Começa maior festival de música clássica da América Latina

Em 2007, o evento acontece entre 7 e 29 de julho em seis espaços

dom, 08/07/2007 - 12h58 | Do Portal do Governo

A temperatura amena deste ano não fez jus à fama de Campos do Jordão. O quê, afinal, pouco importa. Mesmo sem o frio típico da montanha nesta época do ano, a cidade parou mais uma vez para acompanhar a abertura do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão – Dr. Luís Arrobas Martins. Em sua 38ª edição, o festival consagra-se como o maior e mais importante evento de música clássica da América Latina.

Depois de ouvir a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), sob a regência de John Neschling, executar obras de Samuel Barber, Robert Schumann e Liduino Pitombeira, o governador José Serra disse que é uma honra abrir o festival. “Ele começou muito bem, de forma extraordinária. Fico muito orgulhoso que o estado de São Paulo possa abrigar um festival desse porte”, comentou o governador no sábado, 28, nas dependências do auditório Cláudio Santoro.

Em 2007, o Festival acontece entre 7 e 29 de julho em seis espaços: Auditório Cláudio Santoro, Praça do Capivari, Capela do Palácio Boa Vista, Igreja Santa Terezinha, Igreja São Benedito e Espaço Cultural Cinema Dr. Além. O único evento que não terá espaço na cidade distante 167 quilômetros da Capital será o concerto de encerramento. Ele será realizado na Sala São Paulo, no dia 29, com a Orquestra Acadêmica do Festival, formada por bolsistas e regida pelo diretor artístico do Festival, o maestro Roberto Minczuk.

Na noite de abertura, transmitida ao vivo pela TV Cultura, Minczuk disse que as “apresentações marcarão não somente a vida dos presentes e dos telespectadores, mas sobretudo a vida dos jovem músico brasileiro e do jovem músico estrangeiro que foi selecionado de diversos países da América e do mundo”. O maestro estava se referindo aos 164 bolsistas desta edição do festival de inverno. Este ano, assim como acontece desde 2004, os bolsistas vão tocar e gravar um CD sob a regência de Minczuk.

Mulher

Em 2007 os organizadores do Festival de Inverno de Campos do Jordão prestam uma homenagem à mulher. Reconhecimento mais do que bem-vindo, visto o conservadorismo presente na música clássica, admitiu o maestro Roberto Minczuk. “Durante muito tempo não era permitido à mulher compor ou subir ao palco para reger. Elas não ousavam tocar instrumentos como o trompete ou o trombone, instrumentos que eram exclusivos de homens. Hoje a mulher se desponta e hoje ocupa o seu espaço necessário”, disse o maestro na noite de abertura.

Minczuk afirma que este espaço foi conquistado pela inteligência, sensibilidade, e criatividade das mulheres. Assim, concluiu depois de mencionar diversas atrações deste ano, “esse festival vai ser o mais completo e o mais charmoso que já tivemos aqui em Campos do Jordão”.

O mesmo sentimento foi compartilhado pelo secretário estadual da cultura, João Sayad. Após saudar o público com as boas-vindas, o secretário disse que a escolha do tema deste ano foi muito oportuna. Serra também aprovou a escolha. “O tema mulher é muito apropriado. Como disse o João Sayad, no mundo há coisas que vão para frente e outras que vão para trás. Então, se há algo que está dando certo, uma das boas coisas da época contemporânea, é o reconhecimento mais apropriado da situação da mulher, inclusive na música, que é o que este festival enfatiza”, disse o governador.

Mais de 500 mulheres vão subir aos palcos do festival este ano. Dentre elas, grandes intérpretes e compositoras como a soprano Dame Kiri Te Kanawa, as pianistas Cristina Ortiz e Sônia Rubinsky, o Trio Eroica, a trompetista Alison Balsom, a violonista Sharon Isbin, as sopranos Rosana Lamosa e Gabriela Geluda, além de Jocy de Oliveira, que será a compositora residente deste ano, entre outras.

A montagem da ópera Rita, de Gaetano Donizetti, será regida pela paulistana Débora Waldman e terá a direção cênica de Carla Camurati, atriz e diretora que acumula grande experiência em teatro, cinema e televisão, já tendo dirigido a Carmen, de Bizet, Madame Butterfly, de Puccini e o filme La Serva Padrona, baseado na ópera bufa de Pergolesi. Débora Waldman estudou na Argentina, Israel e no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris; é assistente do maestro Kurt Masur na Orquestra Nacional da França.

Estarão ainda em Campos do Jordão artistas do porte de Antônio Meneses, London Brass, Jean-Louis Steuerman, a OSB, a Orquestra Acadêmica do Festival, a OSESP, a Orquestra Sinfônica Municipal, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, dentre outras.

No Festival serão executadas as obras de diversas compositoras, além de Jocy de Oliveira. São composições de brasileiras como Marisa Rezende, Ester Scliar e Silvia de Lucca, cuja Sun D’Oro Suíte, está sendo composta especialmente para o Festival; e de Clara (mulher de Robert) Schumann; Fanny (irmã de Felix) Mendelssohn Hensel, Cecilia Mcdowall, Monica Thiele, Modesta Bór, Chiquinha Gonzaga, Nadia Boulanger, Nancy Galbright, Cécile Chaminade, Rebecca Clarke, Ingrid Silna, Rita Hymans, Esther Apituley, Ellen Taaffe Zwilich, Galina Ustwolskaja, Louise Farrenc, Amy Beach, Germaine Tailleferre, Ruth Crawford Seeger, Sofia Gubaidulina e Joan Tower, entre outras.

A noite de abertura contou ainda com a presença do secretário estadual da segurança pública Ronaldo Augusto Bretas Marzagão; do secretário estadual de ensino superior, José Aristodemo Pinotti; do secretário estadual de comunicação, Hubert Alquéres; do secretário estadual de relações institucionais, José Henrique Reis Lobo; do prefeito de Campos do Jordão, João Paulo Ismael; do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf; do presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Gesner Oliveira; e do presidente da Fundação Memorial da América Latina, Fernando Leça; entre outras autoridades.

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