Butantan, uma fábrica a todo vapor

Instituto é responsável por 82% da produção nacional de vacinas e 67% dos soros hiper-imunes

qua, 18/04/2007 - 15h55 | Do Portal do Governo

Já responsável por 82% da produção nacional de vacinas e 67% dos soros hiper-imunes, São Paulo, via Instituto Butantan, prepara-se para produzir dez novas vacinas e cinco novos imunobiológicos e hemoderivados até 2010, todos para utilização na área de saúde pública.  

Entre 2003 e 2006 a produção do Butantan foi de 600 milhões de doses de vacinas, ultrapassando em volume as 500 milhões de doses que foram importadas para envase no país. No mesmo período o Instituto implantou, na sua sede em São Paulo, seis novas plantas de produção, criando tecnologia e empregos. A mudança de perfil é resultado de investimento do governo paulista. Em três anos São Paulo ampliou em 54% os repasses à instituição, sempre de olho no mercado de vacinas e soros, passando de R$ 24,3 milhões em 2003 para R$ 37,4 milhões no ano passado.  

Entre os imunobiológicos, já está em fase de registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a produção em larga escala do surfactante pulmonar, produzido pelo Butantan em parceria com e o Instituto Sadia de Sustentabilidade. A substância é usada em crianças recém-nascidas que apresentam Síndrome do Desconforto Pulmonar. A capacidade será de 200 mil doses por ano.  

A produção do surfactante pulmonar acontece a partir de uma tecnologia de extração do surfactante, desenvolvida pelo Butantan. Em vez de enviar os pulmões de suínos ao Instituto, como vinha fazendo até agora, a Sadia fará a separação da substância. O processo de produção do biofarma está dividido em três etapas: extração do surfactante, purificação e liofilização. “Cerca de 40 mil recém-nascidos morrem no Brasil todos os anos por conta da síndrome. Maternidades públicas e demais hospitais que trabalham com o SUS serão beneficiados”, adiantou Isaias Raw.  

Outro importante avanço será a produção pelo Butantan, a partir de 2009, da nova vacina DTP (difteria-tétano-coqueluche), que será mais segura e com menor número de reações indesejáveis que a vacina tradicional utilizada atualmente no Brasil.  

A vacina contra a dengue, com início de produção previsto para o começo de 2010, será outro importante passo do Butantan, que firmou acordo com Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O órgão norte-americano conseguiu retirar da seqüência de RNA dos quatro tipos de vírus de dengue 30 nucleotídeos para atenuá-los. Testes em macacos e voluntários já foram realizados. A idéia do Butantan é, em vez de comprar o produto pronto, importar o material genético para produzir uma versão nacional.  

Também deverão ser totalmente produzidas pelo Butantan as vacinas BCG-Hepatite B, rotavírus pentavalente, DTP-HepatiteB-HemophilusB, Amarelão, Raiva-Leishmaniose canina e Hepatite B especial (para profissionais de risco maiores de 50 anos e pacientes em diálise, por exemplo).  

Sobre o Instituto Butantan 

Centro de pesquisa biomédica vinculado à Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, o Instituto Butantan está localizado no Bairro do Butantã, ao lado da Cidade Universitária, em uma extensa área verde é uma das principais referências turísticas da cidade.  

É um centro de renome internacional em pesquisa científica de animais peçonhentos, possui uma das maiores coleções de serpentes do mundo, composta por 54 mil exemplares e é o maior produtor nacional de soros e vacinas.  

O Instituto Butantan congrega diversas equipes multidisciplinares em laboratórios de pesquisa, no Hospital Vital Brazil, em Unidades de Produção de Vacinas e Biofarmácos, e nos Museus e Biblioteca.

Manoel Schlindwein