CDHU reutilizará entulho das demolições de casas da Serra do Mar

Reciclagem permitirá economia de fontes não renováveis e fará com que mais de 1,6 milhão de toneladas de CO² deixem de ser lançadas na atmosfera

sex, 30/07/2010 - 13h00 | Do Portal do Governo

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) utilizará o entulho gerado pela desconstrução das casas das famílias transferidas dos bairros-Cota, em Cubatão, na urbanização dos bairros e reconstrução das áreas de permanência das casas da Serra do Mar.

Até o fim do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, mais de cinco mil famílias serão transferidas para novos imóveis da CDHU e suas casas demolidas, gerando assim um volume de mais de 240 mil m³ de entulho. Esse volume equivale a 24 mil caminhões carregados. Enfileirados, esses veículos somariam 240 quilômetros, suficientes para cobrir a distancia entre São Paulo e São Carlos, ou ainda, de Cubatão a Cananéia, por exemplo.

O transporte desse material consome litros de combustível, lubrificantes e pneus, que são subprodutos do petróleo, fonte de energia não renovável e ainda, libera gases na atmosfera e ocupa espaço nos aterros de entulho já saturados nas cidades. Caso o entulho fosse transportado para aterros, pelo menos 20 caminhões por hora transitariam pela Via Anchieta durante 50 dias.

Como o material não será transportado, mais de 633 mil litros de diesel serão economizados, o que significa algo em torno de 1,6 milhão de tonelada de CO² emitidas na atmosfera.

Sustentabilidade

A CDHU mantém preocupação permanente com os resíduos restantes em trabalhos de remoção de famílias onde há demolição de moradias inadequadas. Para se ter ideia do volume gerado por uma obra de grande porte, seguem alguns dados das desconstruções que estão sendo realizadas por conta do Programa Serra do Mar.

Todo o material é separado e o que é nocivo ao meio ambiente é retirado e levado a aterros específicos. O entulho, que provisoriamente fica no local, será reaproveitado nas obras de urbanização dos bairros-Cota como ruas e vielas,  valas de água e esgoto,  pisos e fundações e ainda no contrapiso e revestimento. Com isso, também será gerada uma economia de 168 mil m³ de mineráveis.

Todo o resíduo de construção e demolição (RCD) será reciclado numa usina a  ser construída pela companhia no bairro da Água Fria, que receberá investimentos em torno de R$ 20 milhões.

Reciclar o entulho traz vantagens econômicas, sociais e ambientais como a redução na aquisição de matéria-prima, e, portanto a preservação das reservas naturais, assim como a diminuição da poluição.

O Programa Serra do Mar 

O risco à vida causado pela ocupação irregular de locais suscetíveis a acidentes ambientais, como deslizamentos de terra e a ameaça aos ecossistemas da região, levaram o Governo do Estado a lançar, no início de 2007, o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica. Trata-se do principal projeto do Governo para promover a conservação, o uso sustentável e a recuperação ambiental do Parque Estadual da Serra do Mar.

O programa é uma ação conjunta das secretarias da Habitação, Meio Ambiente, Segurança Pública, Casa Civil, Energia e Saneamento, Desenvolvimento, Justiça e Defesa da Cidadania e Economia e Planejamento. Participam também a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, a Procuradoria Geral do Estado e a Prefeitura de Cubatão.

Além da oferta de moradias em outros municípios, a CDHU está construindo três bairros em Cubatão: o residencial Rubens Lara, no Jardim Casqueiro, o Parque dos Sonhos e a Vila Harmonia, que somam 3.580 moradias.

Logo no início do programa, em abril de 2007, foi feito o “congelamento” da área para conter a expansão habitacional e coibir crimes ambientais. O trabalho de patrulhamento é feito 24 horas por dia pela Polícia Ambiental, que controla a entrada de material de construção, impede ações de desmatamento e movimentação de terra (como cortes em encostas), a caça de animais e promove a segurança da comunidade.

A CDHU contratou um “levantamento aerofotogramétrico” da Serra do Mar. As imagens, por meio de fotografias aéreas, permitiram o mapeamento do local, com delimitação das áreas residenciais e de preservação ambiental. Esse registro permite que o monitor realize o congelamento do local. O trabalho também apontou a dimensão do desmatamento da floresta e está auxiliando no planejamento e execução das ações para proteger e preservar a Serra.  O registro fotográfico foi feito desde Cubatão, litoral sul, até Ubatuba, litoral norte. A área fotografada mede 200 Km2.

De posse desses dados, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP), elaborou laudos que definiram as áreas passíveis de urbanização ou desocupação. Os estudos também apontaram os locais mais afetados pelo desmatamento que precisam ser devolvidos à sua condição original.

A CDHU também promoveu o mapeamento das condições socioeconômicas da população local. A companhia fez um arrolamento e cadastramento que permitiu identificar o número exato de imóveis e pessoas existentes e conhecer o perfil socioeconômico das famílias.

Fase de obras

Cerca de um ano após o lançamento, o Programa da Serra do Mar já entrava em sua fase de obras. Em 2008, foi iniciada a terraplenagem do terreno no Jardim Casqueiro, em Cubatão, onde está sendo construído o Residencial  Rubens Lara, um novo bairro projetado pela CDHU com 1.840 apartamentos e casas, escolas, comércio, áreas de lazer, posto policial e infraestrutura urbana completa com redes hidráulica, elétrica, de telefonia e de gás, iluminação pública, guias, sarjetas e pavimentação, paisagismo, cercamento e sistemas de lazer.

Em setembro de 2009, concluída a terraplenagem, começaram as obras de edificação das moradias. A CDHU investirá R$ 175,2 milhões no novo bairro. Será um empreendimento diferenciado, com várias tipologias: prédios grandes, pequenos, casas assobradadas, casas térreas e moradias conjuntas com comércio. Os imóveis terão o novo padrão construtivo da CDHU, queincorpora  melhorias como o terceiro dormitório, azulejos na cozinha e no banheiro,  medidor individualizado do consumo de água, revestimento nos pisos de todos  os cômodos, aquecedor solar para água do chuveiro e pé-direito ampliado de 2,4 para 2,6 metros. Especificamente nas casas, as melhorias incluem também laje, cobertura na área de serviço e muro divisório.

A CDHU também contratou as obras de reurbanização de áreas nos bairros Cota 95/100, Cota 200, Pinhal do Miranda e Fabril. Elas receberão redes de água, esgoto e drenagem, abertura de ruas, calçadas, pavimentação e a instalação de equipamentos públicos como escolas, postos de saúde e de segurança, além de outros serviços como iluminação, telefone e a coleta de lixo. Outro dado muito importante é que todos os moradores terão a escritura definitiva do seu imóvel.

Da CDHU