Centrinho comemora 40 anos de atendimento especializado e humanizado

Nesse período, hospital universitário já prestou atendimento a cerca de 70 mil pessoas

seg, 25/06/2007 - 12h43 | Do Portal do Governo

O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP – o popular Centrinho, de Bauru – comemorou 40 anos no domingo, dia 24. Nesse período, a unidade já prestou atendimento a cerca de 70 mil pessoas. As principais características do local são seu atendimento humanizado e seu pioneirismo, que o colocam como referência nacional e até mesmo internacional no tratamento de lesões labio-palatais.

Do total de pacientes matriculados (a grande maioria ainda em tratamento), 5,3% vêm da região Norte, 4,9% são provenientes do Nordeste, 11,3% são da região Centro-Oeste, 14,8% do Sul e 63,3% são pacientes da região Sudeste. Do exterior, de países como Paraguai e Argentina, há cerca de 0,4% dos pacientes registrados.

Mas, no Centrinho, essas pessoas significam muito mais que números. São brasileiros que trazem na bagagem histórias de superação de preconceitos e limitações. É o caso do paciente pré-universitário Edvaldo da Silva Goulart, 35 anos, que vem de São Luís (MA) – a 2.349 quilômetros da capital paulista. “A viagem longa e cansativa compensa, afinal estou ficando cada vez melhor”, afirma. Ele vem acompanhado da mãe, a aposentada Emilde da Silva Goulart, 64 anos, que tem apenas 30% da visão. “Enquanto eu puder, vou acompanhar o tratamento de meu filho. Quero vê-lo totalmente bem”, afirma.

Nascido com fenda do lábio e no céu da boca (palato), Edvaldo também teve paralisia e as barreiras que enfrenta até hoje são enormes. Mesmo assim, ele não desiste. Da última vez em que esteve em Bauru, em janeiro, passou por atendimentos odontológicos e por consultas de rotina em fonoaudiologia, psicologia, neurologia e fisioterapia.

De Governador Valadares (MG) – a 878 quilômetros da capital paulista – vêm Gilsiane Aparecida de Almeida, 19 anos, e seu bebê Gladston, de 11 meses. Mãe e filho são pacientes. “Estou muito feliz porque ele já fez a primeira cirurgia de lábio e logo vai operar o palato. A reabilitação dele está sendo melhor do que a minha”, comemora.

Estas são apenas algumas das histórias que podem ser ouvidas nos corredores desse hospital universitário que realiza, em média, 718 cirurgias por mês.

Pioneirismo

O Centrinho – que só passaria a ser conhecido assim na década de 70 – começou gigante nas intenções, mas ainda modesto no atendimento. Em seu primeiro ano de funcionamento, ainda no final da década de 1960, foram aceitos apenas 20 pacientes de Bauru para tratamento.

A Faculdade de Odontologia de Bauru  (FOB)  da USP já existia naquela época e foi, portanto, a célula-mãe do Centrinho (ambos, aliás, sempre funcionaram no mesmo campus). Naquele tempo, um grupo de pesquisadores da FOB verificou, por meio de pesquisa, que a cada 650 crianças nascidas em Bauru, uma apresentava algum tipo de anomalia congênita labiopalatal. A constatação motivou a criação de um centro de estudo sobre o problema.

Estudos do Hospital, pioneiro nesse tipo de tratamento, demonstram que, no Brasil, nascem por ano 5.800 pessoas com fissuras labiopalatais, das quais 1.680 acabam vindo para o Centrinho. Segundo a mesma estimativa, só no Estado de São Paulo nascem 1.800 fissurados, dos quais 600 se matriculam nesse hospital universitário.

Como todos os procedimentos que o Centrinho oferece são de alta complexidade, o hospital também é pioneiro em implante coclear multicanal (“ouvido biônico”). Desde que começou a oferecer a cirurgia, em 1990, já foram mais de 500 implantes realizados, o que significa que entre todos os implantes cocleares realizados pelo SUS, o Centrinho responde por quase 80% do total.

O hospital também oferece programas de formação de recursos humanos, como os cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) e de cultura e extensão (especialização, residência médica em otorrinolaringologia, aprimoramento e aperfeiçoamento). Uma prova de que o Centrinho não abre mão de sua vocação original: atendimento à comunidade (com 100% de dedicação a leitos do SUS) e investimento constante em ensino e pesquisa.

USP Online com informações do Serviço de Comunicação do HRAC

(J.H.)