Ciência e Tecnologia – São Paulo ganha mais dez centros de pesquisa

Para Covas, o conhecimento é a grande arma do mundo atual

qui, 14/09/2000 - 14h15 | Do Portal do Governo


Favorecer a pesquisa científica, a inovação tecnológica e as atividades educacionais colocando os resultados dos trabalhos à disposição da sociedade são objetivos dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão – Cepid – que compõem o programa lançado nesta quinta-feira, dia 14, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Órgão ligado à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, a Fapesp recebe 1% da arrecadação do ICMS do Estado. O que, segundo Covas, corresponde a R$ 200 milhões ao ano.
A cerimônia contou com a presença do governador Mário Covas, que destacou a importância da pesquisa atualmente. “Os pesquisadores são os novos instrumentos que, com a força do conhecimento, são capazes de promover a hegemonia de natureza internacional”, afirmou. Para o governador, o mundo hoje vai estabelecer colonialismo por meio do conhecimento e não mais pela força bruta.

Com investimento anual de R$ 15 milhões, os novos centros vão desenvolver pesquisa multidisciplinar que permita parcerias com empresas privadas ou organizações responsáveis pela implementação de políticas públicas. O apoio financeiro varia de R$ 300 mil a R$ 2 milhões, com contrato inicial de 5 anos, renovável por mais dois períodos de três anos. Os centros serão financiados por até 11 anos, prazo em que deverão encontrar formas de auto-sustentação. Para o vice-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa, Paulo de Abreu Machado, a Fapesp tem conseguido grandes resultados graças à sensibilidade e ao respeito de Covas à instituição. “Essa dedicação do governador permitiu a inclusão da Fapesp entre os mais conceituados institutos do mundo”, afirmou.

Para garantir eficiência na aplicação dos recursos, a Fapesp prevê rigorosa fiscalização que será realizada pelos conselhos de supervisão responsáveis por cada um dos centros. Os conselhos serão formados por membros não vinculados à instituição e as atividades serão avaliadas anualmente pela própria Fapesp. A proibição de uso dos recursos para construção de novos prédios, complexos e anexos, por exemplo, é uma das exigências contidas no contrato de financiamento.

Entre os centros que começam a funcionar nesta quinta-feira está o de Toxinologia Aplicada responsável pelo estudos de toxinas animais e de microorganismos relacionados com tumores e distúrbios cardiovasculares. Com a pesquisa de veneno de serpentes será possível o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos de interesse social.

Investigar formas de contornar problemas urbanísticos, culturais, demográficos e ambientais da Região Metropolitana de São Paulo é o tema do Centro de Estudos da Metrópole, ligado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP. Serão conjugadas pesquisas já existentes sobre a cidade de São Paulo, e pela troca de informações entre órgãos especializados como o Seade, o Cebrap e o Sesc, o centro vai acompanhar o crescimento, a adaptação e a modernização ocorridos com objetivo de produzir estudos que possam influenciar a formulação de políticas para buscar soluções adequadas antes que o problema tome proporções exageradas.

O desenvolvimento de tecnologia para tratamento de distúrbios do sono e a ampliação dos estudos sobre violência e direitos humanos também fazem parte das pesquisas a serem implementadas. Além disso, os centros terão atividades educacionais inovadoras com cursos especiais para alunos e professores do segundo grau, além de treinamento de docentes e difusão científica. Desta maneira, os pesquisadores passam a ser co-responsáveis pela educação básica no Brasil.

Discordando de matéria publicada na revista Veja, que afirmava que a ciência e a tecnologia brasileiras seriam muito atrasadas, o secretário estadual da Ciência e Tecnologia, José Aníbal disse que atualmente os próprios argentinos reconhecem que não têm pesquisa à altura das que são feitas no Brasil.

Também participaram da cerimônia os secretários do Emprego e Relações do Trabalho, Walter Barelli, e da Saúde, José da Silva Guedes; o reitor da USP, Jaques Marcovitch, coordenadores e pesquisadores envolvidos no programa.