Cesp vende R$ 2 bilhões em ações para investidores do Brasil e exterior

Empresa reduziu em US$ 6,6 bilhões o valor de sua dívida, que em 1995 chegou a US$ 10 bilhões

seg, 21/08/2006 - 17h05 | Do Portal do Governo

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) reduziu em US$ 6,6 bilhões o valor de sua dívida, que em 1995 chegou a US$ 10 bilhões. Segundo o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, a privatização da Companhia Paulista de Transmissão Paulista (CTEEP) e a venda de ações da Cesp foram fundamentais para alcançar essa redução.

“Em duas semanas de negociações no exterior e no Brasil, conseguimos gerar um interesse maior por compradores do que prevíamos. Chegamos ao valor total de R$ 2 bilhões, com a venda de ações para 4 mil investidores, 55% deles do mercado nacional, que somados a R$ 1,2 bilhão da privatização da CTEEP, permitiram reduzir a dívida da Cesp em R$ 3,2 bilhões”, explicou Arce.

A empresa alongou a dívida, com o dinheiro novo, e agora tem receita para pagar compromissos de longo prazo. “A nossa situação de caixa está normalizada, não temos nenhuma dívida com vencimento de curto prazo. Os contratos têm vencimento de longo prazo, com juros baixos porque são fruto da renegociação da dívida brasileira”, informou.

A operação de salvamento da empresa foi iniciada em 1995 com a emissão de títulos (debêntures) para concluir as hidrelétricas de Três Irmãos, Taquarussu e Canos 1 e 2, além de Porto Primavera.

Com as conclusões das obras das hidrelétricas, de acordo com Arce, o Estado aumentou em 25% a capacidade de geração de energia. “Foram investidos US$ 800 milhões por ano para a terminar as usinas que nós encontramos semi paralisadas, em 1995. É o caso específico de Porto Primavera que ficou 20 anos em obras”.  Ele disse, ainda, que entre os anos de 1998 a 2002, a Cesp foi à única empresa a aumentar sua capacidade de geração.

O segundo passo da reestruturação foi o desmembramento e privatização das empresas de distribuição e parte da geração de energia, além da Comgás. Só a Cesp não foi privatizada.

Em 2000, na primeira tentativa, o Ibama impediu o enchimento do Lago de Porto Primavera. Em 2001, na segunda tentativa, o leilão foi cancelado por causa do racionamento de energia.

O último passo antes da oferta de ações foi a privatização, no dia 29 de junho, da Companhia Paulista de Transmissão Paulista (CTEEP), vendida à empresa colombiana Interconexión Eléctrica S/A (ISA), por R$ 1,193 bilhão.

A CTEEP surgiu da fusão das áreas de transmissão da Cesp e da Eletropaulo. “A privatização foi uma medida não ideológica, mas pragmática, para a redução do tamanho do Estado e o saneamento financeiro da Cesp”, ressaltou Arce.

Hoje, a Cesp é uma empresa exclusivamente de geração de energia. Tem seis usinas com capacidade instalada de 7.500 megawatts (MW). “A Cesp tem uma característica muito interessante, com exceção de 2002, quando ainda tivemos dois meses de racionamento, a empresa sempre gerou mais energia do que aquela assegurada, porque nossas usinas estão localizadas em pontos estratégicos”, afirmou.

Outro fator importante para a capitalização da Cesp foi o Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios – FIDC. De acordo com o secretário, só neste ano a empresa conseguiu R$ 650 milhões de fundos recebíveis, em contratos do mercado livre de energia. Arce destacou que agora a empresa está num processo de emissão de R$ 2 bilhões de debêntures num prazo de dois anos, com carência de cinco anos no principal. “Com essas medidas, conseguimos tornar o endividamento da empresa adequado à capacidade de geração de caixa”.

O secretário acredita que a empresa tornou-se atraente para o mercado, muito diferente de alguns anos atrás. “Temos hoje um perfil de pagamento de dívida compatível com a geração de caixa, que aliado ao preço crescente da energia, coloca a empresa numa posição extremamente positiva do ponto de vista econômico-financeiro”, finalizou.

André Muniz – Assessoria de Imprensa do Governo do Estado