Costumamos associar a palavra brinquedoteca a um espaço recheado de brinquedos e crianças. Mas o Hospital Universitário (HU) da USP tem desde o início do mês uma novidade: uma brinquedoteca para adultos. A idéia é criar um ambiente de troca de experiências, onde o paciente possa tirar o foco da doença e centrar-se em outra atividade. O local de recreação teve origem em uma pesquisa realizada na unidade.
“O espaço trará benefício para as pessoas. Se conseguirmos, minimamente, desfocar da doença e distrair, então já valeu a pena”, fala Antônio Fernandes Costa Lima, diretor da divisão de Enfermagem Clínica do HU, que é a responsável pela Brinquedoteca para Adultos do hospital.
Na Brinquedoteca há estantes de livros, gibis, jogos, material para artesanato e televisão. Se o paciente tem alguma impossibilidade de se locomover até o espaço da brinquedoteca, os voluntários levam os objetos até ele. “A pessoa não pode se levantar da cama, mas ela é muito mais que do que uma perna, do que um braço. Assim, ao valorizar isso, eu poso dar outra perspectiva para ela, promovendo uma ação terapêutica”, diz Lima.
É nesse espaço de convivência que o paciente pode trocar experiências e perceber que ele não está sozinho. Existem outras pessoas na mesma situação que podem apoiar ou pacientes em casos clínicos mais complexos que podem servir como exemplo de superação.
O projeto
A idéia para a criação da brinquedoteca surgiu no trabalho de conclusão do Curso de Introdução à Pesquisa Científica, que é promovido pelo Serviço de Apoio Educacional do Departamento de Enfermagem do HU para os profissionais de ensino médio do hospital.
Esse estudo foi realizado por Daniela Ribeiro Linhares, responsável pela brinquedoteca infantil, Isabel Santos e Zilda Oliveira, auxiliares de Enfermagem da Clínica Pediátrica, e, como orientador, o professor Antônio Fernandes Costa Lima.
O trabalho tinha como meta medir o interesse dos pacientes em relação à necessidade das atividades lúdicas enquanto estão no hospital. Muitas dessas atividades já eram desenvolvidas, só que não faziam parte de um projeto maior.
Eram atividades de artesanato e de ajuda nas decorações do HU. Uma delas foi desenvolvida em 2005, quando foi montada uma árvore de natal de 2 metros de altura com a ajuda dos pacientes. Estes também costumavam pedir livros emprestados ou mostrarem interesse em ajudar em algo.
Esses acontecimentos tiveram papel importante num dos resultados do estudo. Este apontou que o 81,25% dos pacientes se sentiam bem quando responderam a questão sobre o sentimento por estar internado. Mas 96,8% dos pacientes pesquisados disseram que era importante a criação de um espaço com atividades recreativas.
Por meio dos resultados obtidos o projeto de elaboração da brinquedoteca foi enviado para a superintendência do HU, que deu o aval para a criação. Todo o processo, até a implantação, durou cerca de um ano.
Voluntariado
Daniela Linhares diz que os voluntários desempenham papel fundamental na viabilização do projeto. “Na próxima semana começam as oficinas de artesanato e toda segunda, quinta e sexta-feiras os voluntários realizam atividades na brinquedoteca”, afirma.
Esses voluntários foram selecionados pelo Serviço Social do hospital e receberam treinamento para interagir com os pacientes. Foi muito importante, afirma Lima, que esses voluntários tivessem um compromisso com o hospital e que se comprometessem com o cumprimento de datas e serviços estipulados.
Daniela acredita que a Brinquedoteca para Adultos do HU seja a primeira do estado. Mas Daniela e Lima lembram que todos os hospitais, de alguma forma, realizam atividades lúdicas para adultos, tal qual ocorria no HU anteriormente. Essas unidades hospitalares só não possuem uma centralização do projeto recreativo.
Doações
A brinquedoteca do HU aceita a doação de material para a sua brinquedoteca. Podem ser doados livros, gibis, jogos e materiais para artesanato, desde que estejam em bom estado. Os interessados podem entrar em contato com Lima no seguinte e-mail: tonifer@usp.br
Rafael Kato / USP Online
(J.H.)
