Cetesb capacita técnicos de 11 países para atuar em situação de risco ambiental

Curso sobre emergências químicas para profissionais da América Latina e Caribe exigiu na prática ensinamentos de sala de aula

sex, 07/05/2010 - 20h00 | Do Portal do Governo

Vocês estão preparados!, disse Jorge Luiz Gouveia aos técnicos especialistas em emergências químicas após o encerramento do curso Internacional para atendimento a emergências com Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). A afirmação de Jorge faz sentido. O evento que teve duração de nove dias e envolveu 31 técnicos de países da América Latina e Caribe teve o objetivo de capacitá-los para atuarem em situações de risco em seus países, e exigiu na prática os ensinamentos vistos em sala de aula.

Mais do que isso, deixou os participantes com os nervos à flor da pele. O encontro organizado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb-Pinheiros) marcou o reconhecimento da empresa como um dos oito centros regionais da Convenção de Estocolmo para POPs. Agora, a empresa agora terá a atribuição de prestar assistência técnica, ambiental e dar suporte na legislação aos países participantes nesse tipo de prevenção e atendimento. O cenário utilizado para o teste final foi o porão de um dos prédios normalmente utilizado para esse tipo de capacitação, na capital.

A prova prática simulava um acidente numa pequena fazenda invadida por vândalos que colocaram fogo em tudo. Na ocasião, defensivos agrícolas altamente tóxicos foram incendiados, exigindo o trabalho especializado de profissionais treinados em emergências com resíduos químicos. Mas os primeiros passos ainda são dados dentro da sala de aula onde os alunos recebem orientações e esclarecimentos sobre os riscos que esses produtos podem causar ao meio ambiente, animais e até aos seres humanos. Os atendimentos mais comuns são provocados por acidentes com pesticidas, rodoviário, marítimo e acidente em posto de combustível. Muitos deles, além de cancerígenos, permanecem durante anos no ecossistema.

Troca de experiência

Segundo Jorge, os participantes aprendem também sobre normas, procedimentos de segurança e são orientados a removerem e descontaminar o local. Gabriela Medina, do Uruguai, não esconde a satisfação pelo convite de participar do encontro, pois além de aprender novas técnicas pôde conhecer a realidade de outros países. “No treinamento, trocamos experiências sobre casos particulares de cada país. Todos trazem um pouco da realidade de cada nação, o que ajuda muito a entendermos a nossa. Tenho certeza de que o curso me dará condições de repassar tudo que aprendi aos meus colegas. Não saí com o mesmo pensamento de antes”, afirma.

Com Tereza Ortuño do Chile, que recentemente acompanhou o drama vivido após o último grande terremoto no seu país, o ensinamento colaborou para o aperfeiçoamento dos profissionais que lidam também com catástrofes naturais. “Tivemos tremores de terra que mexeram com estruturas de tubulações de gases. O risco de uma grande explosão, naquele caso, estava iminente. Tudo que vivenciamos nas aulas servirá para mim e para o meu povo”, avaliou a participante.

Adrenalina

No local, foi montado um circuito que definiu a localização da área, isolamento, equipamentos e a preparação da equipe que dará atendimento aos proprietários, imprensa e autoridades locais, bem como uma minipiscina e chuveiros para a descontaminação dos agentes. Antes de entrar em ação é preciso checar máscaras de oxigênio, tubos de ar comprimido, luvas, rádios de comunicação, roupas de isolamento químico e o local da ocorrência. Uma equipe do Corpo de Bombeiros e enfermeiros também participa da operação. Após medir a pressão arterial, vestem as roupas com tecidos de isolamento máximo. Com muita fumaça e apenas a claridade de lanternas, eles entravam um a um para identificar o tipo, grau e riscos que os resíduos poderiam causar.

O colombiano Sérgio Cruz, do Ministério do Meio Ambiente, foi um dos que encarou o desafio pela primeira vez. “Nossa! É muita adrenalina. No início, a gente fica nervoso, pois não sabemos o que  nos espera do outro lado”, observou Sérgio, que tinha por missão carregar um aparelho que permite identificar os agentes químicos utilizados. Na avaliação do coordenador Edson Haddad, a simulação impressiona a todos pelo realismo, organização e disciplina dos alunos e funcionários. “Esse aprendizado ajudará aos alunos brasileiros e de países vizinhos no atendimento desse tipo de trabalho”, falou Jorge, ressaltando que a Cetesb, desde 1978, prestou mais de 8 mil atendimentos.

A fase prática exige dos integrantes muito controle emocional. A simulação também tem o apoio de figurantes da empresa que fazem a encenação teatral como se fossem proprietários da fazenda e jornalistas. Função que coube à equatoriana Maricruz Hernandez, que teve de fazer o trabalho de assessora de imprensa. A todo momento ela informou sobre a situação e os riscos do incidente. “Ficamos sob tensão durante a ação, pois o exercício é muito real”.

O treinamento organizado pela Cetesb, vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, contou com a participação de técnicos do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Segundo Lady Virgínia Traldi Meneses, gerente do setor de instrumentos de gestão ambiental, os acordos multilaterais permitirão outros cursos para os próximos eventos do calendário de atividades.

Da Agência Imprensa Oficial