Cesta básica: Pesquisa constata alta de 0,50% em abril

O preço médio da cesta em 31 de março era de R$ 207,59 e passou para R$ 208,63, em 28 de abril

ter, 09/05/2006 - 16h45 | Do Portal do Governo

No mês de abril, o valor da cesta básica do paulistano apresentou alta de 0,50%, revela pesquisa divulgada nesta terça-feira, 9 de maio, pelo Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. O preço médio da cesta, calculado em parceria com o Dieese, era em 31 de março R$ 207,59 e passou para R$ 208,63, em 28 de abril.

O recorde da cesta básica no Plano Real foi em 18/05/05, quando o valor chegou a R$ 221,09.

A variação no ano é de -3,58% (base 28/12/05) e, nos últimos 12 meses, de -4,41% (base 28/04/05). Por grupo, foram constatadas as seguintes variações: alimentação, 0,62%, limpeza, 1,64% e higiene pessoal -1,82%.

Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 12 apresentaram alta, 16 diminuíram de preço e três permaneceram estáveis.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores altas de preço, neste mês: o frango resfriado inteiro – kg (20,36%), o alho – kg (6,95%), a carne de primeira – kg (5,32%), o extrato de tomate – emb. 350/370g (4,48%) e o café em pó papel laminado – pac. 500g. (2,69%).

Destacamos, ainda, a batata (kg), que apresentou queda de 9,95%, exercendo o maior peso negativo na variação da cesta básica e amenizando a alta no valor médio.

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar, dentre os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês, aqueles cujas oferta e demanda estejam sendo (ou poderão ser) influenciados por fatores macroeconômicos.

Carne de Frango

A suspensão das importações, por parte dos principais mercados consumidores do frango brasileiro, causou excedente do produto no mercado interno, ocasionando um movimento de queda de preço, que se iniciou em outubro de 2005 e se estendeu até março de 2006.

A partir de abril, o preço da ave viva começou a se recuperar graças à redução da produção entre os criadores independentes, com o abate de matrizes e diminuição do alojamento de pintos. A recuperação dos preços do frango no mês de abril, em virtude de restrição da oferta, surpreendeu os consumidores, que vinham se beneficiando dos preços baixos.

De acordo com a Associação Paulista de Avicultura, o preço pago pelo quilo do frango há algumas semanas nos supermercados era completamente irreal, fazendo com que a situação se tornasse insustentável para os produtores, especialmente para as pequenas e médias empresas do setor.

O preço do frango poderá continuar em trajetória de alta, por mais algum tempo, tendo em vista que a redução da oferta também está sendo acompanhada por um aumento temporário de demanda – ainda como reflexo da expansão do consumo verificada nos três primeiros meses do ano.

Na pesquisa Procon/Dieese, o quilo do frango resfriado inteiro teve, em abril deste ano, sua maior variação positiva mensal desde julho de 2000, quando registrou aumento de 21,95%.

Alho

De agosto de 2005 a fevereiro de 2006, o alho apresentou comportamento de queda de preço na pesquisa de cesta básica. Em março e abril presenciamos um período de alta.

O plantio nas regiões Sudeste e Centro-Oeste sofreu um pequeno atraso em função do excesso de chuvas, registrado em algumas semanas de abril. Na região sul, a oferta vem se mostrando bastante reduzida. O crescimento das importações da China, a preços substancialmente baixos, inviabiliza maiores investimentos na atividade. Por conta disso há um recuo na produção em virtude da redução da área plantada.

Vale ressaltar que em março deste ano entrou em vigor a resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que aumenta a alíquota de importação do alho de 14% para 35%. Tal medida deve beneficiar os produtores de alho, incentivando a produção.

Carne bovina

As chuvas freqüentes nas regiões produtoras beneficiaram as pastagens, fazendo com que os produtores preferissem reter os animais no pasto. A oferta diminuiu e no início do mês de abril o preço da arroba esteve mais fortalecido no mercado físico do boi.

Além disso, as expectativas de retomada de negociações com a Rússia incentivaram os pecuaristas a reduzir a oferta de animais no mercado interno. O ressurgimento da febre aftosa em Mato Grosso do Sul, no entanto, poderá comprometer essa retomada.

Tomate

O consumidor já está acostumado às variações de preço do produto. Em 2005, depois do fim da safra de inverno, intensificou-se a valorização do tomate, que foi um dos responsáveis pela contribuição dos alimentos “in natura” na variação do Índice de Preços ao Consumidor. Desde janeiro deste ano, o preço do tomate vinha acumulando deflação, motivada em parte pela alta da produção e pelo clima quente, que acelera a maturação do fruto.

Na pesquisa de cesta básica, depois de um período de baixa, o extrato de tomate voltou a apresentar alta de preço em março e abril deste ano, embora no relatório de abril a variação acumulada no ano tenha sido negativa. Essa alta pode estar ligada ao fato do mercado estadual estar sendo abastecido pela produção regional e haver pouca oferta de mercadoria, em razão do período de entressafra em algumas regiões.

Café

O preço do café na pesquisa de cesta básica vem sofrendo variações positivas e negativas, não se definindo, por enquanto, nenhuma tendência. No mês de abril, a variação foi positiva.

O período de estiagem que ocorreu no início do ano nas principais regiões produtoras provocou a redução da produtividade.

Aliado a isso, a nível nacional houve um decréscimo na área plantada. O destaque ficou com o Estado de São Paulo, face à substituição do produto por cana-de-açúcar, que no momento apresenta melhor perspectiva de rentabilidade.