Cesta básica teve alta de 1,16%, revela pesquisa mensal da Fundação Procon-SP

Alimentação foi o grupo que registrou maior alta: 1,84%

qui, 09/08/2007 - 14h45 | Do Portal do Governo

O valor da cesta básica apresentou alta de 1,16%, revela pesquisa mensal, divulgada nesta quinta-feira, 9 de agosto, feita pela Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio era R$225,89 em 29 de junho e passou para R$228,51 em 31 de julho.

Alimentação foi o grupo que registrou maior alta: 1,84%. Dentre os produtos que compõem o grupo, destacam-se entre as maiores altas de preço em julho: leite em pó integral 400-500 g (5,87%), feijão carioquinha – 1 kg (5,36%), carne de segunda s/ osso – kg (4,83%), carne de primeira – kg (4,38%) e queijo muzzarela fatiado – kg (4,34%).

Dos 31 produtos pesquisados, 14 apresentaram alta na variação mensal, 13 diminuíram de preço e quatro permaneceram estáveis. O grupo Alimentação apresentou alta de 1,84% e o de Higiene Pessoal, queda de – 3,10%. O grupo Limpeza não apresentou variação.

O recorde da cesta básica desde o Plano Real foi verificado no dia 31/07/07, quando o valor chegou a R$ 228,51.

A variação no ano é de 6,14% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de 15,34% (base 31/07/06).

Os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.).

As alterações de preços, especialmente em pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para desovar estoques pelo rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês. Destacou-se também o trigo, que embora não tenha influenciado na variação da cesta básica, está sofrendo uma restrição importante de oferta no mercado interno, afetando diretamente o preço do pão e podendo afetar o preço do macarrão nos próximos meses.

Leite e derivados

No mês de julho, o preço do leite voltou a registrar alta na pesquisa da cesta básica.

A quebra na produção de leite na Austrália e na Argentina (por motivos climáticos), o aumento do consumo na Ásia e a redução da produção na Europa, provocaram forte demanda, com conseqüente alta dos preços internacionais do produto. Essa valorização teve reflexos no mercado interno, que também vive um período de entressafra, o que ocasiona uma diminuição da oferta.

Outro fator que contribuiu para a redução da produção interna de leite foi o menor investimento dos pecuaristas na alimentação do gado na entressafra, quando diminui a oferta de pasto. A alta do preço do milho reduziu o poder de compra do criador.

Os aumentos no preço do leite e seus derivados provocaram aceleração do IPC nas últimas avaliações, mas estima-se que as variações tendam a ser menores nos próximos meses, devido a um reequilíbrio sazonal entre produção e demanda, principalmente a partir de setembro, com o fim da entressafra.

Na pesquisa da cesta básica, o leite em pó integral e o queijo muzzarela fatiado acumularam, no ano, alta de 31,51% e 34,65%, respectivamente.

Feijão

O feijão apresentou a terceira alta consecutiva de preços, na cesta básica, desde o início do ano.

A pouca disponibilidade do produto está sendo atribuída à dificuldade de colheita, provocada pelo excesso de chuvas em algumas regiões, à menor produção da segunda safra e à ocorrência de estiagem em algumas regiões do Nordeste. Aliado a isso, no mês de julho, não houve o esperado enfraquecimento da demanda, fato comum nesta época do ano. Esses dois fatores conjugados deram sustentação aos preços.

Carne bovina

A baixa oferta de animais para o abate continua sustentando os preços da arroba do boi e mantendo as escalas de frigoríficos reduzidas. Esse fato pode se agravar, ainda mais, se não aumentar a oferta de animais em confinamento, já que a pecuária ainda não alcançou o auge da entressafra.

A disparidade entre custo de produção e a remuneração aos produtores provocou um enorme êxodo da atividade pecuária nos últimos anos. A cana-de-açúcar foi a cultura que mais avançou sobre áreas de pastagem.

A alta de preços no início da cadeia da carne bovina começa a chegar aos consumidores. Na pesquisa da cesta básica, o mês de julho registrou a maior variação mensal positiva no preço da carne de primeira, desde outubro de 2006 (quando houve aumento de 9,79% em relação a setembro). Para a carne de segunda, foi a maior variação mensal positiva, desde agosto do ano passado (quando houve aumento de 13,57% em relação a julho).

Trigo

Desde outubro do ano passado, em função da quebra da safra, a oferta de trigo no mercado interno tem sido restrita. Os preços estão se mantendo firmes também neste ano, por ocasião da entressafra e da alta das cotações do cereal no mercado internacional.

A forte demanda por milho nos Estados Unidos, matéria-prima básica para a produção de etanol, começou a influenciar também o plantio do produto no Brasil. Os produtores paranaenses, líderes nacionais tanto na produção de trigo como na de milho safrinha, estão optando pelo milho nesta cultura de inverno.

Nas bolsas americanas os preços do trigo fecharam em alta por quatro dias consecutivos na primeira quinzena de junho, reflexo da baixa dos estoques mundiais, face à perda de produtividade da safra dos países europeus.

Apesar de ser grande produtor de grãos, o Brasil não é auto-suficiente em trigo. Até março, 75% do trigo consumido no Brasil vinham da Argentina Com a crise energética naquele país, os moinhos estão trabalhando em turnos reduzidos e o governo argentino mandou suspender as exportações do produto para aumentar a oferta interna e controlar a inflação. O resultado já está refletindo no preço do pãozinho.

A única saída é a importação de trigo dos Estados Unidos, do Canadá e da Rússia. No entanto, há a incidência da Tarifa Externa Comum (TEC), de 10%, que encarece ainda mais o produto.

Da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania 

(J.H.)