Cientistas de SP investigam produção agroflorestal de vários tipos de vegetação

Análises do Instituto Florestal buscaram comparar atributos do solo, sob as mesmas condições climáticas, durante todo o ano

sáb, 29/02/2020 - 17h23 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Instituto Florestal (IF), em parceria com alunos de Engenharia Florestal, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do campus de Botucatu, averiguaram o potencial de produção agroflorestal das vegetações de gramínea, pínus, eucalipto e espécies nativas da Mata Atlântica. O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Hidrologia Florestal “Engenheiro Agrônomo Walter Emmerich”, no Núcleo Cunha, do Parque Estadual da Serra do Mar.

A análise buscou avaliar e comparar os atributos do solo, com diversos tipos de vegetação, sob as mesmas condições climáticas, durante todo o ano. Vale destacar que o solo é uma das principais fontes de sobrevivência dos humanos e dos animais, provendo, por exemplo, recursos como alimento e minério. Contudo, o recurso natural pode se tornar infértil quando não conservado e utilizado de maneira inadequada.

Diferentemente de uma monocultura, isto é, uma plantação com apenas um tipo de produto agrícola, uma produção agroflorestal (ou agroflorestal) prioriza a diversidade de espécies naturais junto com a planta a ser cultivada, garantindo uma produção mais natural.

Previsão de riscos

Segundo o pesquisador José Luiz de Carvalho, que participou do estudo publicado na Revista do IF, esse tipo de pesquisa é importante para a compreensão de diversos fenômenos, tais como a resistência do solo, capacidade de retenção de água e velocidade de infiltração, entre outros.

“Essas características podem embasar diversos trabalhos técnicos, desde a produção hídrica e capacidade de carga de trilhas, até a previsão de riscos de deslizamentos de encostas”, explica.

Visto como a Região Sudeste do brasil sofreu no início de 2020 com chuvas além da média esperada, enchentes e deslizamentos de terra, os dados gerados por análises na área podem contribuir para a prevenção de tragédias.

A pesquisa avaliou vários atributos do solo, procurando comparar os tipos de cobertura vegetal. “Apesar de previsível, a cobertura com mata nativa apresentou melhores níveis de infiltração nas profundidades analisadas e, consequentemente, melhores condições de armazenamento de água no solo, contrapondo com a situação da área com cobertura de pínus, que apresentou os menores dados de infiltração”, destaca José Luiz de Carvalho.

Ainda de acordo com o pesquisador, não existe, necessariamente, um tipo de solo melhor que outro, mas sim diversos tipos de solo. “Por isso, é importante a pesquisa em física dos solos, na qual comparamos amostras de solos em condições semelhantes de formação, localização e condições climáticas e comparamos, como no caso do trabalho em pauta, a influência das coberturas florestais, nessas características físicas”, completa o cientista.

Mais informações podem ser obtidas com Luiza Zulian Pinheiro, pelo endereço eletrônico luizazpinheiro@hotmail.com.