Butantan recebe nova cepa do vírus H5N1

Estratégia é criar um estoque que sirva como linha de frente caso se confirme a expectativa de uma pandemia de gripe aviária

seg, 26/02/2007 - 15h00 | Do Portal do Governo

O Instituto Butantan, da Secretaria de Estado da Saúde, apresentou nesta segunda-feira, 26, nova cepa do vírus H5N1, desenvolvido pelo CDC (Center of Deseases Control), em Atlanta, nos Estados Unidos. A cepa é a matéria-prima para possível vacina contra gripe aviária.

A nova base utiliza um vírus originário da Indonésia, o que o torna diferente da matéria-prima fornecida pelo britânico National Instittute for Biological Standards and Technology ao Instituto Butantan em janeiro de 2006, originária de um vírus encontrado no Vietnã.

O objetivo da Secretaria, que com o Butantan se caracteriza como um dos cinco centros produtores de vacina do mundo, é desenvolver uma vacina segura, eficaz e de baixo custo, que permita proteger o Brasil no caso de uma eventual pandemia.

“A capacidade instalada de produção é da ordem de 40 milhões de doses de vacina por ano, quando a fábrica maior estiver pronta. Até lá, na planta-piloto que está em teste, deveremos produzir entre 20 mil e 100 mil doses, de acordo com o dimensionamento feito pelo Ministério da Saúde”, afirma Isaías Raw, presidente da Fundação Butantan.

Atualmente a planta-piloto funciona experimentalmente com a cepa do vírus da gripe humana, onde são testados diversos adjuvantes, responsáveis por aumentar a eficácia vacina, diminuindo a necessidade de doses, o que barateia os custos sem comprometer a qualidade do produto.

Um dos trunfos do Butantan na luta contra a gripe aviária é um adjuvante chamado Monofosforilipídeo A (MPLA), derivado do desenvolvimento da vacina de coqueluche, sobre o qual as pesquisas apontam uma eficiência quatro vezes maior do que os adjuvantes habitualmente utilizados.

A planta-piloto, onde a vacina será manipulada, é um laboratório de nível de segurança 5, inspecionada e aprovada por todos os órgão competentes, o que garante risco biológico zero para a população. Além disso, a substância recebida pelo Butantan já foi desarmada geneticamente para não causar gripe aviária, o que torna o risco de uma epidemia a partir desta raiz nula.

Caso se confirme a pandemia aviária, o Butantan está terminando as obras de uma fábrica de cerca de 6 mil m², resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde. O investimento estimado na fábrica de vacina contra a gripe é da ordem de R$ 70 milhões, entre reforma das instalações e equipamentos de última geração.

Além de toda essa tecnologia, o instituto precisará de um estoque de ovos, na proporção de um ovo para cada dose de vacina, que já está garantido pela indústria nacional. “O Brasil deverá ser o primeiro país a fabricar a vacina no Hemisfério Sul. A estratégia é criar um estoque que sirva como linha de frente caso se confirme a expectativa de uma pandemia”, alerta Raw.

Da Secretaria da Saúde