Começa o Festival de Inverno de Campos do Jordão

"Música e Literatura" é o tema da 39ª edição do maior e mais importante evento de música clássica da América Latina

dom, 06/07/2008 - 13h23 | Do Portal do Governo

Auditório lotado, público eclético vestido com muitos casacos e cachecóis. No palco, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) regida pelo maestro John Neschling. Foi assim, na noite deste sábado, 5, a abertura da 39ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão, o maior e mais importante evento de música clássica da América Latina e que, este ano, tem como tema “Música e Literatura”.

O governador José Serra prestigiou o início da maratona de concertos do Festival no auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão, onde será realizado o Festival entre os dias 5 e 27 de julho. Além do auditório, também haverá apresentações na praça do Capivari, Capela do Palácio Boa Vista, Igreja Santa Terezinha, Igreja São Benedito e, este ano pela primeira vez, na Igreja Nossa Senhora da Saúde, no bairro Jaguaribe.

Ao todo, serão 50 espetáculos em 23 dias, grande parte deles com preços populares e 24 concertos gratuitos. O Festival de 2008 oferece ainda 148 bolsas de estudos para músicos dos 12 aos 35 nos cursos de instrumentos, prática de orquestra, música de câmara, canto lírico, técnica de gravação, regência e composição. 

Apenas o concerto de encerramento será realizado na Sala São Paulo, na capital, em 27 de julho, com a Orquestra Acadêmica do Festival, formada pelos bolsistas, regida pelo maestro alemão Kurt Masur, e contando com o Coro da Osesp e o Coral Paulistano do Theatro Municipal de São Paulo.

Música e Literatura

No concerto de abertura, a OSESP interpretou Desenredo, do carioca João Guilherme Ripper, compositor residente de 2008. Também apresentou a Sinfonia Manfred, escrita por Tchaikovski a partir do livro de mesmo nome de Lord Byron, que narra a busca de um homem por sete espíritos que possam perdoá-lo e assim aplacar a culpa secreta que carrega.

O Festival é uma realização do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Estado da Cultura, com produção do Centro Tom Jobim, uma Organização Social da Cultura.

A 39ª edição do Festival tem como tema “Música e Literatura” e para o maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do Festival pelo quinto ano consecutivo, “o tema é mais do que apropriado, pois grande parte do repertório sinfônico é baseado em obras literárias, para não falar de música de câmara, da música vocal, da ópera.”

Como tem acontecido nos último anos, o Festival traz grandes artistas e formações, entre eles: Nelson Freire, Antônio Meneses, Rosana Lamosa, Fernando Portari, Ronald Zolllman, Glenn Dicterow, Jean-Louis Steuerman, Empire Brass, Orquestra Acadêmica, OSB, OSESP, Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sinfônica de Minas Gerais, Sinfônica Municipal de São Paulo e João Guilherme Ripper, que fará a estréia mundial de sua obra Capitu, baseada no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, no ano do centenário da morte do grande escritor.

Quase todos os artistas do Festival interpretam peças dentro do tema que o transformam em um grande painel literário e musical. O “Don Quixote” de Miguel Cervantes também é de Richard Strauss; “Romeu e Julieta” de Shakespeare influenciou Prokofieff e Tchaikovsky, entre outros compositores; a “Carmen” de Bizet acaba sendo mais conhecida que a original de Prosper Mérimée. E o que não dizer de nosso “Guarani”, de José de Alencar.

A montagem da ópera “Os Sete Pecados Capitais”, com música de Kurt Weill e texto do dramaturgo Bertolt Brecht, traz pela primeira vez a Campos do Jordão a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a participação especial da bailarina Ana Botafogo e a direção cênica de Carla Camurati, atriz e diretora que acumula grande experiência em teatro, cinema e televisão, já tendo dirigido a “Carmen” de Bizet, “Madame Butterfly” de Puccini e o filme La Serva Padrona, baseado na ópera bufa de Pergolsi.

Silvana Martinucci

(L.F.)