Comissão de movimento dos sem teto é recebida no Palácio dos Bandeirantes

Manifestantes estão acampados em Itapecerica da Serra. A causa não envolve o governo, pois se trata de um litígio entre o MTST e o dono do terreno

sex, 30/03/2007 - 20h44 | Do Portal do Governo

Uma comissão, representando mais de duas mil pessoas ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), foi recebida no Palácio dos Bandeirantes, nesta sexta-feira, dia 30. Há duas semanas elas estão acampadas num terreno em Itapecerica da Serra. Já receberam ordem de despejo, que seria executada na próxima segunda-feira, dia 2. A causa não envolve o governo, pois se trata de um litígio entre o MTST e o dono do terreno, uma propriedade privada. A mobilização até o Palácio dos Bandeirantes tinha como finalidade adiar a ordem de despejo. 

O grupo do acampamento João Cândido chegou às imediações do Estádio do Morumbi (no início da avenida Giovanni Gronchi) por volta das 13h30. Ali, foi realizada uma assembléia para discutir a pauta de reivindicações do MTST que seria apresentada em reunião no Palácio dos Bandeirantes.

Ulrich Hoffmann, secretário-adjunto da Habitação do Estado de São Paulo, recebeu, às 15h, uma comissão dos manifestantes para ouvir as reivindicações. Os líderes do movimento aproveitaram a ocasião para pedir casas. No final do encontro,  o secretário-adjunto anunciou a realização de reunião na próxima quarta-feira, às 14h, com representantes do MTST, autoridades do Ministério das Cidades, o prefeito de Itapecerica e lideranças religiosas locais. Ali, a Secretaria pretende apresentar proposta de criação de programa habitacional para a região.

“Foi uma conversa muito produtiva, apesar de todas as dificuldades, com resultados concretos. Pudemos melhorar nosso diagnóstico a respeito da situação habitacional na região de Taboão e Itapecerica da Serra”, destacou Hoffmann.

Ação de despejo

A segunda questão apresentada pelo movimento durante a reunião foi o pedido de adiamento da execução de despejo das famílias que estão acampadas no terreno de Itapecerica da Serra. Segundo um dos coordenadores do movimento,  o  terreno está localizado na Avenida Gilberto Agostinho, no bairro Valo Velho, em Itapecerica da Serra. A área possui 1,3 milhão de metros quadrados e está abandonada há 17 anos. O movimento garante que o  terreno foi desmatado pelo proprietário e antes estava servindo de esconderijo para bandidos da região.

O secretário-adjunto esclareceu que não é da competência do Estado interferir na decisão judicial que determinou que a ação de despejo fosse executada integralmente na próxima segunda-feira, dia 2. Revelou, porém, que o esforço do Governo em negociações com o Poder Judiciário permitiu protelar a ação de desocupação para o dia 4, com prazo de 15 dias para ser concluída. Os representantes do Movimento rejeitaram a proposta, alegando que seria muito difícil selecionar quais famílias seriam despejadas primeiro.

“Temos de ter claro que quem define essa situação é a Justiça. Conseguimos, num primeiro momento, adiar por alguns poucos dias para planejar a desocupação. Tínhamos chegado a um acordo de dar um prazo de 15 dias, a juíza estava de acordo, mas dependia da anuência do proprietário. Queremos fazer publicamente um apelo para que o proprietário deixe de exigir essa urgência, principalmente porque o movimento se compromete a se retirar pacificamente da área”, declarou Hoffmann.

Depois da reunião, os líderes do movimento reconheceram que o resultado das negociações com a Secretaria da Habitação foi satisfatório. Desta forma, as famílias que protestavam próximo ao Palácio do Governo decidiram retornar ao acampamento.

Atendimento

O coronel Alaor José Gasparoto, responsável pelo policiamento no local da concentração, informou que nenhum incidente foi registrado das 13h30 até às 18 horas. Segundo ele cerca de 500 policiais foram destacados para o local para garantir a segurança das pessoas.

Quatro unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192) prestaram atendimento às pessoas que passaram mal por causa do forte calor. Um caminhão pipa da Sabesp providenciou o fornecimento de água

Joice Henrique e Regina Amabile