Campinas: Mostra reúne artistas nipo-brasileiros

Abertura acontece nesta segunda às 19h no Espaço Cultural Casa do Lago

seg, 01/09/2008 - 16h29 | Do Portal do Governo

A exposição de arte “Heranças do Japão” estréia nesta segunda-feira, 1, no Espaço Cultural Casa do Lago. O evento, que acontece até o dia 11, faz parte da programação comemorativa do “Encontro Artístico Cultural Brasil-Japão”.

Os artistas selecionados estão em diferentes momentos da carreira profissional: a maioria é jovem, alguns recém-formados (Mai Fujimoto e Juliana Kase), outros começando a ganhar mostras individuais e residências artísticas fora do país (Shima e César Fujimoto). Alguns, como James Kudo e André Komatsu, são artistas já consagrados, que participam de exposições também fora do Brasil e têm obras em acervo de museus como o MAC-USP.

Todos procuram apresentar diversidade de escolhas artísticas, pautada principalmente pela variedade de suportes: vídeo, fotografia, instalação, site etc. A produção contemporânea tem como característica a pesquisa e o uso de suportes alternativos, como é o caso da obra de Yasushi Taniguchi, que pinta delicadas figuras femininas em materiais cortantes e enferrujados, como serras e facões.

Há outros exemplos: Paulo grafita paredes, Kako faz intervenção urbana com adesivos, Mai Fujimoto realiza ação artística que consiste em depositar pedras brancas ao redor de pequenos organismos mortos de um jardim.

Os artistas lidam com a questão da referência à cultura de seus antepassados. Mas o que isso significa na produção artística? Existe algo em comum que possa caracterizá-los como artistas nipo-descendentes? De maneira geral, a primeira leva de imigrantes japoneses, conquistada pela propaganda governamental, almejava retornar ao Japão após “fazer fortuna” no Brasil. Por isso, criava seus filhos na língua e nos costumes de sua região, sem preocupar-se com a integração local ou mesmo com a aprendizagem da língua portuguesa.

Cada família transmitiu sua cultura de origem, permeada de regionalismos e escolhas particulares. Este saber não foi uma transmissão uniforme como seria dado pela educação tradicional. Contudo, as gerações posteriores, cada vez mais distantes dos ideais da primeira, estabeleceram outras relações com a cultura dos antepassados para firmar sua própria identidade. Assim, cada artista cria um diálogo diferente com a tradição, já que seu referencial não é único, transformado por sua vivência e sua relação com a imigração.

Interessa-nos falar de referências familiares, singulares, relacionadas a uma trajetória individual construída no Brasil. Daí o título “Heranças” no plural, por remeter a histórias pessoais contidas (e escondidas) em termos abrangentes como “cultura japonesa” e “tradição oriental”, tão celebradas neste ano. É preciso lembrar que a cultura trazida do Japão ao Brasil, além de ter características particulares a cada família, faz também referência à época em que estes imigrantes deixaram seu país.

Alguns no começo do século passado, fugindo da pobreza, outros de imigração mais recente, como o artista Yasushi Taniguchi, no Brasil há apenas quatro anos. Taniguchi é parte de uma nova geração de imigrantes, atraídos por questões outras que não econômicas.

A presença de Taniguchi, um japonês recém-imigrado, e de Kako, um gaijin (não-japonês) cujo trabalho faz referências a certos aspectos da cultura japonesa, é relevante na medida em que nos apresentam pontos de vista diferentes: daquele que encontra uma outra visão sobre a cultura de seu país natal, e de quem se sente influenciado por uma cultura que não é dada por laços familiares, mas por outros meios, incluindo os de comunicação.

Serviço

Mostra coletiva “Heranças do Japão”

André Komatsu, Cesar Fujimoto, Ciça Ohno, James Kudo, Juliana Kase, Kako,

Kenji Ota, Mai Fujimoto, Paul8, Selene Miha Nakatani, Shima e Yasushi Taniguchi

O quê: objeto l fotografia l instalação l desenho  

Abertura: 1 de setembro, 19 horas

Performance do artista plástico Shima, às 19h30

Curadoria: Beatriz Rinaldi, Hebert Gouvêa, Luciana Miyuki Takara

Orientação: professora Dra. Maria de Fátima Morethy Couto

Da Unicamp