença deles”.

Ainda falta uma gravura de Pablo Picasso ‘Minotauro, Bebedor e Mulheres’ de Picasso, para ser recuperada. “A obra está na zona leste com um dos foragidos. Não vamos informar qual deles para não atrapalhar as investigações que estão sendo feitas”, disse o delegado Marcelo Teixeira. Para o diretor do Deic, não houve nenhuma encomenda das obras. “O grupo percebeu a possibilidade de ganhar dinheiro e praticou o roubo: houve oportunidade e conveniência. Somente depois do crime iriam atrás de algum comprador”. Chaim disse, ainda, que apesar da possibilidade de haver algum comprador, ninguém foi identificado. O diretor também explicou que o roubo da Pinacoteca não tem relação com o roubo do Masp, ocorrido dia 20 de dezembro de 2007.

Quatro dos integrantes têm passagem pela polícia: “Marcelinho” tem por homicídio e roubo; “Macarrão”, por tentativa de homicídio; “Paulinho” tem duas passagens por roubou; e “Ed”, por infração de menor potencial ofensivo (envolvimento em acidente de trânsito).

Teixeira explicou que cada um teve uma participação no roubo e será responsável por um crime. “Eles poderão responder por roubo, formação de quadrilha e receptação. Os indiciados por roubo podem pegar de 4 a 12 anos de reclusão.” Já o delegado Adilson Marcondes contou que a investigação está sendo feita desde que ocorreu o crime, visando identificar todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para o roubo; e, também, localizar as obras levadas.”

O Delegado Geral da Polícia Civil elogiou o desempenho e a rapidez dos policiais na recuperação das obras e disse que o chefe da América do Sul para Interpol esteve presente no seu gabinete para cumprimentar a polícia paulista no caso do Masp e da Pinacoteca. “Segundo o chefe da Interpol existem 11.500 obras cadastradas, que ainda estão sob investigação. A média para localizar uma obra de arte gira em torno de cinco anos, e o Deic, no caso das obras do Masp – roubadas no dia 20 de dezembro de 2007 e recuperada no dia 8 de janeiro de 2008 –, e no caso da Pinacoteca, surpreenderam em tempo recorde.”

Ronaldo Marzagão também elogiou o empenho do Deic e da polícia de Guarulhos, que recuperou uma das obras de arte, e destacou a importância da inteligência policial. “Fico muito feliz porque a polícia de São Paulo trabalhou com a inteligência. É a inteligência substituindo a força. O governo do Estado tem investido muito em ferramentas de inteligência; tem investido muito na cultura da inteligência e na cultura da investigação”, reforçou.

O roubo

No dia 12 de junho, por volta das 12 horas, três homens armados renderam os funcionários da Estação Pinacoteca e levaram quatro obras de arte. O grupo roubou duas gravuras de Pablo Picasso, ‘Minotauro, Bebedor e Mulheres’ e ‘O Pintor e seu Modelo’; uma pintura a óleo de Emiliano Di Cavalcanti, ‘Mulheres na Janela’, e um guache de Lasar Segall, ‘O Casal’.

Da Secretaria de Segurança Pública

(M.S.)