CD Canções do Brasil marca os 15 anos do Coro da Osesp

Coro participou de concertos com regentes e orquestras renomados

qui, 12/11/2009 - 12h30 | Do Portal do Governo

As vozes ecoam melodicamente no corredor. São 57, entre sopranos, contraltos, baixos e barítonos. Algumas soam juntas há 15 anos. A maioria foi se incorporando no decorrer do tempo, numa integração orientada pelos ouvidos apurados da maestrina Naomi Munakata, 14 anos à frente do grupo. Aberta a porta que separa a sala de ensaio do Coro da Osesp do corredor, as vozes ganham rostos de homens e mulheres de idades variadas.

Sem as roupas de gala com que se costumam apresentar, os cantores preservam a elegância sonora que encanta plateias, na maioria das vezes na Sala São Paulo. Desde setembro, ela pode ser conferida também no primeiro CD do coro: Canções do Brasil. Como o próprio nome anuncia, trata-se de uma coletânea de músicas brasileiras, selecionadas por Naomi com base na proposta de apresentar os principais compositores, uma amostragem do extenso repertório do coro, contraste de ritmos e diversidade de períodos musicais. 

“A ideia de canções brasileiras, além de uma escolha nossa, foi também um desejo do Uli Schneider. Ele achou importante levar para a Europa e, como tem muita experiência em gravar, nos ajudou muito”, conta a maestrina. Ela cita o diretor artístico da Fundação Osesp, que atuou como engenheiro de som do CD e principal incentivador para a sua realização. “O Uli faz as gravações da orquestra, das quais a gente participa, e ficou impressionado com a sonoridade do grupo. Quando assumiu o cargo atual, se interessou em realizar o CD”, complementa o baixo Nibaldo Araneda, integrante do coro desde a sua fundação, em 1994. 

A oportunidade da primeira gravação, 15 anos depois, foi agarrada sem hesitação, num momento considerado por todos como mais do que especial na trajetória do coro. “Estamos num período intenso, cheio de programação, e a gente não parou as outras coisas para gravar. Elas continuaram acontecendo. O incrível é que se começou a falar no CD no final de maio, gravamos em junho, e em setembro estava tudo pronto”, continua Araneda. 

Recorde 

O ápice do trabalho foram as efetivas gravações das 20 faixas de Canções do Brasil, que ocorreram em quatro dias, nos quais o coro cantava, de pé, por pelo menos oito horas ininterruptas. A diferença para os ensaios diários, segundo contam, é a intensidade. “Nos ensaios, quando a gente percebe que já sabe, pode recuar um pouquinho e só marcar. Na gravação, não. Você tem de dar tudo o tempo todo”, diz o cantor. “E você dá tudo e, de repente, passa um avião, e tem de fazer tudo de novo”, emenda a soprano Viviana Casagrandi. “Foi uma loucura, a gente trabalhava dez horas por dia sem parar. Mas ninguém questionou, porque a vontade era enorme”, atesta Naomi Munakata. 

O resultado compensou: o álbum, que apresenta as formações sinfônica e de câmara, tem início com Ofulu lorerê, escrita por Osvaldo Lacerda em 1958, usando melodia coletada em 1937, na Bahia, por Camargo Guarnieri. É seguida por Bom dia, de Gilberto Gil e Nana Caymmi, e por duas composições de Aylton Escobar, Sabiá, coração de uma viola e Flora: cinco canções de amor. 

Ronaldo Miranda é o autor das quatro faixas seguintes, que apresentam sua Suíte Nordestina: Morena bonita, Dendê trapiá, Bumba chora e Eu vou, eu vou. Depois, é a vez de Carlos Alberto Pinto Fonseca e seu Jubiabá, e Congada, de Francisco Mignone. Camargo Guarnieri (Vamos aloanda), Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (Asa branca), novamente Francisco Mignone (Cateretê) dão seguimento ao CD, assim como a demonstração de composições de Marlos Nobre, do Cancioneiro de Lampião: Muié rendera, É Lamp, é Lamp, é Lampa e Cantigas de Lampião. 

Villa-Lobos fecha a trajetória pelos sons brasileiros com quatro composições: Choros no 3 (Pica-Pau), Estrela é lua nova, Duas lendas ameríndias em Nheengatu: O iurupari e o menino e O iurupari e o caçador. Corujice à parte, os artistas falam com orgulho sobre o resultado das gravações e o sucesso do CD. A tiragem de mil cópias lançada pela gravadora Biscoito Fino rapidamente se esgotou, e outra de mil foi providenciada. “Aqui na loja da Osesp, o CD bateu recorde de venda”, avisa a contralto Maria Angélica Leutwiler. 

Da Agência Imprensa Oficial