A sustentabilidade dos recursos hídricos em moradias populares foi o tema do 2º Seminário Uso Racional da Água e Habitação de Interesse Social no Estado de São Paulo. O evento, promovido pela Secretaria da Habitação e pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), foi realizado na quinta-feira, 12 , em São Paulo, na sede da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Os blocos temáticos enfocaram a redução do impacto das chuvas, a impermeabilidade do solo, o reaproveitamento da água de uso doméstico, a redução do consumo e as ações sociais em torno da sustentabilidade dos recursos hídricos no contexto urbano.
O conselheiro do CBCS e professor da Poli-USP, Orestes Marracini Golçalves, apresentou o tema “Importância da água no contexto urbano”. Para ele, a necessidade das habitações de interesse social aponta para um novo modelo de construção. “As tecnologias precisam estar próximas daqueles que executam a promoção das habitações de interesse social no Brasil. Devemos discutir e aplicar as técnicas para que os empreendimentos sejam sustentáveis desde a sua concepção”, defendeu Marracini.
“As alternativas de sustentabilidade não podem ser aplicadas somente nas residências de alto padrão. As habitações populares necessitam mais e causam maior impacto direto ao meio ambiente”, afirmou o chefe de gabinete da Secretaria da Habitação, Eduardo Trani. Ele explicou ainda que os esforços dos promotores habitacionais devem focar a redução do passivo ambiental, no incremento da sustentabilidade e ciclo de vida urbano, e na relação entre mutuários e a sustentabilidade. “Nenhum projeto terá sucesso se não for realizado um trabalho social muito forte”, disse Trani sobre a necessidade de conscientizar os moradores dos conjuntos.
Outro ponto debatido foi o controle do consumo por meio da cobrança. “A água economizada e a cobrança de forma eficiente resultam na ampliação da rede de abastecimento”, disse o secretário adjunto de Saneamento e Energia de São Paulo, Ricardo Toledo Silva. Nessa linha, o arquiteto da CDHU, Altamir Tedeschi, apresentou o programa de individualização de hidrômetros nos conjuntos da companhia. “Desde 2007, não entregamos nenhum conjunto sem leitura individualizada. Quando você aplica à pessoa a responsabilidade pelo pagamento do consumo de seu apartamento, ele passa a usar o produto água de outra forma”, disse Tedeschi. Segundo ele, estudos da CDHU apontam que, ao dividir as contas nos condomínios, o consumo chegou a cair de 15 % a 30%.
O sucesso da individualização dos hidrômetros é tanto que o próximo passo é instalar o equipamento de medição em 46 mil unidades já entregues pela CDHU. “Serão 29 mil na Grande São Paulo e 17 mil no interior. As licitações do interior já foram finalizadas e devemos completar as instalações ainda esse ano”, comentou o técnico.
Os debates em torno das habitações de interesse social continuarão na próxima quinta-feira, 19, com o Seminário: Projeto de Habitação de Interesse Social Sustentável. Realizado pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo e CDHU, Instituto Brasileiro de Arquitetos (IAB) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, o evento acontecerá na Universidade Presbiteriana Mackenzie (Auditório-prédio10), Rua da Consolação, nº 930, às 8 horas. As inscrições poderão ser feitas pelo e-mail iabsp@iabsp.org.br ou pelo telefone (11) 3259-6597.
O 2º Seminário Uso Racional da Água e Habitação de Interesse Social teve a participação de uma platéia formada por profissionais que trabalham com habitação de interesse social, construtoras, gerenciadoras, gestores públicos, cadeia produtiva, universidades e concessionárias, entre outros.
Da Secretaria da Habitação
