Cobrança pela captação de água começa em duas das 22 bacias hidrográficas de São Paulo

Implantação do sistema de cobrança faz parte do pacote de 21 Projetos Ambientais Estratégicos lançados ontem

ter, 03/04/2007 - 15h12 | Do Portal do Governo

 As empresas de saneamento básico e os grandes consumidores de água, como a indústria e a agricultura, começam a pagar pelo uso da água no Estado  de São Paulo a partir deste ano. A implantação do sistema de cobrança, prevista pela lei estadual  12.183/2005 e regulamentada por decreto 50.667/2006, faz parte do pacote de 21 Projetos Ambientais Estratégicos lançados ontem (2) pelo governo do Estado.

 A previsão é que a cobrança seja iniciada até junho em duas das 22 bacias hidrográficas de São Paulo. Uma delas é a do Paraíba do Sul, que abastece a região do Vale do Paraíba. A segunda é formada pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiai, conhecida como PCJ, e responde por uma das maiores demanda de água do Estado: abastece boa parte da Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e municípios vizinhos.

Como essas bacias cortam outros estados (com nascente paulista, Paraíba do Sul deságua no Rio de Janeiro; e os rios da PCJ nascem em Minas Gerais e desembocam em São Paulo), a cobrança já é feita na esfera  federal. A União cobra pela calha principal e, a partir de agora, o Estado cobrará pelos afluentes.

Na Bacia do Alto Tietê, outra das principais fontes de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, a cobrança dever começar no final do primeiro semestre de 2008. A previsão da Secretaria estadual do Meio Ambiente (SMA) é de que até dezembro de 2010 cerca de 70% das bacias hidrográficas estaduais tenham implantado o sistema de cobrança pelo uso da água.

Essa cobrança não deve ser repassada à conta de água que a população do Estado recebe em casa. “A legislação veta esse repasse”, esclarece Rosa Maria Mancini, coordenadora de Recursos Hídricos da SMA. Quem paga a conta são as empresas de saneamento e grandes consumidores industriais e da agricultura. Eles terão que pagar R$ 0,01 por metro cúbico de água captada e R$ 0,07 para cada metro cúbico efluentes lançados nos rios. Com isso, o governo estima que no primeiro ano serão arrecadados cerca de R$ 6,7 milhões na bacia do Paraíba do Sul e R$ 11 milhões na dos rios PCJ.

Antes de iniciar o processo de cobrança, serão feitos o cadastro de usuários da bacia e campanhas de sensibilização para que os consumidores  reconheçam a água como um bem público finito e passem a fazer uso racional e sustentável do produto. As bacias do Paraíba do Sul e PCJ estão na fase das campanhas informativas.

Como explica Rosa Maria Mancini, os recursos arrecadados reverterão em benefícios para a própria bacia hidrográfica. “Esse dinheiro será aplicado nos planos para preservação do manancial elaborado pelo comitê gestor da bacia, como o tratamento do esgoto doméstico.   Além disso, a cobrança funcionará como um instrumento de planejamento e de conscientização”, afirmou.

Para Uriel Duarte, professor do Instituto de Geociências e pesquisador do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da Universidade de São Paulo (USP), a cobrança pelo uso da água também ajuda a inibir o desperdício. “Além de ser uma maneira de preservar a água, recurso natural finito, essa medida contribui também para a preservação das matas ciliares, pois os recursos serão empregados em sua recuperação”. 

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André Muniz