Colheitadeira produzida em pesquisa da Unicamp reduz perda de tomate

Equipamento proporciona mais agilidade do processo no campo e proporciona vida útil maior do produto

ter, 13/02/2007 - 15h22 | Do Portal do Governo

Depois de quatro anos de pesquisas, que geraram oito dissertações de mestrado (todas em andamento) e 13 artigos científicos, uma equipe da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp concluiu em dezembro projeto que culminou com o desenvolvimento de um equipamento destinado a colher produto. Batizada de Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac), cujo protótipo está pronto e em fase final de ajuste, a máquina tem por objetivo reduzir as perdas que ocorrem durante e depois da retirada.

De acordo com o professor Marcos David Ferreira, coordenador do projeto, alguns estudos apontam que a produção pode sofrer uma quebra de até 30% nessas etapas. “Isso ocorre principalmente por causa do intenso manuseio, o que provoca uma elevada incidência de danos físicos aos frutos”, explica. Outra vantagem da nova tecnologia apontada por ele é que o equipamento depende da mão-de-obra humana em praticamente todo o processo, o que evita a redução de empregos no campo.

“Os colhedores continuam tirando os frutos do pé e fazem uma classificação visual por cor (verdes ou vermelhos) para depois colocá-los na máquina, na medida em que ela vai se deslocando pelo campo”, explica o professor Oscar Braunbeck, que participou das pesquisas. À Unimac cabe a classificação por tamanho, o que garante melhor padronização; o beneficiamento, que inclui lavagem e secagem (processos praticamente inexistentes na colheita exclusivamente manual), e a liberação para a embalagem. Depois disso, os frutos são encaixotados manualmente. “As caixas são transportadas pela própria máquina, o que evita o esforço físico dos trabalhadores”, ressalta.

Outra vantagem apontada por Braunbeck é que todo processo ganha agilidade. “Com a Unimac, há uma redução de até oito vezes no tempo gasto entre a colheita e a embalagem do produto. Isso implica diminuir o tempo entre o campo e o supermercado, o que resulta em uma vida útil do produto maior para o consumidor”, ressalta.

Vantagem para trabalhadores rurais

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto de pesquisa reuniu 13 docentes da Unicamp, de diferentes áreas, e mais três especialistas da Universidade da Flórida, Universidade Federal de Uberlândia e Centro de Qualidade de Hortaliças da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

O resultado desse esforço conjunto foi um equipamento constituído por uma plataforma móvel de seis metros de largura por 3,6 metros de altura, cujos testes de campo devem ter início dentro de dois ou três meses. Um dos cuidados tomados pelos idealizadores foi favorecer a operação do equipamento em terrenos inclinados, por isso tem tração nas quatro rodas. O acionamento é elétrico, em substituição aos convencionais sistemas mecânico e hidráulico.

Além de tornar ótima a colheita do tomate de mesa, a Unimac, de custo de mercado ainda não estimado, também deverá trazer vantagens para os trabalhadores rurais. Segundo os pesquisadores da Unicamp, o equipamento foi desenvolvido a partir de dois conceitos fundamentais complementares. Primeiro, não promover a redução do emprego no campo, já que os trabalhadores rurais são essenciais em quase todas as etapas do processo . Segundo, melhorar as condições de trabalho de homens e mulheres que sobrevivem da colheita do produto. “Nós nos preocupamos com uma série de questões, entre elas a que envolve a ergonomia, para não prejudicar a postura dos trabalhadores. Outra vantagem é que as caixas serão transportadas pelo próprio equipamento, dispensando as pessoas de carregarem peso, como acontece atualmente”, afirma o professor.

Sirlaine Aiala – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)