Calouros da Esalq se matriculam acompanhados pelos pais

Medida é válida para a família conhecer a universidade e inibir a ocorrência de trotes por parte dos veteranos

qui, 26/02/2009 - 10h36 | Do Portal do Governo

Fazer a matrícula sem ficar com o rosto pintado, cabelo cortado ou passar por outras práticas mais agressivas e humilhantes de trote nem sempre foi possível aos novos alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em Piracicaba. Neste ano, os 330 ingressantes foram recepcionados em ambiente tranquilo e sem qualquer ocorrência indesejável, informa o presidente da comissão de graduação da Esalq, Quirino Augusto de Camargo Carmello. Outros 60 vestibulandos aguardam segunda chamada.

A chegada sem transtornos à universidade deveu-se à presença dos pais na matrícula de seus filhos, solicitação da própria Escola de Agricultura. Esse tipo de atendimento (pais acompanhando filhos) tem aumentado ao longo dos anos e chegou, agora, a mais de 90%. Na recepção, há integração entre funcionários, professores, alunos e familiares. Carmello diz que a presença dos pais é importante porque ficam informados sobre o curso do filho, os serviços oferecidos (moradia, alimentação e atividades acadêmicas, esportivas e culturais) e também conhecem o câmpus, um dos mais ricos, bem-equipados e bonitos da USP (com lagos, muitas árvores e pássaros).

A família também é orientada a procurar alternativas de moradia para os filhos, já que nas repúblicas os estudantes ficam mais vulneráveis ao trote. Dentro do câmpus da Esalq, incluindo a moradia estudantil, o trote é proibido e “está controlado”, garante o coordenador. “Mas pôr fim ao trote é difícil”, lamenta.

Trote na Esalq – Fora dos muros da Esalq não há como a universidade controlar o que acontece, complementa o professor Carmello. Desde a trágica morte por afogamento do estudante Edison Tsung Chi Hsueh, em 1999, na piscina do câmpus da Faculdade de Medicina da USP, o trote está proibido nas três universidades públicas paulistas. Além da lei sancionada pelo então governador Geraldo Alckmin, há portaria do reitor da universidade proibindo a prática em todos os campus do Estado de São Paulo.

Quando há denúncia, a Esalq abre sindicância para apurar o ocorrido, diz Carmello. Ao final do processo, os agressores podem ser advertidos, suspensos ou até expulsos. Há um disque-denúncia (telefone 0800-0121090) para receber as reclamações e informações, sem a exigência de identificação, como forma de coibir a violência dos trotes. Criada em 1900, a Esalq tem tradição também no trote, e arsenal tão vasto de crueldades, práticas agressivas e humilhantes que dois de seus professores (Antônio de Almeida Júnior e Oriowaldo Queda) escreveram o livro Trote na Esalq, para relatar as barbáries.

Kit calouro

Os novos alunos da Esalq recebem kit com o manual do calouro, guia de cultura da USP, manual do ingressante da Esalq, currículo do curso, cartão disque trote da Pró-Reitoria de Graduação e Coordenadoria de Comunicação Social da USP, questionário da Associação Atlética Acadêmica (práticas esportivas) e questionário da Assessoria de Comunicação da Esalq (identificação do perfil dos recém-matriculados). Neste ano em que se comemoram os 75 anos da USP, os calouros ganharam uma camiseta branca com o logotipo alusivo à data.

Claudeci Martins – Da Agência Imprensa Oficial