Coleção Paulista relança livros dos séculos XIX e XX

Confira os cinco primeiros títulos republicados pela Imesp

sex, 30/11/2007 - 19h26 | Do Portal do Governo

Em edição fac-simile, as cinco primeiras obras da Coleção Paulista foram publicadas originalmente entre 1827 e 1927. Saiba mais sobre elas:

  • A província de S. Paulo, do senador Joaquim Floriano de Godoy (1826-1902)

Publicado originalmente em 1875, este livro tem apresentação da historiadora Tânia Regina de Luca, professora da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP). Escrito para integrar o pavilhão que representou o Brasil na Exposição Industrial da Filadélfia, realizada em 1876, o livro é um apanhado estatístico, econômico e social da província de São Paulo. Sua importância reside no fato de mostrar o que era São Paulo na época, quando o eixo econômico da província mudava do Vale do Paraíba para o Oeste paulista, circunscrito à época à região de Campinas e Rio Claro. O livro tem 188 páginas e custa R$ 45,00.

  • Discursos parlamentares, do deputado e senador José Bonifácio de Andrada e Silva (1827-1886)

Essa obra saiu em 1880 e tem apresentação de Marco Antonio Villa. Sobrinho-neto do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva foi o maior orador político do período. A publicação original reunia 34 discursos, proferidos na Câmara dos Deputados entre 1861 e 1868, além de um pronunciamento de 1879. Para esta edição, foi incluído um discurso de 1886, importante por seu caráter abolicionista. “Podemos perceber a evolução das posições políticas de Andrada e Silva, um liberal defensor das causas democráticas. Estão presentes os temas dos grandes debates da época, como a Guerra do Paraguai, o federalismo, a escravidão, as eleições. É um rico retrato da vida política paulista e brasileira, feito por um dos políticos mais destacados do período, que foi professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde teve como alunos Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, entre outros nomes que se destacariam no cenário político nacional”, comenta Marco Antonio Villa. A obra tem 704 páginas e custa R$ 45,00.

  • Cartas sertanejas e Procellarias, de Julio Ribeiro (1845-1890)

Publicados em 1885 e 1887, respectivamente, esses livros ganharam um estudo de José Leonardo do Nascimento, historiador e professor da Unesp. O mineiro Julio Ribeiro foi um polemista temido pelos adversários que acabou ficando mais conhecido pelo romance naturalista A carne, publicado em 1888, que provocou escândalo na época. Gramático erudito, poliglota e refinado, Ribeiro não era bacharel – ao contrário de quase todos com quem polemizou. Participou ativamente da vida política da província por meio da imprensa e da militância republicana. Pertenceu a ala esquerda do movimento republicano e criticou duramente o Partido Republicano Paulista durante o período da propaganda republicana, entre 1870 e 1889. Os dois livros recopilam artigos de jornal em que o autor censura figuras importantes da vida política como Rangel Pestana, Prudente de Morais, Quintino Bocaiúva, entre outros. “Julio Ribeiro é um dos primeiros republicanos críticos de republicanos. Ele foi o primeiro a falar: desse jeito a república não vai dar certo”, observa José Leonardo do Nascimento. São 484 páginas e tem preço de R$ 35,00.

  • Manifestos e mensagens, de Manuel Ferraz de Campos Salles (1841-1913)

Publicado originalmente em 1902, tem apresentação de Júlio Pimentel Pinto, professor do Departamento de História da USP. Campos Salles ocupou a presidência da República entre 1898 e 1902. O livro traz discursos proferidos nesse período, que abordam temas como o unitarismo e o federalismo, assuntos espinhosos desde o advento da República, as negociações com os banqueiros Rothschild em torno do Funding Loan, acordo que trouxe novos recursos, ampliou os prazos de pagamento da dívida externa e impôs ao Brasil um conjunto de rígidos ajustes internos. “Campos Salles foi o  presidente da República que mais produziu e publicou dentre os presidentes brasileiros. No volume reeditado é possível ler discursos feitos desde o lançamento da candidatura até a posse”, afirma Villa. A obra tem 436 páginas e custa R$ 45,00.

  • Agora nós!, de Paulo Duarte (1899-1984)

Publicado em 1927, é precedido de um estudo do historiador e cientista político Boris Fausto, pesquisador da USP. Ensaísta, cronista, memorialista e professor, Paulo Duarte tinha um espírito combativo e independente que o levou a engajar-se em campanhas políticas e culturais. Agora nós! é a crônica da Revolução de 1924, um movimento ainda pouco estudado, o maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo, que fez 500 mortos e milhares de feridos. Comandado pelo general Isidoro Dias Lopes, o levante contra o presidente Arthur Bernardes e a oligarquia que o sustentava teve a adesão de vários tenentes e forçou o presidente do estado, Carlos de Campos, a se retirar para o interior de São Paulo depois do bombardeio da sede do governo. O livro de Paulo Duarte traz extensa documentação sobre o movimento, como os comunicados redigidos por seus líderes – que falam dos objetivos do levante, entre outros temas –, transcrições de artigos de jornal, mensagens das forças legalistas e de membros do clero, além de narrar as batalhas em vários bairros, em um texto que não abre mão da visão crítica e irônica sobre as elites paulistas. “A edição é uma reportagem quente, que reconstitui aqueles anos.”, afirma Fausto. Ele também destaca que a leitura é interessante também pelo fato de Paulo Duarte ser um grande polemista. “Ele não economizava palavras e gostava de brigar, não fisicamente, mas com palavras”, diz. O livro tem 412 páginas e o custo é R$ 35,00.

Os próximos cinco livros da Coleção Paulista têm lançamento previsto para 2008.

Cíntia Cury  com Imprensa Oficial

(I.P.)