Cesta básica de 2008 apresenta alta de 11,30%, constata Procon

A pesquisa foi realizada pela Fundação Procon-SP em convênio com o Dieese

seg, 05/01/2009 - 11h42 | Do Portal do Governo

Pesquisa realizada pela Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese, constatou que em 2008 a Cesta Básica apresentou alta de 11,30%. O preço médio que, em 27 de dezembro de 2007, era R$ 258,58, passou para R$ 287,80 em 26 de dezembro de 2008.

Por grupos, foram constatadas as seguintes variações: alimentação: 9,78%; limpeza: 16,00%; e higiene pessoal, 20,43%. Os três produtos que apresentaram as maiores altas no ano foram: sabão em barra – unid. (42,11%), arroz – tipo 2 – pac. 5 kg. (36,60%) e sabonete – unid. 90-100g. (35,42%). As três maiores quedas foram: feijão carioquinha (-36,36%), batata – kg. (-17,68%) e alho (-12,25%).

A pesquisa que abrange 31 produtos desagregados em marcas, perfazendo um total de 68 itens), e foi realizada em 70 supermercados da cidade de São Paulo.

A variação do preço médio da cesta básica desde o Plano Real foi de 170,49% (base: 30/06/94 R$ 106,40).

Ao final deste texto, você poderá acompanhar a evolução mês a mês dos valores da cesta básica do paulistano, além das variações mensais dos preços dos produtos. Poderá, ainda, verificar a evolução dos valores e variações das cestas básicas desde o ano de 1990 e a comparação com o salário mínimo

Os preços dos alimentos dispararam em 2007 e puxaram a inflação medida pelos principais índices. Itens como feijão, leite e carne lideraram as altas de preço e tiveram grande peso na variação da Cesta Básica.

O aumento da demanda mundial por alimentos, cuja origem é o processo de urbanização de países asiáticos muito populosos como China e Índia; a alta dos preços do petróleo e fatores climáticos contribuíram para a alta dos preços. A seca que assolou importantes países produtores provocou queda acentuada no nível dos estoques de grãos em nível global, detonando a elevação dos preços das commodities agrícolas a partir do final daquele ano.

O ano de 2008 iniciou com a perspectiva de uma desaceleração no ritmo de alta dos alimentos, mas já se previa que o preço dos grãos (trigo, milho e soja) no mercado internacional seria um fator de pressão inflacionária.

Durante o primeiro semestre de 2008 os preços dos alimentos continuaram subindo. Além de todos os fatores iniciados no ano anterior, da produção do etanol nos EUA – que tem o milho como base – e da crise de produção de trigo na Argentina, o grande vilão para os produtores foram os preços dos fertilizantes que elevaram muito os custos de produção. Aumentaram também os preços das sementes, tratores, máquinas e, até mesmo, da mão-de-obra.

O aumento do preço do feijão desacelerou e cedeu lugar para o arroz, que pesou fortemente no orçamento do consumidor, obrigando o governo a colocar mais produto no mercado (via leilão de estoques reguladores) para forçar a queda dos preços. O pão francês também causou preocupação e, mais uma vez, o governo teve de interferir tomando medidas para estimular a produção e a importação de trigo.

O consumidor sentiu no bolso a pressão das carnes, cujos insumos de produção se valorizaram em ritmo crescente. O setor de carne bovina enfrentou, ainda, a escassez de animais para abate e o frango teve a demanda ampliada, por se tornar uma alternativa ao consumidor com a valorização das outras carnes.

O segundo semestre foi marcado pelas repercussões da crise financeira internacional. A valorização do dólar em relação ao real, “a priori” viria beneficiar o setor exportador, no entanto houve uma redução do nível de demanda global em todos os países e para todos os produtos, derrubando os preços das commodities. A queda das commodities interrompeu, de certa forma, o ciclo de alta dos alimentos, mas ainda não chegou a ser um alívio total para os consumidores, que continuam sentindo os efeitos da alta dos preços de itens de grande peso na cesta básica.

Considerando aspectos como variação de preço, oferta/demanda, abastecimento interno, exportação e importação, passamos a descrever o comportamento de alguns produtos no período.

Grupo alimentação

Açúcar

Neste ano, os preços do açúcar na pesquisa da cesta básica apresentaram comportamento irregular, com alternância de quedas e altas até o início do segundo semestre. A partir de agosto, a trajetória foi de alta.

No ano passado, o superávit global de produção e o excesso de oferta no mercado interno determinaram a forte desvalorização do produto. No primeiro trimestre deste ano, os preços continuaram em queda, face à entrada de um maior número de usinas no mercado, mantendo a oferta estável.

Nos meses de maio e junho, o mercado voltou a ser afetado pelo salto nas cotações do milho, que inviabilizou a produção do etanol nos EUA e favoreceu o produto brasileiro, aumentando a demanda externa e elevando os preços.

Após um breve declínio em julho – com o aumento da produção – os preços internos do açúcar voltaram a subir, impulsionados pela maior disposição do Brasil de produzir mais etanol do que açúcar na safra 2008/2009.

O preço do açúcar refinado (pacote de 5kg) teve variação no ano de 17,10%

Arroz

O preço do arroz na pesquisa da cesta básica apresentou comportamento predominantemente de alta no primeiro semestre deste ano. Em maio, registrou a maior variação positiva no ano (alta de 26,74% em relação ao mês anterior). A partir do segundo semestre o movimento se alterou, com um pequeno declínio dos preços.

A alta mundial do preço do arroz foi provocada pelo aumento da demanda – por ocasião do aumento da renda, não só no Brasil como em outros países emergentes – agravada pela seqüência de anúncios de suspensão de exportações do cereal em diversos países (Camboja, Malásia, Cazaquistão, Vietnã, Índia, Indonésia e Egito).

No Brasil, os preços subiram em plena safra, já que não tivemos uma produção suficiente para elevar os estoques domésticos, atribuído ao mau tempo e à redução da área plantada que foi destinada à urbanização. Além disso, os dois países que nos abastecem para equilibrar a oferta – Argentina e Uruguai – também elevaram os preços.

Para evitar uma disparada nos preços do cereal e garantir o abastecimento no mercado interno, o governo suspendeu temporariamente as exportações e realizou leilões dos estoques públicos de arroz, administrados pela CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, para evitar movimentos especulativos até a entrada da nova safra.

Para equilibrar a oferta, os produtores do Rio Grande do Sul aumentaram a produtividade das lavouras, ampliando a eficiência com a utilização de novas tecnologias.

Mesmo com o aperto na oferta por parte dos produtores, os preços do arroz sofreram uma leve retração em novembro e dezembro, em relação aos meses anteriores.

O preço do arroz tipo 2 (pacote de 5kg) teve variação no ano de 36,60%.

Batata

O preço da batata na pesquisa da cesta básica variou bastante, começando com duas quedas sucessivas em janeiro e fevereiro. Neste início de ano, a colheita da batata da safra das águas elevou significativamente a oferta nos atacados do Sudeste.

O tradicional aumento da demanda na Semana Santa elevou os preços em março. Em abril o preço voltou a cair, representando a segunda maior queda do mês (perdendo apenas para o feijão).

Em maio e junho a oferta foi menor, por conta da redução da produção das lavouras. No sudoeste paulista, devido às chuvas ocorridas à época do cultivo, o pico da oferta do tubérculo, que normalmente ocorre em junho, foi adiado para julho.

Em julho (último mês da safra das secas), agosto e setembro os preços declinaram. No Paraná, no sul de Minas Gerais e no sudoeste paulista a colheita, que estava atrasada, intensificou-se, acarretando aumento da oferta.

Ao contrário do ocorrido em agosto e setembro, quando a batata registrou queda expressiva de preço, nos meses de outubro e novembro o movimento foi de alta. A área disponível para colheita em outubro foi aproximadamente 20% inferior à de setembro. Além disso, produtores de Vargem Grande do Sul vinham encontrando dificuldade em contratar mão-de-obra para a colheita, devido à concorrência de outras culturas. O preço da batata (kg) teve variação no ano de -17,68%.

Café

O consumo mundial do café tem aumentado desde 2000, em meio ao crescimento da renda da população na Ásia, Europa Oriental e América do Sul. Na pesquisa da cesta básica o café não apresentou oscilações importantes de preço. Iniciou o ano em queda, registrando alta nos dois meses seguintes (fevereiro e março). Daí para frente, as altas e quedas se alternaram, sem grande impacto nos preços médios.

No final de fevereiro, a elevação das cotações do grão na Bolsa de Nova York estimulou os produtores, aquecendo o volume de exportações.

Em maio a colheita do cerrado mineiro, que produz pouco mais de 50% da safra brasileira, atrasou devido a vários problemas climáticos como floradas tardias seguidas por períodos de chuvas intensas, além de temperaturas abaixo do normal, prejudicando a maturação dos frutos. Além disso, houve um movimento altista dos preços em função do elevado interesse de compras por parte dos exportadores.

Em julho e agosto, o avanço da colheita brasileira e as boas condições climáticas no País abriram as portas para as liquidações.

A partir de setembro os produtores de café, mais capitalizados, começaram a segurar as vendas dos grãos da safra 2008/09, restringindo a oferta.

O preço do café em pó – papel laminado (pacote de 500 g) teve variação no ano de 8,46%.

Carne bovina

No final de 2007, os preços da carne bovina já ensaiavam um movimento de desaceleração. Esse comportamento se manteve no início deste ano.

No início de fevereiro a União Européia interrompeu a importação de carne bovina brasileira por problemas técnicos e de fiscalização, todavia o declínio dos preços no mercado interno esteve mais associado ao fim da entressafra do que a esse embargo, já que somente 18% da carne produzida pelo Brasil vão para os países da União Européia.

Na pesquisa da cesta básica de fevereiro/08, o preço da carne de primeira apresentou a maior variação negativa desde junho de 2006 (quando registrou queda de 11,47% em relação ao mês anterior).

De março a junho, os preços começaram a se elevar. A razão para a alta em plena safra foi a escassez de animais para o abate, em decorrência da mudança de ciclo da pecuária de corte – após um período de preços desfavoráveis aos criadores – estimulando o descarte de matrizes e resultando na diminuição de animais para engorda.

A menor oferta de gado somada ao consumo interno crescente (devido ao aumento da renda) e ao aumento dos preços dos insumos fizeram com que os preços internos mudassem de patamar. O custo do fertilizante depende, em grande parte, do petróleo e está entre os principais componentes de pressão.

Em junho, com as temperaturas mais baixas, ficou mais difícil manter o gado no pasto e os produtores foram obrigados a confinar os animais, repassando esses custos aos consumidores.

Em julho e agosto alguns fatores explicam a desaceleração do preço da carne bovina, entre eles: a inflação, que diminuiu o poder de compra do consumidor; a depreciação do dólar em relação ao real e a opção do consumidor pela carne de frango (mais barata), o que ajudou no enfraquecimento da demanda por carne bovina.

Em setembro a valorização cambial estava deixando a carne brasileira mais competitiva no mercado internacional. Com o dólar mais caro ficou mais fácil para os frigoríficos que exportam negociarem preços com os importadores. Esse fato pode ter provocado um aumento especulativo do preço do boi gordo no mercado interno, que, por sua vez, foi repassado à carne comercializada no varejo.

Quanto ao setor exportador, a crise financeira internacional começou a produzir seus efeitos. Empresas brasileiras exportadoras de carne bovina que tinham cargas a caminho da Rússia ou paradas nos portos estiveram a ponto de redirecionar esses produtos para outros mercados caso não chegassem a um acordo. Os negócios com carne bovina entre os dois países ficaram parados depois que os importadores russos alegaram que a escassez de crédito – por causa da crise financeira – afetou sua capacidade de pagamento. A Rússia responde por quase 40% das exportações brasileiras de carne bovina. O que se vê é uma forte diminuição no movimento.

O preço da carne de primeira (kg) teve variação no ano de 15,94%; a carne de segunda sem osso (kg) variou no ano 24,72%.

Carne de frango

Embalada pela aquecida demanda por frango no país e no exterior, a produção brasileira de pintos de corte atingiu o recorde em 2007. Em decorrência disso, no início deste ano o nível de oferta aumentou, provocando um excedente pontual de carne de frango no mercado e, conseqüentemente, deprimindo os preços.

Os produtores preocupados com a queda dos preços aceleraram, a partir do mês de março, o descarte de matrizes, com o objetivo de reduzir o alojamento e a produção de frango no país.

A alta de preço das carnes bovina e suína, juntamente com a alta dos insumos, principalmente do milho, acabou promovendo a recuperação do setor avícola.

Os preços mantiveram-se elevados de maio a setembro, pressionados pela alta dos insumos e a demanda mais forte do que a oferta – causada pelos aumentos imprevistos das exportações – além de outros fatores, como a desvalorização do dólar e a alta do petróleo, que mantêm o preço do produto em patamares elevados.

A carne de frango se tornou uma alternativa ao consumidor, com a valorização da carne bovina. Entretanto, o preço do frango passou a acompanhar a alta das carnes bovina e suína.

No início de outubro, os preços do frango vivo apresentaram queda. A elevada disponibilidade do produto no mercado interno, reflexo da maior produção e da diminuição das exportações reforçou o movimento baixista.

No final do mês, a melhora no preço da ave e a perspectiva de crescimento deixaram os produtores otimistas. As exportações voltaram a crescer e os preços do milho e da soja (principais insumos) apresentam variações menores das ocorridas em 2007. Na avaliação dos especialistas, a grande oferta de milho e a baixa dos preços no mercado internacional determinaram a cotação do produto internamente. O milho representa nada menos do que 60% dos ingredientes da ração.

O quadro atual de oferta acima da demanda preocupa o setor produtivo de frango. A União Brasileira de Avicultura (UBA) propôs uma série de medidas para reduzir a produção nacional de carne de frango em 2009. Entre as sugestões está o descarte de matrizes. A crise financeira mundial já coloca de sobreaviso um dos principais setores exportadores brasileiros: a avicultura. Com 35% da produção voltada para o mercado externo, o setor não quer ser surpreendido com excesso de carne no próximo ano.

Em 2006, o excesso de oferta no mercado interno deveu-se ao avanço da gripe aviária, que provocou forte queda mundial de consumo; agora as ameaças vêm do esperado recuo da economia mundial, devido à crise financeira internacional, com reflexos sobre o consumo. Além disso, pelo menos 50% das exportadoras trabalham com crédito de bancos internacionais, canal que foi interrompido.

O preço do frango resfriado inteiro (kg) teve variação no ano de 17,41%.

Carne suína

O aumento de preço da carne suína no início do ano foi justificado pelos elevados preços dos insumos e pela recuperação das exportações brasileiras de carne suína “in natura”. A queda, que se seguiu, foi resultado do aumento da oferta interna, aliada a uma retração do consumo no mês de abril.

As temperaturas mais baixas em muitas regiões do Brasil estimularam a demanda do produto e valorizaram o preço da carne suína em maio e junho. Em agosto, a alta esteve associada à restrição de oferta de animais para o abate e pela demanda aquecida em virtude da substituição da carne bovina. Em setembro, os preços voltaram a cair e no último trimestre do ano registraram relativa estabilidade.

Os produtores de carne suína enfrentaram problemas neste ano. O mercado foi pressionado por um excesso de oferta. Frigoríficos do sul do país vinham ofertando com preços mais baixos, derrubando as cotações. A perda de ritmo da demanda interna veio acompanhada pela desaceleração da demanda externa, reflexo da crise financeira global. A paralisia do sistema de crédito mundial atrapalhou as exportações brasileiras, principalmente para a Rússia, seu principal importador de carne suína.

Por outro lado, o suinocultor viu suas despesas aumentarem em ritmo superior aos preços pagos pelo produto. Apesar dos preços mais baixos do milho e da soja, a falta de matéria-prima no mercado internacional impulsionou o preço de outros insumos, como o fosfato, as vitaminas e outros ingredientes. Além disso, todos os produtos importados também subiram, pegando carona no dólar mais alto.

O preço da salsicha avulsa (Kg) e da lingüiça fresca (kg) teve variação no ano de 26,25% e 23,89%, respectivamente.

Cebola

A exemplo do que ocorreu no final de 2007, no início deste ano os preços da cebola na região sul continuaram valorizados. Segundo produtores, a valorização ocorreu em função de três fatores: redução na área de plantio desta temporada em relação à anterior; queda de produtividade, por conta de adversidades climáticas; e ausência de cebola nordestina no mercado, devido ao término antecipado da safra. A oferta só voltou a se estabelecer com a entrada do produto argentino, derrubando os preços em fevereiro.

A importação brasileira deveria ter se intensificado na segunda quinzena de março, mas a greve dos fiscais federais agropecuários atrasou a liberação das carretas, prejudicando a entrada do produto. Além disso, a greve dos produtores rurais interferiu na livre circulação dos veículos. Esses acontecimentos acabaram por comprometer a oferta nos meses de março e de abril, elevando os preços do produto.

Grande parte da cebola comercializada no mercado interno em maio foi proveniente da Argentina. Nesse período o mercado também foi abastecido por Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e Irecê (BA), mas em menor volume, já que essas áreas entraram em pico de colheita apenas em junho. A elevação dos preços em maio, junho e agosto esteve atrelada ao aumento de preço dos insumos agrícolas, o que acarretou uma alta considerável no custo de produção.

Nos meses de setembro e outubro os preços da cebola registraram queda devido à intensificação da colheita em São Paulo e ao aumento da oferta no nordeste. Nos dois últimos meses do ano o movimento foi de alta, com a diminuição da oferta em todo o país.

O preço da cebola (kg) teve variação no ano de 31,88%.

Feijão

O longo período de estiagem que atingiu a região sul, notadamente o Estado do Paraná – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do País – provocou atraso no plantio. Em conseqüência disso e da redução da área plantada, a oferta foi restrita e os preços atingiram patamares muito altos nos últimos meses de 2007. Em janeiro deste ano os preços continuaram em alta, tendo em vista que problemas climáticos nas principais regiões produtoras provocaram quebra de um percentual significativo da safra.

No mês de fevereiro os preços do feijão começaram a declinar, graças ao aumento da oferta com as safras em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Goiás e São Paulo. Em março, as condições climáticas favoreceram a secagem e a colheita do feijão em Capão Bonito, Itaí e Itapeva (calor com ocorrências de chuvas constantes e bem distribuídas).

Os preços recuaram ainda mais em abril e maio, com o início da colheita da segunda safra do Paraná – principal Estado produtor. Na pesquisa da cesta básica de abril, o feijão carioquinha apresentou a maior variação negativa mensal desde fevereiro de 2000 (quando registrou queda de 22,12% em relação ao mês anterior).

O preço do feijão voltou a subir em junho, motivado por problemas climáticos que comprometeram a oferta; além disso, a alta do preço dos fungicidas para o combate da antracnose (fungo que prejudica a qualidade do feijão) aumentou os custos de produção.

Em julho e agosto os preços voltaram a declinar em virtude do início da colheita da terceira safra na região Nordeste. No Paraná o produto apresentou uma produção recorde em relação ao ano passado. Outro fator determinante para a queda do preço do feijão foi a desaceleração do preço das commodities agrícolas no mercado internacional.

Após uma elevação pontual do preço, a trajetória de queda continuou. O grande volume esperado para a primeira safra de feijão, conhecida como safra das águas e responsável por cerca de 50% da produção nacional, fez o preço do produto despencar nos últimos meses.

O cenário atual é exatamente o oposto ao final do ano passado, quando o atraso na safra paranaense provocou picos de preço. Atraídos pela maior remuneração causada pela menor oferta do grão, produtores voltaram a cultivar neste ano, o que explica o declínio dos preços na maioria dos meses de 2008.

O preço do feijão carioquinha (pacote de 1 kg) teve variação no ano de -36,36%.

Leite

O ano passado foi marcado por intensa valorização do leite, em virtude de grande demanda internacional, com conseqüente diminuição da oferta no mercado interno. Em 2008, o preço do leite na pesquisa mensal da cesta básica apresentou oscilações durante todo o ano, com predomínio de queda a partir do segundo semestre.

Demanda aquecida e recuo de produção no período de entressafra explicaram a relativa valorização do leite ao longo do primeiro semestre. Por outro lado, o aumento das exportações (observado principalmente em 2007) estimulou os investimentos no setor e o aumento da produção, gerando excesso do produto e favorecendo sua queda de preço, apesar do alto custo dos insumos.

Aliado a isso, no segundo semestre o crescimento da produção não foi acompanhado pelo crescimento do consumo. A exportação de leite cresceu bastante este ano, porém não o suficiente para enxugar o mercado interno, já que alguns países estão deixando de importar, por conta da crise financeira internacional.

O preço do leite em pó integral (embalagem de 400-500 gramas) teve variação no ano de -4,43%; o queijo muzzarela fatiado (kg) variou no ano 13,04% .

Milho

Estimulados pela alta cotação do milho os produtores, após a colheita de verão, se prepararam para o plantio da safrinha. No início do ano ocorreu forte valorização do produto. A alta foi reflexo da boa demanda principalmente dos países asiáticos.

Em março, dirigentes da União Brasileira da Avicultura (UBA) reivindicaram tratamento igual entre o milho exportado e o destinado ao consumo interno, já que a Lei Kandir isenta o milho vendido no exterior do pagamento de ICMS e PIS-Cofins, enquanto as vendas entre Estados seguem tributadas em uma média de 20%.

A colheita do milho estava adiantada no mês de março no Rio Grande do Sul. A seca provocou perdas em algumas regiões, mas foram compensadas pela produção elevada de outras regiões. Nessa safra, os produtores gaúchos aumentaram a área plantada em quase 4% em relação a 2007. No Paraná, principal Estado produtor de safrinha do país, a área de milho da chamada segunda safra superou a da safra de verão.

No início do mês de junho as cotações do milho alcançaram pico no mercado internacional. Os preços da commodity, devido às fortes chuvas ocorridas nas regiões produtoras no meio oeste americano, impulsionaram os preços do milho nas principais bolsas. Como o Brasil é um dos maiores exportadores de produtos agropecuários do mundo, os preços no Brasil acompanharam a ascensão internacional, ainda que com variações um pouco menores.

No Paraná, a quebra na safrinha de milho reforçou a alta do produto. A produção de milho safrinha em Mato Grosso do Sul sofreu com a estiagem no norte do estado e com as geadas no sul.

Em meados de setembro, os preços do milho no mercado interno estavam em queda. A dificuldade para exportar o grão foi um dos principais motivos para a maior oferta e conseqüente recuo dos preços. No final do mês os preços internos seguiram em baixa, devido ao plantio da safra de verão nos principais estados produtores do sul.

Em outubro, o preço do milho desabou na Bolsa de Chicago, assim como o preço de todas as commodities agrícolas, com ainda poucos reflexos no mercado interno.

O preço da margarina (pote 250 g) teve variação no ano de 18,68%; o preço do biscoito de maizena (pac. 200 g) teve variação no ano de 22,22%.

Ovos

Após dois anos difíceis para os produtores de ovos, 2008 iniciou com uma tendência de recuperação de preços.

Na pesquisa da cesta básica, houve uma desvalorização do produto em janeiro – reflexo, ainda, do excesso de oferta verificado no ano anterior. A partir de fevereiro já se observa um processo de recuperação do setor, graças a uma adequação da produção em relação à demanda. A produção foi sendo reduzida gradativamente, com o descarte de galinhas, influenciada também pelo aumento dos custos da ração (principalmente o milho e a soja que se encontravam muito valorizados).

Em abril, os preços declinaram, voltando a subir em maio. Houve uma estabilização da demanda depois do incremento pontual do consumo em março, por ocasião da quaresma.

A partir do segundo semestre houve duas variações positivas de pequena magnitude, mas predominou a queda de preço, como resposta à redução do preço do milho – principal insumo de sua produção. Aliado a isso, a partir de setembro o aumento da oferta se deveu aos dias mais longos e luminosos, provocando aumento da produção média de ovos por ave.

O preço dos ovos brancos (dúzia) teve variação no ano de -7,24%.

Soja

O setor teve bons resultados no ano passado, impulsionado pela safra recorde brasileira, pela melhora nos preços internacionais (grãos, farelo e óleo) e pela expansão da demanda brasileira por farelo (pelo setor de rações) e de óleo (pelas usinas de biodiesel).

A disputa entre soja e milho por áreas de plantio na safra 2007/08, acirrada pela valorização internacional de ambos, depois da febre do etanol, provocou uma redução no plantio da soja.

No primeiro semestre deste ano, o preço do óleo de soja se valorizou no mercado internacional. A alta das cotações do petróleo e o cenário de demanda crescente para óleos vegetais, por causa de seu uso nos biocombustíveis, atraíram compras de especuladores e impulsionaram os preços da commodity. O mercado interno acompanhou essa valorização.

Ainda em relação ao mercado internacional, a queda-de-braço entre os produtores rurais e o governo fez a Argentina deixar de exportar quantidades consideráveis de soja em grão e óleo de soja, restringindo a oferta.

Na pesquisa da cesta básica de maio, os preços do óleo de soja iniciaram um movimento de queda que se estendeu até o final do ano. A queda dos preços no mercado internacional pressionou os valores internos do produto.

Em setembro, a soja acompanhou outras commodities e teve forte queda na bolsa de Chicago. A queda deveu-se ao pessimismo dos investidores em relação às commodities diante de um cenário de crescente aversão ao risco, desaquecimento econômico mundial e valor do dólar em relação a outras moedas.

O último trimestre do ano continuou marcado pelos efeitos da crise financeira mundial, principalmente no que se refere à restrição do crédito para a aquisição dos insumos necessários ao plantio da soja e ao financiamento das lavouras.

O preço do óleo de soja (900 ml) teve variação no ano de 0,43%

Tomate

Quando do plantio da primeira safra 2007/08, a área plantada de tomate aumentou quase 9% em relação à safra anterior, ocasionando um aumento de oferta, que afetou de forma negativa as cotações do produto no fim de 2007 e começo de 2008. Todavia, a baixa rentabilidade na primeira safra, atrelada à alta dos fertilizantes, contribuiu para a redução da área plantada na segunda safra. A redução da área, junto com a queda de produtividade, refletiu na oferta e fez com que o produto voltasse a subir e se mantivesse valorizado até o mês de julho.

Problemas climáticos e fitossanitários reduziram a produtividade das lavouras de Caçador (SC). Tanto em Itapeva (SP) quanto em Venda Nova do Imigrante (ES) a oferta começou a reduzir já a partir de março.

O aumento dos preços dos alimentos foi o principal responsável pela alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de abril para maio. O tomate foi destacado pela imprensa como um dos “vilões” desse período. No primeiro semestre, a majoração do preço no quilo do tomate no setor de varejo foi de 133%.

Depois de um longo período de alta, o preço do tomate começou a entrar em declínio em agosto. Como já estava sendo previsto pelos especialistas, com a intensificação da colheita da safra de inverno, a oferta de tomate aumentou, derrubando os preços.

O volume de produção em São José de Ubá (RJ) aumentou a partir de julho, com a intensificação da colheita, mas a região enfrentou problemas fitossanitários, reduzindo a produtividade média da região. No norte do Paraná também houve quebra na produtividade, devido às chuvas de granizo em novembro. Apesar da menor oferta, os preços não subiram expressivamente no período, devido à baixa qualidade do produto.

O preço do extrato de tomate (emb. 350-370 g) teve variação no ano de 4,86%.

Trigo

Os preços do trigo mantiveram-se firmes no ano passado, especialmente no primeiro semestre, por ocasião da entressafra e da alta das cotações do cereal no mercado internacional. No início deste ano os estoques continuavam baixos e, para agravar, com as dificuldades de importação de trigo da Argentina (que suspendeu licenças para vendas externas), aumentou a demanda dos moinhos pelo produto nacional.

Preocupado com a possibilidade de faltar trigo no mercado, o que poderia provocar mais inflação, o governo publicou resolução da Câmara de Comércio Exterior autorizando, até 30 de junho, a importação de um milhão de toneladas do produto, sem imposto de importação, de países que não integram o MERCOSUL (os principais fornecedores de trigo fora do MERCOSUL são Canadá e Estados Unidos).

Ao longo do primeiro semestre os preços do cereal registraram forte valorização no mercado internacional. Os estoques mundiais declinaram rapidamente, já que importantes produtores como a Austrália e China, tiveram problemas na safra. Vale lembrar que a China não produz o suficiente para atender a sua demanda interna e, com a quebra na safra, a importação de trigo aumentou.

Essa evolução dos preços no mercado externo fez o trigo voltar a atrair a atenção dos produtores. Houve certa preocupação, no entanto, quanto aos custos elevados. O trigo é uma cultura cara, dividindo os produtores entre apostar no trigo ou no milho safrinha. Esse cenário provocou uma restrição da oferta, elevando ainda mais os preços do produto e seus derivados.

Ainda preocupado com a alta do preço do trigo, o governo decidiu adotar um conjunto de medidas, entre as quais elevar os preços mínimos e o limite de financiamento para os produtores.

Em 14/05/08 o governo brasileiro anunciou a suspensão temporária de tributos sobre a importação, venda e transporte do cereal no país. A cobrança do PIS e COFINS foi suspensa até o final do ano, enquanto os tributos sobre a importação foram suspensos até 31/08/08.

Após cinco meses de interrupção, a Argentina voltou a vender trigo para o Brasil, porém com limitações de quantidade. O aumento da produção da safra colhida a partir de agosto e a entrada da maior parte do volume de trigo canadense e americano – que o governo isentou da Tarifa Externa Comum (TEC) – também representaram incremento na oferta, contribuindo para a queda dos preços no segundo semestre. Além disso, o início da colheita no Paraná e a queda nas Bolsas dos EUA derrubaram os preços do trigo no mercado interno.

Em 06/08/08 a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória que reduz os custos sobre a produção de trigo e pão. A principal mudança foi a isenção de PIS e Cofins para trigo in natura, farinha de trigo e pão francês. A isenção terá término em 30/06/2009.

O aumento da produção, as cotações internacionais do produto pressionadas sobretudo pela expectativa de crescimento da oferta mundial e a redução dos impostos para importação, sem dúvida, influenciaram no preço do produto.

Em 09/09/2008, o Senado aprovou o projeto de lei que trata da adição de farinha de mandioca na farinha de trigo e que institui o regime de tributação diferenciado para a farinha de trigo misturada, podendo baratear o preço do pão e diminuir a dependência do trigo importado. Os moinhos que aceitarem realizar a mistura serão beneficiados com incentivo fiscal, isenção de Cofins e PIS-PASEP. O projeto institui a mistura com aumento gradativo ao longo de 3 anos. Em caso emergencial, o Executivo poderá reduzir o percentual da adição da mistura. A Lei também determina que prefeituras, governos estaduais e federal terão de comprar produtos com farinha de mandioca, o que inclui macarrão e biscoitos.

O mercado internacional de trigo, a exemplo de outros produtos, também foi atingido pelas oscilações do mercado financeiro, pressionando o valor da commodity para baixo. No Brasil, a desvalorização do real tornou mais cara a importação, oferecendo maior suporte aos preços internos, que se encontram estabilizados.

O preço da farinha de trigo (pacote de 1 kg) teve variação no ano de 12,33%; o macarrão c/ ovos (pacote de 500 g) variou 15,20%.

Grupo limpeza

Neste grupo, o sabão em barra (unid.) foi o produto que apresentou a maior variação positiva no ano, equivalente a 42,11%, alterando seu preço de R$ 0,57 para R$ 0,81 Nenhum produto apresentou variação acumulada no ano negativa.

Grupo higiene pessoal

Neste grupo, o sabonete (unid. 90-100g.) foi o produto que apresentou a maior variação positiva no ano, equivalente a 35,42%, alterando seu preço de R$ 0,48 para R$ 0,65. O único produto que apresentou variação negativa no ano foi o absorvente aderente (pac. 10 unid.), equivalente a -6,45%, alterando seu preço de R$ 1,55 para R$ 1,45.

Da Fundação Procon-SP