Charme e elegância pertinho de São Paulo

Gastronomia, história, cultura e esportes radicais compõem o cenário do Circuito da Mantiqueira

qui, 12/07/2012 - 10h51 | Do Portal do Governo

Quando as folhas dos plátanos começam a amarelar e as temperaturas a despencar, com certeza os turistas irão subir a Serra da Mantiqueira para ver e sentir este espetáculo da natureza. Composto por sete cidades turísticas, o Circuito da Mantiqueira, um dos roteiros da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, oferece destinos atraentes para quem quer descansar, passear e se distrair.

O circuito engloba as cidades de Campos do Jordão, São José dos Campos/São Francisco Xavier, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, Piquete, Pindamonhangaba e Monteiro Lobato. Têm passeios para gostos e perfis variados. Campos do Jordão, conhecida pelo Festival de Inverno, seus restaurantes badalados e malharia, tem como cidades vizinhas São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal, boas opções para os que desejam se aventurar nos ares pulando de parapente ou mesmo escalando a famosa Pedra do Baú.

Com sua arquitetura inspirada nos Alpes, sua culinária convidativa, todos seus atrativos turísticos e sua exuberante beleza natural, Campos do Jordão arrecada mais de 80% de sua renda por meio do turismo. Anualmente, mais de 1,5 milhão deles visitam a estância que se tornou um dos destinos favoritos no Estado de São Paulo e no Brasil.

Entre um concerto e outro, seja no Auditório Claudio Santoro, seja na Praça do Capivari, o turista pode saborear pratos diferenciados que vão da mais simples e tradicional comida caseira até os mais requintados e finos sabores da cozinha internacional, passando por carnes exóticas, massas, frutos do mar, temperos fortes, até chegar aos irresistíveis fondues, que são a cara do inverno.

Mesmo nos meses de baixa temporada, a cidade promove diversos festivais, como as festas da cerejeira, da hortênsia, do pinhão, festival gastronômico da cozinha da montanha, Natal encantado, festivais de dança, além de espetáculos teatrais no Auditório Claudio Santoro e na concha acústica da Praça do Capivari.

Desde o início do século 20 a estrada de ferro faz parte da história de Campos do Jordão. Nasceu da necessidade de levar os pacientes que sofriam de doenças respiratórias para o clima propício da cidade. Além de manter sua arquitetura intacta desde 1910, ano em que foi construída, forma um conjunto harmonioso, lembrando as ferrovias do passado. O passeio feito dentro da cidade passa pelas vilas do Capivari, Jaguaribe e Abernéssia.

Um charmoso bondinho inglês transcorre tranquilo por quatro quilômetros, enquanto o turista aprecia as arborizadas avenidas da cidade. Os velhos trilhos centenários da ferrovia também levam o visitante a passeios mais longos, como até Santo Antônio do Pinhal. Com duração de 2h30, o turista observa a exuberante vista da Serra da Mantiqueira, com paradas no Alto do Lajeado, onde se encontra o ponto ferroviário mais alto do Brasil: 1.743 metros de altitude, e a parada em Eugênio Lefrève, onde se pode avistar todo o Vale do Paraíba. O novo trem da estrada de ferro, uma Automotriz A2, tem capacidade para 48 passageiros sentados em poltronas reclináveis e uma vaga específica para cadeirantes.

Rusticidade

Para os amantes de esportes radicais, a pequena Santo Antônio do Pinhal oferece diversas atrações. A Cachoeira do Lajeado é uma delas, localizada no Bairro do Lajeado, a 7 quilômetros do centro da cidade, com acesso por estrada de terra. Esta cachoeira é a mais visitada pelos turistas por oferecer área arborizada bem conservada para descanso e piquenique. A queda d’água, com 18 metros de altura, forma uma piscina natural em meio às pedras, permitindo um banho agradável e refrescante por apenas R$ 2,00 por pessoa.

Para os que não gostam de se aventurar mas apreciam um boa cachaça, a Bodega – Alambique rústico oferece uma coleção, feita artesanalmente e envelhecida em tonéis de carvalho. A bebida é destilada durante os meses de agosto e novembro, por ser a melhor época para o corte de cana. Depois, é colocada em tonéis de amendoim, onde descansa no mínimo por seis meses, somente então é transferida para os tonéis de carvalho, nos quais ficam mais de 18 meses para adquirir o gosto amadeirado. Hoje, podem ser degustados mais de 40 sabores.

Para os que se aventurarem pelo trem da Estrada de Ferro Campos do Jordão, a Estação Eugênio Lefrève e o Mirante Nossa Senhora Auxiliadora oferecem visão inesquecível. Inaugurada em 1919, a verdadeira relíquia da história ferroviária do País conhecida como Estação do Bondinho, localiza-se no trevo de acesso à cidade. O Mirante Nossa Senhora Auxiliadora está situado num dos pontos mais altos da Serra da Mantiqueira, e é um dos locais mais privilegiados da região. De lá, em dias claros, pode-se avistar nitidamente o Vale do Paraíba, num dos visuais mais deslumbrantes da serra.

Aventureiros

Disputada entre dois municípios, Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, a Pedra do Baú, localizada no município de São Bento do Sapucaí, é considerada um dos mais importantes picos para quem curte asa delta, parapente, escalada, rapel. Cachoeiras, florestas virgens e vales cinematográficos fazem com que este passeio seja cada vez mais divulgado entre os praticantes de esportes radicais.

Seus 2.050 metros de altitude podem ser vislumbrados de várias cidades do Vale do Paraíba. O nome da pedra tem origem na palavra embahu, que na língua tupi-guarani significa ponto de vigia. A semelhança com a forma de um baú reforçou o seu nome. Alcançar seu topo sempre foi um desafio envolto em histórias e estórias misteriosas. Em 1940, os irmãos João e Antônio Cortez escalaram seus flancos verticais e conseguiram atingir o cume.

Ainda hoje, muitos alpinistas almejam chegar ao seu topo e ter aos pés a imensa floresta que se conserva intacta, com espécies de árvores e animais ameaçados de extinção em outras regiões. Outra atração é o Quilombo, um pequeno bairro que manteve suas características desde a sua formação, em 1888, quando terras foram doadas para ex-escravos em torno da igreja Nossa Senhora da Conceição Imaculada. Neste local, o artesanato aflora nas talentosas mãos de pessoas simples que vivem no campo e que perpetuam, em suas obras, os costumes de séculos atrás. O trabalho vai desde obras em madeira inteiriça, conhecidas internacionalmente, de Ditinho Joana, até a fabricação manual de carros de boi, cadeiras, bonecas, entre outros.

São Francisco Xavier

Situado ao norte do município de São José dos Campos, com 322 km² de área, a cidade convive com uma paisagem natural privilegiada, com fortes declives e grandes altitudes. O distrito de São Francisco é considerado área de proteção ambiental federal, por fazer parte da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. A vila está a 720 metros de altitude e a uma distância de 54,8 km, por asfalto, de São José dos Campos. Mantém, ainda, a característica de um pequeno povoado do interior, com artesanato típico e festas religiosas, que atraem turistas de todo o Estado. São Francisco Xavier tem várias trilhas para caminhadas e mountain bike. Também há no distrito uma rampa de voo livre e vários pontos com altitudes apropriadas para praticar parapente, além de diversos rios e córregos apropriados para a canoagem e boia cross.

Piquete

O município oferece atrações para todos os gostos: turismo de aventura, cultural, histórico. A arquitetura da Estação Ferroviária Rodrigues Alves e do pórtico da fábrica Presidente Vargas merece belas fotografias de recordação.

Pindamonhangaba

A cidade tem pontos turísticos como a Fazenda Cabral, que recebe grupos e desenvolve roteiro educativo. No local, mostra a produção do pé ao pó de café: a plantação, todas as fases da colheita e beneficiamento do grão – do terreiro à fábrica, encerrando o passeio com um delicioso cafezinho, na Casa do Café. O local também oferece trilhas de fácil acesso, com a paisagem exuberante da região, a partir da Estrada Municipal Manoel Canuto Vieira.

Outro lugar interessante é a Fazenda Nova Gokula, que abriga a comunidade Hare Krishna. É aberta à visitação, com entrada franca. Aos pés da Serra da Mantiqueira, tem cachoeiras que descem de altos picos e formam o rio que corta a fazenda. Oferece local para camping, pousada e chalés. Para as refeições tem iguarias vegetarianas da culinária védica (baseada nos preceitos dos Vedas, livro sagrado do Hinduísmo. Os alimentos não podem prejudicar o organismo e a alma. Proibidos: carne, ovos, cebola e alho), nas lanchonetes e restaurante da fazenda. Há também lojas de ervas medicinais, roupas indianas, artesanatos e um espaço com seminários e eventos da fazenda.

Monteiro Lobato

A cidade foi cenário de uma história que até hoje encanta pela simplicidade rural. O “Sítio do Pica Pau Amarelo” ganhou nome e inspiração em terras lobatenses. Depois da morte do avô, o Visconde de Tremembé, em 1911, José Bento Monteiro Lobato mudou-se com a mulher, Purezinha, e os dois filhos, Marta e Edgard, para a Fazenda Buquira, que herdara do pai. No município nasceram mais dois filhos, Ruth e Guilherme.

Foi na Fazenda Buquira que o autor escreveu grandes obras, como A velha praga, Urupês e mais tarde a fabulosa história do Sítio do pica pau amarelo. Monteiro Lobato descreve o Sítio do pica pau amarelo como uma casa branca no fundo de um grotão, que geograficamente tem as mesmas características que o sítio do município. No fundo do casarão passa um riacho de águas cristalinas, onde nadam “peixinhos de olhos arregalados”, e que o autor batiza de Reino das Águas Claras, uma de suas mais famosas obras.

O casarão foi construído em 1880, dispõe de 18 cômodos compostos por bibliotecas e mobília do século passado. O sítio lobatense, que inicialmente se chamava São José do Buquira, serviu de inspiração para as primeiras adaptações da obra para a TV. Os atores da extinta Tupi de São Paulo fizeram no local um laboratório para a primeira versão do programa, em 1952. Hoje, o sítio está aberto para visitantes, todos os dias, das 9 às 17 horas.

Da Agência Imprensa Oficial