Com radiocirurgia, HC trata câncer com precisão

Tratamento é aplicado em dose única, oferece menos risco e é mais eficiente e preciso

sex, 01/08/2008 - 8h29 | Do Portal do Governo

Dois pacientes com câncer, tratados no Serviço de Radioterapia do Hospital das Clínicas (HC), foram submetidos a radiocirurgia, nova técnica de radioterapia que permite ação mais concentrada sobre o tumor, sem atingir os órgãos adjacentes. É o primeiro procedimento de radiocirurgia num hospital público do Brasil. O trabalho é desenvolvido em parceria com o serviço de Neurocirurgia do HC da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Simone Corrêa, 44 anos, de Osasco, na Grande São Paulo, foi a primeira doente a passar pela intervenção no HC. É divorciada, mãe de um filho e portadora de meningioma (tumor cerebral benigno). Ela conta que o principal sintoma da moléstia era a turvação visual uma vez por semana, durante 30 minutos. Em 2005, fez cirurgia de ressecção parcial do tumor. “Naquela época, não retiraram todo o tumor porque se localizava em volta de uma artéria. Se a radiação atingisse esse órgão eu poderia morrer ou ficar cega”, conta.

Agora em julho passou pela radiocirurgia para eliminar totalmente a lesão de forma precisa. A paciente teve alta em 24 horas. Dois dias após, retornou ao trabalho. Diz levar a vida normal e não sente nenhum desconforto. O neurologista Evandro Souza, da equipe que a operou, explica que os sinais de cura total do meningioma serão nítidos em cerca de dois anos. É considerado avanço, porque muitos médicos acreditavam que a moléstia não respondia a tratamentos convencionais.

Ataque preciso – “A radiocirurgia, agora presente no HC, supre uma deficiência dos hospitais públicos do Estado de São Paulo em relação aos privados”, comenta o superintendente José Manoel Camargo Teixeira.

Ele diz que com a nova tecnologia, o HC atenderá melhor os pacientes e disseminará novos conhecimentos nessa área da Medicina, já que o hospital está vinculado à Faculdade de Medicina.

O procedimento é realizado pela combinação de dois equipamentos: um acelerador linear (que serve para tratar diversas outras doenças) e um sistema que permite a localização precisa do tumor. Os aparelhos pesam mais de uma tonelada, são importados da Alemanha e custam cerca de US$ 1,6 milhão.

Enquanto na radioterapia, a dose de radiação é fracionada em várias etapas, na radiocirurgia a dose é única e oferece menos risco. Outras vantagens: não se abre o crânio do doente e não provoca queda de cabelos. É indicada para radiar lesão pequena, de até 4 centímetros e de difícil localização, causada por malformação arteriovenosa inoperável, meningioma, metástase cerebral, cânceres e algumas doenças benignas.

Para chegar com precisão ao local exato do tumor, os médicos, físicos e demais especialistas fazem cálculo de computação com fusão das imagens obtidas nos exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética.

Outras doenças – A radiação dura no máximo um minuto. No caso de metástase, a cura total da lesão será visível após seis semanas da intervenção. Esse prazo pode variar, conforme as características da doença.

No futuro, a equipe do serviço de radioterapia do HC planeja usar a radiocirurgia para tratar dor, tumor medular, problemas psiquiátricos como transtorno obsessivo compulsivo, movimentos anormais e epilepsia.

A expectativa é atender dois a três pacientes por dia, provenientes dos institutos do complexo HC. Isso representa capacidade máxima de 40 radiocirurgias por mês.

Em julho, o Serviço de Radioterapia do HC também fez reformas no serviço de radiologia, desde o sistema de esgoto até o ar condicionado, e adquiriu novos equipamentos, como um tomógrafo exclusivo para o setor. A Radioterapia faz 185 atendimentos por dia.

Ao todo, a Fundação Faculdade de Medicina, que administra a FMUSP, e o governo do Estado de São Paulo, investiram quase R$ 4 milhões no setor.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)