Este ano cerca de 43.500 escolas públicas que recebem jovens e adultos e cerca de cinco mil bibliotecas do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, vinculadas à Biblioteca Nacional, serão contempladas com a coleção Literatura para Todos. A série de livros, composta por dez obras, inéditas, advindas de um concurso realizado pelo Ministério da Educação, tem como objetivo auxiliar no processo de alfabetização e estimular a prática da leitura diária. De cada obra, serão distribuídas 110 mil exemplares a alunos e egressos do Programa Brasil Alfabetizado. Duas das obras da coleção – Léo, o pardo e Entre as junturas dos ossos – são assinadas por alunos da USP.
A coleção é destinada especialmente para jovens com mais de 15 anos e adultos recém-alfabetizados, e tem volumes escritos em sete estilos literários: biografia, conto, crônica, novela, poesia, teatro e tradição oral.
Vera Lúcia de Oliveira, aluna do curso de letras da USP e escritora de Entre as junturas dos ossos, atualmente trabalha na Itália, onde leciona literatura brasileira e portuguesa. Ela já publicou 11 obras, de poesias a ensaios. Entre elas está Verrà l’ anno (Virá o ano), vencedor de dois prêmios literários da Itália: Popoli in Cammino e o Prêmio Internacional de Poesia Pasolini. Já Léo, o pardo é o primeiro livro de Rinaldo Santos Teixeira, também aluno de letras. A obra conta de maneira romanceada a vida do próprio autor, com sua história desde a infância em Santana do Jacaré, interior de Minas Gerais, até o momento da chegada à USP. Segundo o autor, a obra é fruto de anotações que ele vem fazendo desde os seus dezoito anos. Mas ele realça: “eu nem achava que as minhas anotações, um dia, pudessem virar um livro. Eu conversava com pessoas mais velhas que me contavam coisas interessantes e, para registrar aqueles momentos, chegava em casa e anotava tudo”.
A obra conta à história de um mineiro – Léo – que quis ganhar a vida com literatura e cinema. Léo mostra que, para conquistar qualquer sonho, é necessário muita garra, dedicação e perseverança para vencer os preconceitos que podem ser uma barreira na luta de cada um pelos seus objetivos.“Quando escrevi o livro pensei que pudesse ajudar as pessoas a refletirem sobre desigualdade social, questões de cor e até de gênero”, esclarece.
O livro homenageia pessoas que ajudaram o autor na construção de sua trajetória. A obra conta com oito ilustrações – feitas em manquim sobre papel – do artista João Rafael, que se inspirou no sofrimento e nas conquistas narradas no livro.
Literatura para todos chega a CPLP
Também seis (Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe) dos oito países que fazem parte da Comunidade dos Países der Língua Portuguesa (CPLP) receberão a coleção através de seus ministérios de Educação e de suas principais bibliotecas públicas.
Rinaldo Teixeira se diz amante da Literatura Africana e de vários autores daquele continente, como o moçambicano Mia Couto e os angolanos Luandino Vieira e Arnaldo Santos. Para ele, ter suas obras lidas na África é um grande ânimo. E anseia: “ espero que, um dia, eu possa saber de alguém que leu minha obra lá e que essa pessoa me passe o que ela achou sobre o que leu”.
O Ministério da Educação pretende que numa segunda coleção possa ter dois ou mais livros com textos literários de autores de cada um dos países da Comunidade.
Da USP Online
